Nenhum dos vinte clubes que disputam o Brasileiro, sediados em oito estados, somou uma renda líquida maior do que as receitas recebidas pelas federações estaduais, por conta da taxa de 5% que é cobrada da renda bruta dos jogos.
Trata-se de uma inversão de valores. Os que colocam os jogadores em campo, que pagam suas folhas salariais, abastecem os cofres de quem não faz nada. As entidades locais que auxiliam a CBF nada gastam, cobram tudo em separado, os funcionários, delegados de jogo e hoje a novidade o responsável pelo ridículo protocolo, uma cópia tupiniquim do futebol europeu. A sua parte vem do movimento bruto.
As oito federações abocanharam em 22 rodadas nada mais, nada menos, do que R$ 18.832.165, sendo que a maior parte ficou com São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Lemos uma frase no jornal O Tempo de Minas Gerais, que retrata bem esse artigo, quando textualiza: ¨O futebol é um mar de grana, principalmente nas mãos e nos bolsos dos dirigentes das entidades que deveriam ser meras gerenciadoras das competições, mas agem como donas¨.
Os clubes que são os donos ficam com muito pouco do global. Somando-se o total liquido arrecadado por 13 clubes disputantes do Brasileiro nesses quatro meses, esse não chega próximo aos valores recebidos pelas federações às suas custas.
A situação é tão grave que Botafogo, Atlético-MG e América MG contemplam rendas líquidas negativas, ou seja, tiveram prejuízos em seus jogos. O Coritiba arrecadou em 11 jogos como mandante R$ 148.377,59, com uma média de R$ 13.488,87 por partida, que não paga as despesas de concentração.
Por conta disso se entregam aos direitos de transmissão, as antecipações de receitas, como as tábuas salvadoras, e aceitam as propostas de forma imediata, no sistema matar ou morrer.
Não tem nada melhor do que ser dirigente da Confederação e Federações. Deitam e rolam com bons salários, mordomias, e quando entram se recusam a sair. A mamata é muito boa.
Enquanto isso o futebol definha, o Brasileiro com uma média de público um pouco mais de 14 mil torcedores, bem menor do que aqueles das Segundas Divisões da Inglaterra e Alemanha, e os clubes vendendo os seus poucos craques para sobreviverem.
O maior exemplo de como é bom participar do sistema, vem de Edu Gaspar, coordenador da seleção do Circo, que em entrevista fez elogios a tudo e a todos da entidade, do porteiro ao presidente que não sai do Brasil com medo do FBI. Sentiu o bom gosto da mamata.
A imprensa Pokemon da parte de baixo do mapa deixa tudo isso passar despercebido, e está mais preocupada com as louvações a Neymar e Tite. São grotescos.
Nós merecemos o que temos.