Com exceção do jornal Correio do Povo de Porto Alegre, que foi o único a analisar de forma correta a declaração infeliz do Prefeito de Belo Horizonte e ex-presidente do Atlético-MG, Alexandre Kalil, que numa entrevista ao site do jornal El Pais, afirmou ¨que chegou a hora do futebol, o esporte mais popular do Brasil de elitizar de uma vez¨.
Tais declarações alopradas passaram despercebidas das diversas mídias esportivas brasileiras que ficaram mais preocupadas com a possível ida de Neymar para o PSG, do que uma entrevista radical, em especial vinda da boca de um politico e desportista.
Para nós esse poderá ir para onde desejar, desde que é um problema dele e de seu papai, e não do futebol brasileiro, mas um fato como esse serve de alerta, e precisa ser debatido, desde que já vem sendo aplicado em alguns clubes, com ingressos vendidos de até R$ 300, que certamente não é para pobre.
Kalil ainda afirmou que os custos desse esporte cada vez estão mais altos, jogadores caros e endinheirados, e os ingressos baratos não condizem com essa realidade. ¨No mundo inteiro o futebol não é coisa de pobre, e não pode ter um valor de uma banana estragada¨, declarou.
Por outro lado temos lido e ouvido certas declarações banais de que a violência nos estádios será reduzida com valores mais altos nos preços cobrados nos ingressos, ou seja, as camadas mais populares, que sempre frequentaram os estádios ficarão de fora dos eventos.
O sociólogo Mauricio Murad, especialista em violência no futebol, que foi ouvido pelo jornal, afirmou que essa majoração sequer diminui a violência, e que não existe uma relação direta entre o preço e a presença das camadas mais populares com relação as brigas e mortes que estão acontecendo.
Na realidade esse processo de elitização está em curso no futebol de nosso país, e irá matar o que resta desse esporte, quando as famílias perderão o costume de irem aos estádios, e migrarão para outros segmentos.
O programa sócio-torcedor é indutor dessa elitização, quando o associado ao sistema tem redução nos preços dos ingressos, além de pagar uma mensalidade. Para que esse crescesse, os não sócios tem que pagar valores fora da realidade.
Na verdade os estádios estão ociosos, e os números atestam tal fato, e com espaços para todos os preços de ingressos, inclusive para o sócio-torcedor, que poderia aumentar a média do público que hoje é menor do que a da Segunda Divisão Inglesa.
Numa arena existe espaço para valores mais altos, como também para aqueles de menores, dentro de nossa realidade.
Como vivemos na Era da Imbecilidade o futebol não poderia ficar de fora, mas temos a certeza, de que a politica de ingressos caros pode aumentar a arrecadação dos clubes no curto prazo, mas podemos garantir com toda a convicção que no futuro próximo todos terão prejuízos e estarão lamentando.
Sem duvida trata-se de uma politica intolerante, preconceituosa de uma elite apodrecida.
Comentários
0#2RE: FUTEBOL NÃO É PARA POBRE —
RUBRO-NEGRO24-07-2017 16:45
JJ: AS ARENAS QUE FORAM CONSTRUÍDAS TINHAM ESSE OBJETIVO, O DE ELITIZAR O FUTEBOL, E ESTÃO CONSEGUINDO. PARABÉNS PELO ARTIGO QUE INFELIZMENTE É DEIXADO DE LADO POR NOSSAS MÍDIAS QUE NA VERDADE NA MAIORIA NÃO TEM CAPACIDADE DE UMA BOA ANÁLISE.
0#1RE: FUTEBOL NÃO É PARA POBRE —
ANTONIO CORREIA24-07-2017 11:14
JJ: Pesquisei sobre a taxa de ocupação dos estádios no Brasileiro, e verifiquei que é de 39%, ou seja 61% de ociosidade. Qual a razão desse fato? Ingressos caros? Futebol ruim? Se existem espaços ociosos qual a razão de não serem ocupados com ingressos mais baratos? Uma declaração como essa é uma imbecilidade.
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