O Brasil é um pais tão surreal, e isso é atestado, quando o presidente da República é chamado de ¨Ladrão Geral¨ por um delator, que é um corrupto tanto quanto os delatados, e nada acontece.
Tudo continua como dantes.
O surrealismo abraçou o futebol que é um dos segmentos que ainda não entenderam a transformação do mundo, que de redondo tornou-se plano.
A globalização que tomou conta do planeta Terra é tão grande, que um cidadão nos Estados Unidos solicita uma prestação de serviços pelo ¨call center¨, e está sendo atendido na Índia ou no Paquistão. No Brasil somos atendidos por outros estados.
Os jogos que são realizados na Europa repercutem em todo o mundo. As grandes Ligas americanas são assistidas como os campeonatos locais. Grandes eventos são acompanhados por milhões de pessoas.
O futebol brasileiro não assimilou tais mudanças, permanecendo em seu mundo interno com uma grotesca reserva de mercado, e hoje sente o abalo dessa concorrência.
Na realidade esse esporte ficou para os torcedores acomodados, que não reagem aos acontecimentos, e que para esses uma simples contratação, um joguinho aqui, outro ali, com vitórias dos seus times, representam o ápice, embora os clubes estejam à beira do abismo.
Acreditam em Papai Noel, no que a imprensa juvenil repercute, e do que é dito pela cartolagem.
O atleta do século XXI é globalizado, e tem pouca afinidade com o clube que defende, pois hoje está nesse, como amanhã vestirá a camisa de outro, inclusive um rival local. O seu relacionamento é idêntico a uma mercadoria de uma loja.
Enquanto o mundo promove competições visando lucros financeiros, no Brasil permanece o romantismo, e o estadual é o maior exemplo. Na verdade ainda não perceberam que esse terminou, e hoje quem determina a realidade é o mercado.
O jogador tornou-se uma mercadoria que é negociada para o mundo globalizado, e numa característica diferenciada, por tratar-se de uma profissão que sofre poucas restrições, bem diferentes de outras que enfrentam barreiras no exterior.
No planeta Brasil esse produto não pertence de forma integral aos clubes, são fatiados, e com uma boa fatia para os empresários. São verdadeiras pizzas. Esses lucram com as negociações de mais de mil atletas por ano (média) que são negociados para fora do país.
As transferências na maioria das vezes são remuneradas à preço de banana. Anos após das idas, no exterior os profissionais brasileiros são negociados por milhões. O assunto é tão surreal, que os clubes recebem valores maiores quando dessas mudanças através do mecanismo de solidariedade da FIFA.
Os nossos dirigentes não enxergaram que o mundo transformou-se, tornou-se uno, ligado pela internet, e não prepararam seus clubes para atender um novo mercado aberto, continuando no século anterior, ainda na época da caderneta das vendas de bairros, e onde a paixão supera os interesses comerciais e globais.
O futebol brasileiro tem sua demanda estagnada.
A população aumentou e o número de torcedores não acompanhou esse crescimento, pelo contrário reduziu-se, quando os que não gostam desse esporte já representam entre 25% a 30% da população acima dos 16 anos. Cansaram e partiram para outras formas de lazer.
A globalização afetou também na parte interna, em especial na concentração de renda, que se localizou em determinadas regiões, incrementando o abismo que separa os clubes, que sentiram o impacto quando perderam o poder de competitividade.
A rotação do eixo do futebol mudou, mas no Brasil ainda continua no antigo, rodando do nada para o nada, com dirigentes e torcedores desfocados e alienados com relação a tais mudanças.
Comentários
0#2RE: O MUNDO REDONDO DO FUTEBOL BRASILEIRO —
PEDRO CORDEIRO05-09-2017 12:59
JJ: A ideia de Antônio Correia é excelente. Os seus artigos sempre trazem algo de novo para a reflexão de quem acessa o blog. Se os jornais de Pernambuco tivesse editores inteligentes obvio que iriam disputar por uma coluna com seus escritos. Hoje na párea esportiva não existe nenhum colunista de bom nível.
0#1RE: O MUNDO REDONDO DO FUTEBOL BRASILEIRO —
ANTONIO CORREIA05-09-2017 12:34
JJ: O amigo deveria selecionar os artigos do blog e publica-los em um livro. Todos os dias um tema importante que não é discutido pelas mídias que não tem qualidade para tal. Esse de hoje está perfeito.
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