No papel somos os melhores; nas diversas gestões e resultados, somos os piores. O futebol brasileiro é um cadáver insepulto, clamando por alguém para enterra-lo.
A overdose de futebol que chega às nossa casas, tanto do Brasil como de outros países, permite que seja feito uma radiografia comparativa e o resultado é negativo, quando em todos os itens estudados esse esporte está na pedra do IML. Os recursos abundaram, e foram torrados sem que pudessem interferir na sua melhora.
Há pouco assistimos o jogo do Palmeiras, o milionário nacional, contra o Barcelona de Guayaquil, e em 20 minutos foram alçadas vinte bolas dirigidas a área do adversário pelo alviverde. Não foram passes das jogadas laterais que fazem parte do contexto, e sim de faltas cobradas em linha direta, cortadas pelos zagueiros adversários, e muitas vezes pelo goleiro.
Um time cheio de ¨craques¨, conforme a apaixonada imprensa esportiva, que não consegue formatar um jogo digno do que foi esse esporte no país. O seu técnico de joelhos rezando na ocasião da cobrança dos pênaltis, deixou bem claro o ponto ao que chegamos.
Um festival de faltas extrapolam em números qualquer futebol do mundo, inclusive algumas de alto teor de violência, e os apitadores fecham os olhos e só pensam em apresentar o cartão quando fica impossível de não fazê-lo.
As reclamações feitas pelos atletas contra os árbitros extrapolam o bom senso. Reclamam de tudo e não são punidos. Os técnicos nos bancos de reservas não assistem as partidas, desde que perdem o tempo discutindo com o quarto árbitro.
No jogo que foi realizado na última sexta-feira entre América-MG e Náutico assistimos duas cenas que nos chocaram. A primeira com uma simulação do goleiro Jefferson do alvirrubro, que foi solicitada pelo preparador físico do clube, segundo a repórter que estava fazendo a cobertura junto ao banco de reservas. Por uma vitória a ética é colocada de lado.
A segunda foi quando o jogador Bruno Mota do time pernambucano após um choque de cabeça contra o zagueiro da equipe mineira, chegou a desmaiar, e obvio que poderia ter uma concussão cerebral, e apesar de que o médico do clube dizendo ao treinador que as normas deveriam ser obedecidas e que o atleta não deveria retornar ao gramado, isso não aconteceu.
O mais estranho que após o encerramento da partida, o profissional afirmou que iria leva-lo para o hospital a fim de fazer um exame completo. Se precisou de ser atendido, certamente não poderia ter continuado na partida. Uma questão obvia.
Será que uma vida vale menos do que um encontro de futebol?
As simulações de faltas beiram a insanidade, mas os árbitros nada fazem, e os minutos são consumidos.
O jornalismo esportivo, em especial o da televisão se encontra na UTI, desde que com raras exceções não é capaz de aprofundar-se nesse tema, que seria por demais importante.
Em outras épocas as tradicionais mesas redondas se transformavam em formadoras de opinião. Hoje com uma ou outra exceção, essas são de um humorismo grotesco.
O Circo que administra esse esporte no país não tem credibilidade, quando os dois últimos presidentes e o atual estão envolvidos em investigações sob suspeitas de corrupção e lavagem de dinheiro. Dessa mata não irá sair nenhum coelho.
As federações são medievais, sem renovação, cartolas incapazes de romper com o sistema por dependerem desse.
Finalmente os clubes, que vivem numa Ilha da Fantasia, a maior parte com gestões amadoras e uma outra esperta, com uma acomodação doentia, mesmo sabendo que todos estão seguindo para o inferno.
Essa é uma radiografia de um futebol que já foi o melhor do mundo, e que hoje está vivendo no esgoto sanitário.
Quando o nosso futebol era de qualidade até 1985 com Coritiba e Bangu disputando as finais, o brasileirão da Série A tinha 44 clubes divididos em 4 grupos de 11 e a escolha era feita através da interdependência das competições, o que valorizava os certames regionais. As oitavas, quartas, semifinais e finais enchiam os estádios e eram transmitidas para todo o país. Chegávamos a ter 200 mil torcedores nos grandes estádios numa única partida. Não havia rebaixamentos e degolas, porquanto os certames seriados agrupavam os melhores clubes dos respectivos regionais. Com a entrada dos turcos no circuito da corrupção, tudo foi aparelhado para servir às quadrilhas organizadas. A maioria dos clubes e federações do Brasil foram destruídos para a glória e o crescimento dos clubes sovaqueiras das Repúblicas Bananeiras do Chaco e do Planalto da Coca. Que estranha saudade dos torcedores que defendem o aparelhamento dos pontos corridos, a exclusão dos clubes regionais, o estropiamento dos atletas massacrados, a ditadura dos doze, os enfadonhões se arrastando como cobras pelo chão sem fim e até a eliminação dos clubes de sete Estados da própria região da Copa do Nordeste. A ideologia dominante é uma verdadeira desgraça do pensamento reflexo repetido pelos papagaios curupacos. Sou contra tudo, mas defendo com unhas e dentes tudo que está aí e mais exclusão desde que não seja do meu clube.
0#3RE: UM CÁDAVER INSEPULTO —
ANTONIO CORREIA13-08-2017 11:58
JJ: Não vou comentar e sim pedir para assinar esse espetacular artigo. Estou divulgando entre os amigos, e todos os que visitam esse blog deveriam fazê-lo. Antológico.
0#2RE: UM CÁDAVER INSEPULTO —
RUBRO-NEGRO13-08-2017 11:47
JJ: O amigo com os seus artigos como bem disse o comentário anterior, mata de saudades. A mediocridade tomou conta de nosso futebol, inclusive nas mídias Um abraço.
0#1RE: UM CÁDAVER INSEPULTO —
Guest13-08-2017 10:25
[fv]A que saudade do programa "Cartão verde", da antiga revista placar, de um bom jornalismo. Saudade do bom futebol, é tortura assistir a um jogo de qualquer série do Brasil, desde de que parecemos a antiga Inglaterra, jogadas apenas de chuveirinho, chutão e caneladas. Saudade de jogadores dubladores, hoje só tem mediano, salvo raras exceções. Saudade, saudade, saudade[FV]
Comentários
Assine o RSS dos comentários