Voltamos ao mesmo tema de algumas postagens com relação ao futebol brasileiro, na tentativa de acordar o torcedor da anestesia que lhe foi dada por uma mídia que trata do varejo e não cuida do atacado.
Começamos com uma pergunta: Em qual estado o futebol vai bem no Brasil?
Essa pergunta deveria ser respondida pelos clubes que sustentam esse modelo medieval há décadas e que hoje sentem na pele as dificuldades do segmento.
Lemos e ouvimos muitas palavras vazias sobre a situação desse esporte em nosso país, mas poucas vezes a raiz dos problemas foi mostrada, e está relacionada ao sistema dominante que somados dura mais de quatro séculos, ou seja, o total de anos que é dirigido pelos mesmos personagens e grupos.
Já postamos artigos sobre o sistema feudal do comando do futebol em nosso país, que é sem duvida determinante para a sua decadência, e o reflexo maior vem do Circo, cujo grupo politico o domina há 28 anos, e com exemplos poucos dignificantes.
Ricardo Teixeira renunciou por conta das denúncias de recebimento de propinas, Jose Maria Marin, o seu sucessor continua preso nos Estados Unidos, e Marco Polo Del Nero, o último ungido, sem coragem para sair de nosso território. Se borra quando assiste filmes em que os personagens aparecem com o casaco do FBI.
Como um esporte pode evoluir quando tem um comando como esse, que tem muito mais a ver com a policia, do que com o futebol? Um time que jamais irá proceder mudanças, desde que não tem credibilidade para tal.
As federações estaduais abrigam presidentes com mais de quarenta anos no poder, enquanto os seus estados definham no futebol. Qual a razão que os clubes sustentam esse sistema, mesmo sabendo que estão caminhando para os quintos do inferno? São raízes apodrecidas.
Não existe nada mais salutar do que o processo de renovação, quando novas ideias surgem, o debate torna-se diferente, mas tal fato é impossível de acontecer no futebol brasileiro, desde que a perenização acontece apenas para os cartolas, enquanto a maioria quase absoluta dos clubes hiberna por seis meses no ano.
O apego ao poder dessa gente é tão grande, e a certeza de que esse é bom e carrega consigo muitas benesses pessoais, que faz um dirigente permanecer no cargo há 42 anos, como Zeca Xaud, que dirige o futebol de Roraima. Basta analisarmos o esporte desse estado, que na verdade só existe no nome e no voto para o Circo.
O futebol brasileiro é como a política, de pai, para filho, e por conta disso ambos apodreceram no seu conteúdo, desde que proíbem a renovação, e permanecem atuando de forma casuística com interesses próprios e não os da sociedade.
O torcedor brasileiro em sua maioria é alienado. Vai ao aeroporto festejar a chegada de um jogador, mas não procura entender o que representa um cargo de presidente de uma federação, com as benesses que lhes são concedidas.
Um escritório bem montado, com secretária, telefonista, entre outras coisas. Telefone celular pago pela entidade, carro com motorista para todos os fins, com gasolina e manutenção também pagos pela viúva, almoços em restaurantes de alto nível e viagens com acompanhante (s).
Quanto isso custaria para um cidadão comum para manter esse padrão? Milhares de reais, que são gastos para nada, enquanto o futebol definha, e os cartolas se divertem, e mesmo que a vaca tussa não largam o poder.
Estamos chegando a conclusão que nem a Lava-Jato, nem o FBI irão acabar com esse sistema, e somente a sociedade poderia dar um não, mas está preocupada e com razão com a crise econômica e moral que tomou conta do país e deixa esse segmento de lado.
Estamos fazendo o nosso dever, debatendo com os nossos visitantes que não são poucos, mas não temos duvidas que o sistema atual é a raiz daninha do nosso futebol. O difícil é arranca-la.
Comentários
0#1O mal é mais profundo —
Beto Castro09-02-2017 12:27
Um artigo claro e cristalino no que diz respeito à eternização dos dirigentes federativos, também conhecidos como centuriões lagartixas por dizerem sempre amém aos corruptos do Rio de Janeiro. Entretanto, o furo é mais embaixo e residente no sistema de representatividade criado pelos golpistas sírios de 1986 com o sultão Nabisco I. O sistema de representatividade no futebol é unicameral onde representantes do povo (clubes de grandes torcidas) e dos Estados (centuriões lagartixas) se misturam num colégio eleitoral desmoralizado por rede de TV e 12 clubes de 4 cidades que fizeram uma conspiração para sustentar a corrupção galopante. Assim, os dois Estados mandachuvas Rio e São Paulo tem onze votos contra os mesmos onze de 9 Estados do Nordeste, o que em termos de representatividade do povo é ainda uma sub-representação, visto que os dois Estados mais ricos tem 10 milhões de habitantes acima. Quando se soma a região sul com 10 representantes, a convergência de dominação do bico do funil obtém 21 votos (45%), os quais cooptando apenas 3 votos das demais satrápias subservientes através da corrupção, conseguem eleger o imperador vitalício por décadas a fio. A soma dos votos dos 21 Estados inexistentes hoje seriam 24 o que empataria a fatura. Mas, um salário de R$ 25 mil mensais e uma ajuda de custo igual ao salário de um massagista de uma das doze tribos é o suficiente para cooptar todo o lagartixal. Que interesse dos clubes que nada. Taí, uma coisa que não existe nos cérebros dos centuriões que se elegem com os votos dos seus currais de esmoleres das ligas e clubes amadores. Solução: Um sistema bicameral com representantes do povo composto pelos 60 clubes (Deputados) e outro com 27 Federações (Senado). Se aumentássemos as representações das 3 divisões principais para 32, 48 e 64 clubes, teríamos uma câmara com 144 deputados. Estes representantes poderiam apresentar projetos de resolução importantes com um número x de assinaturas, os quais seriam votados nas duas casas. Tudo seria mais democrático e sem pixulecos. Limitadas as reeleições por no 8 anos (duas gestões) do chefe supremo. Pessoal formado por técnicos competentes e um congresso nacional democrático a cada dois anos com técnicos de notável saber completariam a fatura e com mais transparência. Por exemplo, bastava apontar a vergonha do baixo potencial do Brasil no concerto continental de apenas 17% para se mudar praticamente tudo. O futebol está inserido numa instituição republicana federativa que de república só tem os chifres. O que temos mesmo é uma instituição republicana cochicho-pixulecativa de serviçais imorais. E sem data para acabar com tanta impunidade e manipulação. Copas corruptas como a Dois Brasil e Libertadores de Pixulecos são o fim da picada, sem falar na vergonhosa Mancada da Bola, apesar de todas as denúncias.
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