O Brasil foi o último país do mundo a acabar com a escravidão. Mas apesar disso essa continua vigente e bem viva em alguns segmentos, em especial do futebol.

Existe um grande debate a respeito dos culpados pela continuidade das senzalas no esporte da chuteira no país, cujos grilhões de um capitalismo tupiniquim prendem os seus clubes, sem que apareça uma Princesa Isabel para publicar um edito encerrando essa praga que tonou conta de um longo período da vida nacional.

Quem são os culpados, ou aquele culpado pela escravidão no futebol brasileiro?

A Globo com seus recursos, aproveitando-se de uma miséria criada por ela própria?

A entidade que comanda o nosso futebol, que não tem a devida credibilidade e sobretudo a seriedade para atuar como Redentora, muito menos as suas federações filiadas, que fazem parte do mesmo contexto?

Os clubes que se sujeitam ao açoite, aos grilhões e suas correntes, e que são incapazes de criarem os seus quilombos?

Os torcedores alienados que vibram com um gol, e esquecem dos problemas de suas agremiações, ou os patrocinadores que continuam colocando as suas marcas em um sistema apodrecido?

A imprensa humorística que tomou conta do jornalismo esportivo, e com raras exceções, pouco faz para mudar o modelo, pelo contrário ajuda a sua manutenção por uma questão de sobrevivência?

Na verdade está faltando um Ganga Zumba para liderar uma rebelião que possa para dar um basta ao sistema escravocrata que domina o esporte da chuteira no país. 

Todos são culpados, mas a parcela maior cabe a RGT, que usa e abusa dos seus recursos para a manutenção dos clubes nas senzalas. Um dinheirinho aqui, um dinheirinho acolá, e todos marcham de cabeça baixa, para os pelourinhos.

Por conta desse poder financeiro a emissora casa e batiza, coloca os horários pornográficos, distribui as cotas dos direitos de transmissão ao seu bel prazer, escolhendo dois senhores ungidos, e deixando os demais nas senzalas da vida.

Na verdade o sistema existente não apresenta nenhuma perspectiva para uma revolta contra a escravidão, desde que a sociedade brasileira perdeu o rumo, e só nos resta a apelar para o FBI, ou que seja criada uma Operação Lava Bola, para proceder com uma faxina geral.

O futebol brasileiro é o retrato de uma sociedade que assiste de tudo que acontece no país, sem uma reação à altura, enquanto o barco vai naufragando, a orquestra tocando, e os passageiros dançando.

Um desabafo de quem está desanimando.