Somos clientes das notícias. Uma parte de nosso tempo é dedicado a leitura de um bom livro, e a outra a de lermos, ouvirmos e assistirmos a todos os assuntos relacionados às atividades do mundo plano.
Aprendemos muitas lições, contudo nos últimos tempos estamos ficando com estresse, perdendo a paciência, em especial do modelo do jornalismo esportivo brasileiro, que perdeu a sua inteligência, o seu conteúdo e pulou o muro para o lado ufanista e de humor.
Assistir hoje a uma transmissão de um jogo, com raras exceções, é um festival de horror.
Narradores apaixonados por camisas, comentaristas desfocados, que falam e não dizem nada. Haja estresse para quem está assistindo.
Já cansamos de ouvir que um time famoso perdeu para um de menor porte, foi por falha do goleiro e por ter jogado mal. O adversário não tem mérito, mas deve ter jogado bem para conseguir um bom resultado. Questão de lógica.
Quando acontece uma decisão importante no futebol brasileiro, as matérias são direcionadas às mesmices de sempre. Não inovam. Entrevistas com mães e esposas dos jogadores, sobre as suas músicas prediletas e as cuecas que usam no dia a dia.
A televisão brasileira tem um conteúdo que deseduca, e torna o cidadão um imbecil de carteirinha. A informação poderia ser transmitida de forma mais lúcida, sem cair no grotesco, como na verdade vem acontecendo.
No final de semana assistimos um jogo de um clube de Pernambuco, e o comentarista fazia um discurso de quatro minutos para analisar um lance. A televisão necessita de algo mais rápido por conta do tempo, e não uma oratória de uma formatura de ensino médio.
Obvio que não queremos que os assuntos esportivos sejam tratados como literatura, mas que pelo menos tenham um sentido informativo, e não imbecilizem aos que estão recebendo as notícias.
Cansamos de ler que um jogador de futebol postou em seu twitter uma foto com a sua mulher de biquíni. Cansamos de ler que a artista global ou globinha está namorando um boleiro. O que isso tem com o esporte? Trata-se de um assunto pessoal.
Não aguentamos mais os Zé Regrinhas dando aulas de regras de futebol, sem serem solicitados. O que queremos saber é se o apito é amigo ou não.
O futebol se tornou um evento de humor, deixando de ser tratado como parte da indústria de lazer, onde a notícia é mais importante do que o jornalismo. Estamos no sentido inverso.
Hoje com poucas exceções, assistir às mesas redondas que proliferam no país, é sem duvida algo aterrador, desde que tratam pouco do atacado, e tornam o varejo ridículo e sem o menor conteúdo.
Ex-jogadores, ex-árbitros, ex-do-ex, e daí por diante, fazem no seu conjunto a nova cara do futebol brasileiro.
Na realidade o empobrecimento do futebol arrastou consigo o jornalismo esportivo, e embora tenhamos dezenas de escolas diplomando centenas com o canudo de jornalista, as televisões estão repletas de ex-jogadores convidados. Para que servem esses cursos?
Não somos saudosistas, acompanhamos a evolução, mas nos velhos tempos as informações não tinham a velocidade como as de hoje, mas eram bem melhores.
Trata-se de um outro segmento que tem que sofrer uma radical transformação, para ajudar a revolução nos esportes.
JJ: O seu artigo mostra a verdade sobre essas transmissões esportivas. Cada vez mais estão fora do foco. Em Pernambuco provocam realmente estresse. Peço ao amigo que faça uma análise dos torcedores.
0#2RE: CONSUMIDORES ESTRESSADOS —
ANTONIO CORREIA15-02-2017 15:49
JJ: Esse seu artigo veio ao encontro do que assisti no dia de ontem no Jogo PSG e Barcelona. O narrador do Esporte Interativo exagerava em suas emoções, enquanto Zico, um craque da bola, repetia a palavra cara a todo minuto Parabéns por mais um artigo de alto nível.
Ontem, por exemplo, assisti um programa sobre jogos de zap-zap com grande criatividade para acabar de vez com os torcedores autistas. Vários clubes regionais estão aderindo ao novo mundo virtual com as suas camisas com a finalidade de tirar dos estádios os últimos dos moicanos. Além de televisão de segunda à domingo, os gênios da imbecilidade, agora invadirão as grades de prisão domiciliar com bonecos avatares que não se contundem, não erram, não simulam cai-cai, não gritam de dores lancinantes que não doem, nem reclamarão de salários atrasados. Os estádios serão demolidos para a construção de espigões e Sednayas pelo Sérgio Naya, os árbitros se associarão às cooperativas de catadores de reciclagem, os milhares de escribas do nada para o acabou-se darão aulas de sinais para surdos e os cartolas da etnia genocida criarão haréns com dançarinas do ventre livre. Os pixulecos serão pagos com "bitcoins", via boleto de listinhas ou cartões de agiotas com juros de 450% ao ano. Em vez de bolas e apetrechos de indumentária, os sábios de olhos puxados confuncianos fabricarão bilhões de smart-consoles especialmente para smart-doidos. Em cada arena virtual os torcedores galácticos, azuis e vermelhos serão convidados a procurar pokémons entre os torcedores armados com as últimas versões de Kalinikov, Fal e HK-416a5. Será permitido o tiro ao perna de pau caso os avatares de arruaça não estejam satisfeitos com o desempenho de seus ídolos-mártires, além da permissão para vandalismos nos estádios e quebra-quebra nas cadeiras. Assim, os assassinatos somente ocorrerão após as concorridas sessões de estações de jogatina (Play Stations). Fique irritado não meu filho, nas novas regras da Copa dos Pixulecos, as partidas serão reduzidas a meio tempo para apressar os pixulecos de Zé das Placas. O clube que vencer será eliminado e punido com vários mandos de campo. Este é o mundo fantástico criado por Zé das Vacas e Nabi Assado com supervisão de Coleirinha e do Viajante fixo, inspirados no que Fura. Os aplausos ficarão por conta dos 27 centuriões lagartixas da Inanição. Os prisioneiros virtuais serão enforcados em várias Sednayas construídas nos campos de extermínio vizinhos aos conventos da antiga Babilônia. Quem não estiver satisfeito que saia e pegue seu bote coiote inflável com direção à Lesbos ou se interne na Torre de Londres de São José dos Pinhais, com ou sem aneurisma.
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