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Escrito por José Joaquim

Começamos fazendo uma pergunta ao torcedor pernambucano: Qual a escala do seu time no ano passado? Dificilmente irá responder.

Um dos maiores problemas do futebol brasileiro e em especial o de nosso estado, é o da rotatividade dos jogadores, que deu ao esporte uma cara de motel, por conta do entra e sai constante.

Quando assistimos os jogos dos nossos clubes, quantas vezes não conseguimos mentalizar o nome e mesmo reconhecer alguns atletas que estão no gramado. Sem duvida é uma constatação perigosa, uma vez que afeta um dos pontos mais importantes do esporte, que é o da empatia entre consumidores com os jogadores.

Quando acaba uma temporada, com raras exceções, acontece uma debandada de profissionais, contemplada com a chegada de outros, e no final os seguidores do futebol ficam em duvidas com a escalação dos times que irão atuar. A empatia morreu, desde que durante uma temporada, dois a três times são contratados. Tal fato acontece na maioria dos clubes do Norte e Nordeste.

Quantas vezes nos deparamos com um alienígena dentro do campo, e ficamos nos questionando sobre a sua origem, de onde veio, e como chegou ao clube? Quantas vezes iremos assistir às coletivas, com jogadores beijando escudos, levantando polegares, e logo após alguns desses estarão repetindo as cenas programadas em outras plagas?

Na verdade, a manutenção por um tempo maior de uma equipe é fundamental para o mercado de consumo do futebol. Os clubes hoje encontram dificuldades de mentalizar na cabeça dos seus torcedores, as equipes que estão disputando as competições.

Sem o saudosismo piegas, os consumidores do futebol em épocas anteriores tinham gravado nas suas mentes a escala de seus times, que atuavam uma, duas e até três temporadas juntos, e formavam uma identidade global entre os segmentos que faziam o esporte.

Qual o torcedor mais antigo do Sport Recife, que pode esquecer o time Campeão do Cinquentenário de 1955, ou o do Náutico com o time da década de 60, assim como o do Santa Cruz com referência ao ano de 1973?

O processo de formação ajudava na permanência dos jogadores nos clubes por um tempo maior, mas esse foi destruído e entregue aos empresários, que tem o seu ¨gado¨ apenas para negociações.

O nosso futebol assimilou a rotatividade dos motéis, e por conta disso começou a apequenar-se.

São fatos concretos e que merecem um bom debate. O problema que hoje temos poucas cabeças pensantes em nosso meio.

Comentários   

0 #1 RE: O FUTEBOL E OS MOTÉISCLOVIS ARRUDA 12-08-2019 12:50
JJ: Perfeito esse artigo e reflete o que acontece no futebol de Pernambuco. Sou torcedor do Santa Cruz e até hoje não consigo escala o seu time. A cada rodada uma cara diferente.
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