O futebol brasileiro é tão alucinado quanto o país. Em 21 rodadas do seu campeonato maior, os clubes participantes trocaram de técnicos por 13 vezes, o que demonstra a insanidade dos dirigentes. Em apenas 36 horas aconteceram quatro degolas.
O futebol não foge da realidade universal, quando em qualquer segmento existem os mestres e os alunos. Nesse caso os treinadores são aqueles que irão contextualizar as táticas, a forma de jogar, como um professor nas salas de aula.
Na realidade existe no mundo uma supervalorização dessa profissão, como fosse a única responsável pelas vitórias e conquistas dos clubes.
Na verdade, um treinador para ser contratado tem que se encaixar no perfil desejado pelo clube. Há aqueles que desejam um trabalho de renovação, com o aproveitamento das bases, outros com mais veteranos e ainda outros com uma mistura de ambos.
Treinador sem bons jogadores no seu time não conquistam grandes títulos, poderão conseguir apenas uma boa campanha por conta de seu trabalho e competência. Treinador sem um respaldo do seu corpo dirigente também não irá longe, pois salários atrasados e a falta de cumprimento das promessas refletem no elenco.
O falecido cartola Juvenal Juvêncio, ex-presidente do São Paulo, retratou bem isso quando afirmou: "Se você prometeu uma Coca-Cola para um jogador, não pode dar guaraná".
São palavras que refletem bem a realidade existente nos vestiários brasileiros.
O clube poderá ter um excelente treinador, competente, estudioso, mas se ele não tiver o vestiário nas mãos, o trabalho não renderá.
Muitas vezes se contrata um profissional, e ao chegar encontra uma equipe formada e com uma empatia com aquele que foi demitido. Se não conseguir trazer para junto o grupo, certamente o seu trabalho cairá por terra e não produzirá bons frutos.
Um exemplo recente, o de Oswaldo Oliveira no Fluminense, quando os atletas não o abraçaram por conta da empatia que tinham com o anterior Fernando Diniz. Rogério Ceni foi derrubado por um vestiário que não o assimilou por conta de alguns veteranos que querem jogar com apenas o nome.
Muitas vezes um técnico é demitido de um clube por falta de resultados, e quando assume um outro faz sucesso, como está sendo o caso de Mano Menezes. Os vestiários são os donos do futebol e das agremiações.
A contratação de um treinador requer uma análise acurada, para que não possa acontecer percalços no caminho, e o seu sucesso não depende apenas do seu trabalho, e sim de um conjunto de fatores que agregam valores para consolidar uma boa formação de sua equipe.
No Brasil existe um protagonismo exagerado dos treinadores, e com atletas sendo coadjuvantes do processo, mas o ponto de equilíbrio é sem duvida a junção de todos os segmentos para que as vitórias sejam conquistadas.
Muitas vezes um grande técnico não consegue realizar um trabalho positivo com um clube, e quando substituído por um menos estelar as vitórias começam a aparecer.
Trata-se da síndrome dos vestiários que domina o futebol brasileiro.