Esperamos as noticias e análises sobre a ¨La Mano¨ de Jô, para que pudéssemos discutir com os nossos visitantes sobre o tema. Muitas revoltas e uma chuva de hipocrisia, desde que no futebol nunca existiu a palavra ética, que soa como uma pornografia.
Uma criança de três anos estava assistindo o jogo do Corinthians e Vasco quando no gol do alvinegro paulista gritou para o pai: ¨foi mão, foi mão¨.
O árbitro não viu, o fiscal de linha que estava com dois metros de distância para o lance também não viu, e esse foi confirmado.
A saga de uma hipocrisia patológica começou com as declarações do atacante corintiano, quando afirmou que não sabia se bateu ou não no seu braço.
Nada demais por conta da insanidade que tomou conta do país.
Obvio que sabia, desde que o braço não estava anestesiado.
Aatitude de Rodrigo Caio quando livrou o próprio Jô de um cartão que iria tira-lo do jogo seguinte, serviu como tese dos analistas, mas todos esqueceram que cada caso é um caso, e esses diferem no conteúdo.
Surge então uma pergunta, se o jogador do tricolor fosse o autor de um gol para o seu clube utilizando o braço que o salvaria do rebaixamento, esse teria a mesma iniciativa?
Algo para se pensar em um futebol em que a ética passa tão longe e que é ferida, vilipendiada em todos os momentos.
Os princípios éticos são fundamentais para uma sociedade, mas esse esporte faz parte de um outro planeta, onde os atletas não recebem as instruções sobre o assunto, e sim o de ganhar custe o que custar, inclusive com um gol de braço.
Como a diretoria do Corinthians, os seus torcedores iriam reagir caso o atleta mostrasse ao árbitro que o gol foi ilegal, depois de um longo jejum de vitórias?
Nesse Brasil que vivemos, certamente seria trucidado, posto que o esporte da chuteira é irmão siamês da politica quando procuram tirar vantagem em tudo.
Na realidade o problema vem hoje do berço, quando o pai exige do filho que seja o melhor mesmo passando por cima dos outros.
Com a profissionalização dos esportes, e rios de dinheiro a ética foi deixada de lado, para dar lugar ao retorno dos patrocínios que exigem vitórias.
Quando participamos de uma escolinha de voleibol, aprendemos a ética no esporte, ao acusarmos quando a bola batia no bloqueio.
Hoje com raras exceções, e apenas se o time estiver ganhando, o atleta levanta o braço para mostrar a ilegalidade.
Por conta disso foi criado o árbitro de vídeo, que fez muita falta no último domingo.
O lance foi límpido e qualquer apitador teria visto, e em especial o fiscal de linha, mas não tomaram nenhuma providencia.
Criminalizar o Corinthians é um grande erro, desde que esse clube foi prejudicado em seu jogo contra o Flamengo com a anulação de um gol legal.
Os hipócritas de plantão ainda não observaram que uma partida de futebol não tem ética há muito tempo. Os jogadores simulam faltas durante os noventa minutos, os goleiros são profissionais de cera, quando os seus times estão vencendo.
Tudo isso faz parte do processo de ética.
O futebol brasileiro sempre teve problemas com essa palavra tão necessária, inclusive nos tempos mais antigos, quando os árbitros eram aliciados, jogadores eram procurados para facilitarem os jogos, e tudo isso partia dos dirigentes interessados, que do lado de fora do gramado viviam pregando honestidade.
Exigir de Jô algo que esse não pode dar, é desumano.
Não somos habitantes da Dinamarca, e sim do Brasil, pais rico em corrupção e pobre de ética.
Os analistas esquecem que o comando do futebol nacional está entregue a um fugitivo do FBI, ferindo obviamente os princípios éticos, e exigir de um profissional de futebol que os obedeçam é de uma hipocrisia sem limite.
Fatos como esse irão continuar acontecendo, e para minimiza-los o árbitro de vídeo é uma das soluções, e uma outra é a escola que poderá formar para o futuro pessoas que saibam o sentido da palavra ética.
No Brasil atual onde um presidente é denunciado por chefiar uma organização criminosa, cobrar ética é algo irreal.
Precisamos mudar o país, para que no futuro não tenhamos mais um debate inócuo como esse.