Uma obra barroca que até hoje se discute a sua autoria, inclusive considerando que esse seja um anônimo, mas os livros que se encontram nas bibliotecas do mundo apresentam como responsável o Padre Antônio Vieira.
O titulo é bem sugestivo ¨A Arte de Furtar¨, escrita no século XVII, que destaca a variedade de furtos e ladrões, com instruções inclusive para que pudessem ser identificados.
Nos capítulos, o autor fala dos desvios de recursos que existiam na colônia portuguesa, com participação de segmentos da sua sociedade.
O atual momento brasileiro atolado em corrupção que afeta todos os escalões, sugere uma leitura desse livro que está atualizado com relação a vida de nosso país.
Tiramos um pequeno trecho para que os nossos visitantes façam as devidas comparações de algo escrito nos meados do século XVII com o que acontece no século XXI em que vivemos.
¨CAPÍTULO II¨
Como a arte de furtar é muito nobre
(...) E para que não engasgue alguns escrupulosos nesta preposição, com a máxima de que não há ladrão que seja nobre, pois o tal ofício traz consigo de todos os foros da nobreza, declaro logo que entendo o meu dito, segundo o vejo exercitado tido e havido pelos melhores do mundo, que no cabo são ladrões, sem que o exercício da arte os deslustre, nem abata um ponto do timbre de sua grandeza (Vieira-p48-49)¨.
No livro o Padre Vieira usou a metodologia das unhas que eram usadas para roubar- políticas, disfarçadas, maldosas, sábias, ignorantes, entre outras coisas.
Na verdade a simbologia das unhas bate bem com a realidade nacional, e mostra que desde os anos mil e oitocentos essas são cravadas em diversos setores do então Brasil Colônia, continuando no Brasil Império e da República até os dias de hoje.
São as unhas que sonegam, que lavam dinheiro e se apropriam dos recursos públicos.
No esporte nacional a nobre arte de furtar também faz parte do seu contexto, onde existem também muitas unhas atuando e sorrateiramente enriquecendo às suas custas.
Fatos existem todos os dias, e muito recursos que deveriam ser aplicados no segmento, em sua boa parte são desviados pelas diversas unhas que se locupletam desses, apoiados pela impunidade existente desde o Brasil Colônia e que perdura até hoje.
O que falta no Brasil é um número maior de tesouras, para que essas sejam cortadas, e o país possa ter um futuro mais digno e decente, bem longe do que nos apresenta esse livro secular mas bem atualizado.