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Escrito por José Joaquim

As frequentes notícias que são publicadas nas mídias brasileiras sobre invasões de torcidas organizadas nos Centros de Treinamentos dos clubes, das emboscadas preparadas contra os rivais, assim como as depredações dos seus patrimônios, são atitudes que são repetidas há muitos anos.

Em nosso arquivos encontramos um artigo do jornalista e escritor Ruy Castro, publicado no jornal Folha de São Paulo em março de 2013, ou seja seis anos atrás, que analisa os novos torcedores na época, em comparação com décadas anteriores.

O título caiu muito bem no texto.

EMBUÇADOS NAS BANDEIRAS

Ao fim de um jogo do futebol carioca, um torcedor do Flamengo reconheceu o então presidente do clube, o empresário Fadel Fadel, no estacionamento do Maracanã. Cansado dos maus resultados do time, abordou-o: "Seu Fadel, o senhor é um homem rico, tem seus negócios, seu carro, sua mulher. Eu só tenho o Flamengo. Queria lhe pedir um favor". Pressentindo a facada, Fadel já ia enfiando a mão no bolso quando o homem completou: "Por favor, seu Fadel. Cuide bem do Flamengo".

Isso foi em 1962, e o torcedor era um homem , grisalho, de meia-idade. Ao falar com o presidente do seu clube, sabia que lhe devia respeito. Fosse hoje essa abordagem, o torcedor seria muito mais jovem, provavelmente tatuado e de touca, e o cartola estava sujeito a insultos, ameaças, talvez alguns cachações. Nesse meio século o país pode ter mudado para melhor, mas as torcidas pioraram muito.

Nos últimos anos, torcedores com barras de ferro invadiram os domínios dos clubes, tanto no Rio e em SP, para agredir jogadores, treinadores e dirigentes, depredar instalações e amassar carros. Faixas assustadoras foram estendidas e os craques dos times, achacados e perseguidos na rua. É o terror.

Batalhas entre torcidas rivais, perto ou longe dos estádios, ficaram comuns, com casos de morte. E a chegada ou partida de um clube- perdedor ou vitorioso- para um jogo fora de sua cidade é promessa de vandalismo no aeroporto.

Os torcedores convenceram-se de que, em massa, podem tudo, mesmo em terra estrangeira.

Embuçados m suas bandeiras, acham natural apontar um sinalizador contra a torcida local e disparar, indiferentes às consequências.

A continuar assim, nenhum torcedor decente se animará a voltar a um estádio. Não admitirá ser confundido com aqueles que, embora ostentem as mesmas cores da camisa de sua paixão, são seus boçais dessemelhantes.

Sem duvida um artigo antológico publicado em 2013, e que mostra a omissão do poder público para conter esses marginais travestidos de torcedores, desde que a violência aumentou, e continuamos no processo do prende e solta, um autentico enxuga gelo.

O século XXI no Brasil tem sido trágico. A violência cresceu, as mortes por conta do futebol passaram a acontecer com mais força, e o grupo que tomou conta do país só tinha um objetivo, o de assalta-lo. 

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