O que já escrevemos sobre os direitos de transmissão do Brasileirão daria para a formatação de um livro, muito embora a situação continue da mesma forma, com a leniência dos clubes que tem nesses recursos a sua tábua de salvação.
Na realidade o monopólio existente é grave, desde que tira a possibilidade de opções através de uma licitação, ou mesmo a divisão em blocos que poderia atender a todos os envolvidos.
Na última quarta-feira, o especialista em finanças e gestão esportiva, Amir Somoggi, publicou uma análise sobre o tema, que veio ao encontro de tudo que discutimos com os nossos visitantes, e com dados que iremos mostrar nessa postagem.
Quantas vezes já citamos o futebol inglês como um bom exemplo na relação dos direitos de transmissão, que deu um melhor equilíbrio na Premier League. Somoggi nos chamou a atenção para algo importante, de que na Inglaterra a cada novo contrato as diferenças entre os times ficam menores.
O futebol desse país mostrou que é possível criar um modelo que pudesse ser a cada ano, mais equilibrado, pelo menos no que tange aos direitos de transmissão.
Como bem foi ressaltado, as diferenças financeiras irão continuar, desde que os clubes maiores como acontece nos Estados Unidos, tem altos valores oriundos dos seus estádios, além de contratos comerciais individuais, entre outras coisas.
Segundo o analista, o atual contrato do Campeonato Inglês, dividiu 2,5 bilhões de euros entre os vinte clubes, ou seja R$ 10 bilhões por ano. Como bem sabemos, existe uma cota fixa para cada um, o que representou R$ 84,4 milhões de euros.
Temos como exemplo o campeão Chelsea, que recebeu 153,3 milhões de euros. Além do valor fixo garantido, recebeu outros 30,4 milhões de euros correspondentes ao número de jogos transmitidos, e mais 38,4 milhões de euros por conta do seu desempenho.
Por outro lado, o Suderland, último colocado recebeu R$ 99,9 milhões de euros. Desse total tivemos a parte do valor fixo, acrescida de 13 milhões de euros pelo número de jogos transmitidos, e 1,9 milhões de euros pelo seu desempenho na competição.
Quando cotejamos os dois números, verificamos que do primeiro colocado para o último, a diferença das cotas foi de apenas 1,5 vezes. Segundo Somoggi, essa diferença em contratos anteriores era de 2 vezes, e está sendo reduzida aos poucos.
No outro lado da moeda, o sistema adotado em nosso país é autofágico.
Mesmo com o incremento dos valores dos direitos de transmissão, que passou para R$ 2,5 bilhões para os 20 clubes, o Flamengo sem o pay-per-view e outros itens, contemplou uma cota fixa R$ 170 milhões, enquanto a Chapecoense que teve a menor parte, foi contemplada com R$ 30 milhões, ou seja 5,66 vezes a menos.
São números que mostram que o futebol brasileiro com esse sistema de distribuição de recursos não irá evoluir, e sim continuar com um abismo que reduz a capacidade de competitividade entre os clubes disputantes.
Para os cartolas essas análises pouco importam, desde que esses vivem em uma bolha, e fora desse nada acontece. Na verdade esses vivem no mundo da lua.
Como é que pode um país menor que o Amapá e o Ceará, cuja área territorial cabe no Brasil 65 vezes, população de 1/4 da nossa e PIB equivalente, pode ter recursos quatro vezes o Brasil somente na Série A? Mesmo, que a iniquidade tenha sido reduzida em relação às demais divisões que vão até a sexta, a Série A ficar com a maior parte do leão num verdadeiro absurdo. Na Inglaterra a Premier fica com apenas 50% do total dos contratos com a TV e a segunda divisão fica com 25% - Nossa correlação é 90/10% com os apaniguados açambarcando 50% - ficando o restante 25% com as outras diversas divisões inglesas. Por estes cálculos se a Premier fatura 10 bilhões de Euros, a série B fica com 5 bi de Euros e as demais com R$ 5 bi. A federação inglesa é presidida por um membro da família real (Atual é o Príncipe Williams de Cambridge), tendo ainda um CEO altamente profissional recrutado no mercado pelo seu currículum vitae, além de um Secretário Geral nomeado pelo mesmo sistema. Não é um cambada de corruptos incompetentes que se revezam no poder há 30 anos e os ingleses não são perseguidos pela polícia, entre conspiradores, ladrões presos, delatores e que não podem viajar - Uma diferença enorme. Ademais, não é uma confederação subserviente a outra confederação que impõe uma divisão continental de representação de apenas 17% do que vale. A Inglaterra é dividida em apenas 9 regiões, enquanto o Brasil tem 27 divisões (o triplo) já subdimensionada - Deveriam ser no mínimo 40 Estados. Portanto, deveríamos dá um exemplo para a divisão de recursos do futebol no mundo através da divisão pelo ranqueamento de nossas federações e clubes. Isto ainda contemplaria as quatro federações que incluem os 12 maiores clubes de forma artificial e casuística com 51.86% do total, mas atenuaria as disparidades regionais, federativas e entre clubes. Do fundo de desenvolvimento do futebol muito mais abrangente, as 23 Federações restantes ficariam com 48,14%, acabando com covil das propinas e dos pixulecos dos centuriões lagartixas tartamudos, colaboracionistas e mafiosos. A organização dos certames teria que ser totalmente reformulada com base no gigantismo deste subcontinente. Isto só poderá ser realizado quando a hyper quadrilha midiático-institucional-hegemônica e as subquadrilhas forem completamente desmanteladas e a associação para o crime organizado for desaparelhada. Mesmo na Inglaterra, o futebol é uma grande lavanderia comandada nos clubes por tycoons e gangsters internacionais, tipo Murdoch, Abramovich e outros que usam o futebol para cometerem as suas heresias de ganância financeira máxima. Um dia a casa, também, irá cair.
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