O Brasil futebolístico está encantado com o trabalho do técnico Jorge Jesus à frente do Flamengo. As mídias esportivas o tratam como um salvador, que em seis meses alterou o panorama esportivo do país.
Óbvio que a sua presença sacudiu a poeira que estava encobrindo a realidade do futebol brasileiro que estagnou por conta do fim da ousadia da parte dos nossos treinadores.
Há mais de duas décadas pararam no tempo e no espaço quando deixarem de ousar na formação tática, dando a preferência ao pragmatismo, que hoje vem sendo adotado na grande maioria dos nossos clubes.
Jesus com uma varinha de condão mostrou que tudo poderia ser diferente. Antes já tínhamos o Jorge Sampaoli no Santos, outro estrangeiro.
O maior problema para tal estagnação está fixado numa norma fora de propósito, de que a defesa do emprego cria um mecanismo automático contrário a qualquer opção de mudança, e sobretudo, que possam correr os riscos com tal procedimento, além das criticas que certamente advirão.
Quem enfrenta desafios não tem medo de errar, pois faz parte do sistema, e nessa geração de técnicos ninguém pareceu disposto a correr qualquer risco. Fernando Diniz o fez e vive recebendo criticas dos jornalistas que entendem tanto de futebol, como nós da Física Quântica.
Jorge de Jesus deve ter lido algo sobre João Saldanha, Telê Santana, Claudio Coutinho e Cilinho já falecidos, e de Pep Guardiola que está na ativa, que sempre tiveram a coragem de se situarem à frente dos seus tempos, com procedimentos das mudanças no comportamento tático do futebol. Todos ousaram e se tornaram vitoriosos.
Telê Santana até hoje é uma referência no esporte brasileiro, João Saldanha, um revolucionário com as suas mudanças táticas, assim como Cláudio Coutinho, que para nós até hoje está em um patamar bem alto entre os técnicos de nosso futebol.
Cilinho conhecemos de perto. Era uma estrategista, que preparava as jogadas nos treinos, e durante os jogos essas se concretizavam. Os famosos "menudos" de 1987 no São Paulo até hoje são relembrados.
Pel Guardiola é o maior representante da ousadia atual. Baseado em Marcelo Bielsa, técnico argentino e seu mentor, mudou o formato do futebol quando dirigia o Barcelona, quando trocava de tática em pleno jogo, com alterações nas posições dos atletas, e incentivando a troca de passes.
No atual futebol brasileiro não existe ousadia. Quantas vezes assistimos a um time em campo com 11 jogadores contra 10, quando os torcedores ficam na espera de uma maior agressividade na formação tática, o treinador resolve se acautelar para garantir o resultado?
Por que um time sempre sofre um apagão quando está com a vantagem numérica de jogadores? A resposta é simples, os comandantes não sabem proceder com tal situação e se encolhem.
Fomos acostumados com um futebol ousado, que além da vitória se visava ao espetáculo, e quando uma equipe ficava com vantagem numérica, o treinador fazia a substituição certa para explorar as dificuldades dos adversários. Eram ousados e hoje são medrosos.
Atualmente temos mais volantes em campo do que atacantes, que é uma forma de proteção contra as derrotas, e sempre na espera de uma única bola.
Se discute muito os problemas do futebol brasileiro, mas os detalhes maiores são esquecidos, e um desses é o da morte da ousadia, que nos levam a jogos pobres e sem a menor emoção.
Os "Jorges" que estão no Brasil trouxeram de volta a ousadia, e com essa o retorno do bom futebol de antigamente, quando os clubes queriam as vitórias, mas sem relegarem a qualidade e a beleza do espetáculo.
São coisas do futebol.
Comentários
0#3Novidade apenas para os medíocres —
Bartolomeu07-12-2019 03:46
Para a turma que estava acostumada com a mediocridade do futebol brasileiro, o Flamengo está sendo o remédio para uma doença que parecia não ter cura, mas pra quem já viu a academia do Palmeiras-72/73, a máquina do Fluminense-76, o próprio Flamengo de 80/81, o São Paulo de Telê-91/92/93, o Palmeiras 92/93, o Corinthians 98/99. Isto posto, o Flamengo apresenta é algo natural. É isso
0#2RE: O FIM DA OUSADIA —
ANTONIO CORREIA06-12-2019 11:01
JJ: Ainda bem que o amigo retornou das férias em terras lusitanas. Sem esse blog ficamos no vazio. Com exceção de Claudemir Gomes, o que se escreve sobre o tema é alienação total. Esse artigo está correto e analisa de forma correta a nossa realidade.
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