Cuca, treinador do Palmeiras, em uma entrevista coletiva desabafou com relação aos comentários do jornalista Mauro Cezar Pereira, que rotulou o modo de jogar do seu time como o ¨Cucabol¨. Estava irritado.
Para chegar a tal conclusão, Pereira citou os laterais batidos para dentro da área como a grande novidade do futebol apresentado pelo time alviverde de São Paulo, com zagueiros altos se transformando em artilheiros, aproveitando a redução do tamanho dos gramados.
O jornalista tem razão. Como acompanhamos outros campeonatos pelo mundo afora, o sistema de jogo do Palmeiras é a repetição de um clube mediano da Inglaterra, o Stoke City, que desde 2009 ao subir para a Premier League passou a utilizar a linha direta, bolas alçadas nas áreas dos adversários, e a grande arma com os laterais jogados para dentro dessas.
Foi o time que deu mais arremessos desse setor do campo, numa média de 500 por temporada. Conseguia os seus gols, mas fazia parte de uma estratégia perfeita para quem era muito fraco com a bola. De acordo com as estatísticas, apenas um pouco mais de uma em cada dez posses de bola do Stoke na temporada teve mais de três passes.
O Palmeiras é um time grande, lidera o campeonato, mas vem apresentando apenas um futebol de resultados, que para a torcida é o que importa, mas para quem gosta de um bom jogo é negativo, quando se observa uma boa qualidade no seu elenco.
O futebol brasileiro como sempre segue na contramão da história, e raros são os clubes que trocam passes tocando a bola, dando preferência as aéreas, que o transformaram em pista de aeroporto.
Os craques de verdade sumiram, desde que as táticas adotadas com excesso de volantes, e ligações diretas, não permitem que o jogador habilidoso se destaque. O Flamengo que está na luta pelo título nacional, tem um futebol menos pragmático, mais moderno, e conseguiu dar um equilíbrio aos passes com a contratação de Diego, que tornou-se o pensador da equipe.
Hoje é muito mais gratificante assistir jogos do futebol europeu do que os nossos, desde que nos transformamos em um esporte aquático, onde as toucas utilizadas pelos nadadores, fazem parte dos uniformes de nossos jogadores.
A bola aérea faz vitimas em todos os encontros. É cabeça contra a cabeça, o futebol minguando e o sangue jorrando. Parece também com as lutas da UFC.
Em épocas anteriores dificilmente um atleta tinha uma contusão como essa, os bons jogadores existiam em profusão, a bola era tocada, os passes, as lambretas faziam parte do dicionário. Hoje assistimos a decadência técnica que é alimentada pelos treinadores, que por sua vez não querem perder, mas ao mesmo tempo relutam em ganhar.
Por conta disso a média de público do Brasileirão não chega aos 15 mil pagantes.
Essa é a realidade, e para nós o ¨Cucabol¨ é um atraso.