Guy Kawasaki, um dos evangelistas da Apple, empresa do falecido Steve Jobs, em suas peregrinações pelo mundo afora com palestras em que pregava a qualidade dos produtos fabricados, citava algumas frases que mostravam a realidade do mundo empresarial.

Kawasaki hoje é um dos mais importantes membros do setor de tecnologia do planeta, com livros sendo vendidos em todas as línguas, e por isso seus ensinamentos merecem reflexão, e o importante é que esses se encaixam no futebol brasileiro e seu modelo de gestão, sendo que todos são baseados nos princípios empresariais de Jobs.

1- "Os melhores chefes contratam os melhores profissionais- Todos que você contratar devem ser melhores que você". Ou seja, não se deve cercar de patetas.

No futebol essa linha de conduta não é aplicada. Realmente um cartola não contrata um profissional que tenha mais competência do que ele, desde que iria deixa-lo no limbo, coisa essa que é detestada pelos que dirigem o setor. O dirigente do futebol não quer e não deseja sombra, mesmo sendo um profissional da mais alta competência. Preferem o subserviente que balança a cabeça.

2- "Seu produto tem que ser único e valioso"- Na realidade essa foi a filosofia adotada pela Apple, que fez história.- Não adianta portanto vender o que todo o mundo está vendendo. Para isso é necessário investir em trabalho, ideias e também em pessoal bem qualificado.

Steve Jobs morreria novamente se conhecesse a gestão do futebol brasileiro. O seu melhor produto é deixado de lado. Começa a competição com equipes reservas, no meio do caminho escolhem os alterativos por conta de outras competições, e torna-se pior do que se vende no mercado. Investir em ideias não existe, desde que o cartola não perde tempo com isso, e muito menos em qualificar o pessoal.

3- "Comunicação direta". Steve era avesso a longas apresentações, com números e slides. Tinha um número de telas a serem apresentadas e não passavam de dez. No futebol, quando mais falar, o gestor ficará conhecido, que é o mais importante para esse do que a vida do próprio clube. Apresentam dados e projeções que nunca irão acontecer, e no fracasso colocam a culpa no mordomo.

4- "A inteligência significa mudar o pensamento quando necessário- Somente antas conseguem manter as suas ideias imutáveis ao longo da vida".

Se isso acontecesse em nosso futebol, os clubes não estariam falidos, com pires nas mãos, os gramados estavam clamando por craques, desde que o sistema de continuidade dos cartolas impediu as mudanças de pensamentos, e esses tornaram-se os primeiros e únicos até a data de hoje.

O Flamengo por conta da gestão de Eduardo Bandeira de Mello conseguiu sair do marasmo, ao abrir o caminho para o seu sucessor, é um ponto fora da curva, e isolado no sistema.

Na verdade, verificamos as diferenças de ações entre um dos maiores talentos empresariais da história da humanidade, Steve Jobs, com as dos dirigentes de nossas entidades esportivas.

Água e vinho.

O Programa Internacional de Avaliação- PISA, demonstrou que nos últimos 10 anos até 2018, a educação brasileira estagnou, o que não é novidade, desde que nesse período o governo federal esteve abraçado ao sistema de corrupção que tomou conta do país, e que produziu a Lava-Jato.

Há anos que batemos na mesma tecla e com um bordão já esgarçado ¨A educação é a base de tudo, inclusive para os esportes". A estagnação no ensino público arrastou consigo as bases esportivas.

Vivenciamos uma época em que os nossos maiores talentos nas diversas modalidades saiam dos bancos escolares, e em especial da escola pública, que tinha um trabalho da cadeira de educação física com as atividades esportivas.

No Brasil, a queda de qualidade do sistema escolar e o abandono ao setor de esportes, privou o trabalho de formação de algo que era o seu alicerce. Na realidade, até as escolas privadas que participavam do setor, abandonaram-no por conta dos seus custos.

O principal instrumento para se praticar esportes não é uma bola, uma chuteira, uma raquete, e sim uma banca escolar. Mesmo nas pequenas salas das escolas as crianças podem praticar esportes. Para que se tenha uma ideia, o miniatletismo pode ser aplicado em pequenos espaços, estimulando o jovem para abraçar esse esporte.

Com esse modelo não seria preciso de forma inicial ter uma pista de atletismo, podendo assim ser utilizado outros equipamentos, criando situações dentro de um espaço físico, como uma quadra ou mesmo uma sala, para desenvolver a modalidade. 

Em nosso país, o professor de educação física está sendo relegado ao segundo plano nos últimos anos, o que na verdade é um crime contra a iniciação esportiva.

Por incrível que pareça, isso foi debatido no ano de 1987 pela Comissão Nacional dos Esportes em sua peregrinação pelo país, e colocado no seu relatório como sugestão. Após 32 anos, nada foi feito.

Isso é o que pregamos para o Brasil. A base é a escola e a educação. Aos cinco anos, as crianças recebem o incentivo para a escolha de uma modalidade, para que possa começar a pratica-la.

Convênios poderiam ser realizados entre o governo e clubes que tivessem instalações esportivas, para que os alunos pudessem utiliza-las. O estado daria a contrapartida com o pagamento a esses, por cada um dos jovens que participasse do programa.

Um bom exemplo vem da Coréia do Sul, quando fez do Takewondo uma matéria obrigatória nas escolas desde 1962, por determinação do governo. No Japão também é disciplina escolar.

A pequena Jamaica investiu na base e o segredo do seu sucesso no atletismo está nas suas escolas, que se transformaram no ponto de partida para os famosos corredores.

Todos esses países estão à frente do Brasil no setor de esportes, o que nos leva a crer que devem estar certos, e nós errados ao abandonarmos a educação e deixarmos de lado um grande veículo de potencialização na formação de atletas.

Na verdade o que falta ao nosso país é a inteligência, fundamental para a percepção do que se pode fazer pelos esportes.

Pelo contrário, optaram como lazer a corrupção. 

NOTA 1- UM FIM DE FESTA SEM EMOÇÕES

* Nesse domingo a cortina será fechada para um campeonato da pior qualidade, e que foi resolvido com uma boa antecedência.

A competição foi exaustiva e recheada de mediocridade.

O Flamengo foi o dono do espetáculo, deixou os concorrentes longe de qualquer pretensão. Disparou em todos os itens, e tornou o evento como um simples treino para sua equipe.

O mais grave é que o rubro-negro fincou suas raízes e daqui em diante será o dono do futebol nacional em todas as divisões. Os demais clubes serão apenas figurantes por muitos anos, desde que não detectamos nenhuma reação desses.

Estão conformados com a realidade.

Até as vagas da Libertadores que hoje transformou-se em uma montanha de times fracos que não mereciam tais posições, foram ocupadas antes do final.

Um show de mediocridade.

A rodada de hoje só terá dois jogos que podem ser chamados de importantes, o do Botafogo x Ceará e Cruzeiro x Palmeiras que definirão o último rebaixado.

A pobreza franciscana foi tão grande, que o Flamengo tornou-se o time de todos, quando os torcedores passaram a acompanhar os seus jogos por conta do bom futebol.

No final o Brasileiro de 2019 foi de apenas um time, já que aqueles que poderiam acompanha-lo morreram no caminho.

Lamentável, mas é a cara do Brasil.

NOTA 2- UM BRASILEIRO DE POUCOS GOLS

* A mediocridade da maioria dos times que disputaram o Brasileiro repercutiu nos gols marcados nessa competição até a 37ª rodada, e pelo andar da carruagem a penúria irá peramenecer após o final dos jogos realizados nesse domingo.

A partir de 2006 quando o campeonato passou a ter 20 clubes, que permanece até hoje, algumas quedas foram sentidas.

Nesse primeiro  ano a média foi de 2,71, subindo em 2007 para 2,76, caindo um pouco em 2008 para 2,72 com uma boa subida no gráfico em 2009, para 2,88. 

No ano de 2010 começou a curva descendente, com 2,57, em 2011 subiu para 2,68, rolando pela ladeira em 2012 com 2,47, para 2,46 em 2013, 2,23 em 2014, 2,36 em 2015, 2,41 em 2016, 2,43 em 2017, a pior de todas as médias aconteceu em 2018, com 2,17 e até a 37ª rodada de 2019, com 2,29.

O gol no jogo é o verdadeiro orgasmo do torcedor, um resultado de 0x0 é trágico para o esporte.

Qualquer leigo que assiste uma partida de futebol no Brasil pode ver com clareza o modelo implantado dentro do campo de jogo por treinadores que tem como tática não perder, se possível empatar e ganhar por um acaso.

O sistema do futebol brasileiro é alienado.

De um lado, a destruição que é vista por todos e que nada fazem para tentar a recuperação e, do outro, um jornalismo defendendo os interesses dos seus veículos, que continuam tratando um esporte falecido como um ser vivo habitando a Ilha da Fantasia.

Mais um ano perdido.

NOTA 3- CLUBES DA SÉRIE B QUEREM SEUS JOGOS NA TV ABERTA

* A Série B necessita de um melhor apoio do Circo do Futebol.

Trata-se de uma competição importante que leva quatro dos times que a disputam para a divisão maior.

Sem dúvida essa é um patinho feio que recebe cotas miseráveis dos direitos de transmissão, e com pouca visibilidade, desde que os seus jogos só acontecem na TV fechada, que é paga pelos assinantes.

Os clubes enfim acordaram de um sono longo, e estão trabalhando com afinco para que seja efetivado o retorno dessa Divisão à TV aberta (transmissão nacional).

Segundo o jornalista Flávio Rico os entendimentos estão caminhando de forma satisfatória, contando com a forte participação dos clubes interessados.

Se acontecer a presença do Cruzeiro certamente ficará mais fácil um acordo.

A TV aberta é importante desde que penetra em todos os domicílios, e facilita as negociações de patrocínios nas camisas dos disputantes.

Por menor que seja o valor das cotas a serem pagas, só a visibilidade aberta compensa.

Na realidade ficar com a mesmice é uma burrice patológica.

NOTA 4- A MAIOR PONTUAÇÃO PARA O CAMPEÃO E A MENOR PARA O ÚLTIMO TIME QUE FUGIR DA DEGOLA 

* O Brasileiro de 2019 de tudo teve.

Times ruins, jogos sem qualidade e o campeão que pode fechar a tabela na tarde de hoje com 93 pontos conquistados, o maior da história dos pontos corridos.

Isso só acontece no futebol europeu.

Do lado inverso, o Ceará ou o Cruzeiro poderão quebrar um outro recorde, com a fuga da degola com menos de 40 pontos. Até hoje nenhuma equipe conseguiu escapar do rebaixamento com menos de tal número.

O Vovô se ganhar do Botafogo chegará aos 41 pontos, mas com um empate resolve o problema, mesmo com a vitória do Cruzeiro sobre o Palmeiras, quando ambos ficarão com 39 pontos, que é o " corte mínimo", para que a equipe não caia para a segunda divisão. Os critérios técnicos estão do lado cearense.

O mais interessante que descobrimos em nossas estudos, é que o Ceará pode até perder o seu jogo contra a equipe carioca e mesmo assim não ser rebaixado. Para tal basta que o Cruzeiro não ganhe do Palmeiras.

Assim, estaria sendo concretizada a menor pontuação de um time que escapou da zona da Caetana, na era dos pontos corridos.

A menor pontuação de um clube que ficou no 16º lugar, aconteceu em 2014, quando o Palmeiras conseguiu sua permanência na última rodada.

São coisas desse "belo" futebol brasileiro.

NOTA 5- OS VESTIÁRIOS E OS TREINADORES

* Na primeira partida do Everton após da demissão do técnico Marcos Silva, o time mostrou força, ao derrotar o Chelsea por 3x1.

O resultado tira os Toffers da zona da degola.

O que mais impressionou foi a recuperação do Everton sem o antigo técnico que foi demitido por conta de uma série de derrotas.

Dirigido pelo interino Duncar Fergunson foi o dono do jogo mesmo enfrentando um dos melhores times da Premier League.

Ficamos na certeza de que os vestiários derrubaram Marcos Silva.

Por outro lado o Tottenham se recuperou da derrota para o United durante a semana, e aplicou uma goleada sobre o Burnley por 5x0, para se manter em alta depois da chegada de José Mourinho.

O Tottenham conseguiu a terceira vitória sob o comando do novo técnico, subindo na tabela de classificação.

Mais um exemplo de que o vestiário derrubou Mauricio Pochettino, desde que o elenco é o mesmo.

São coisas do futebol m mundial. 

NOTA 1- OS CAMINHOS DO SPORT

* De volta a maior divisão nacional, o Sport deverá ter um projeto que não repita as suas participações dos últimos anos.

De 2015 a 2018, somente no primeiro o rubro-negro esteve bem na tabela ficando no 6º lugar, com 59 pontos. Em 2016 a campanha não foi positiva quando ficou no 14º lugar, com 46 pontos, bem próximo da zona da degola.

Em 2017, continuou com os problemas dos anos anteriores, fechando a classificação na 15ª posição com 45 pontos, com 3 de diferença para o primeiro degolado.

O caminho foi pavimentado para o abraço da Caetana que aconteceu em 2018.

Temos um pensamento que o Sport começou no trabalho para 2020 de forma errada, com a continuidade de Guto Ferreira, que apesar de leva-lo de volta à Série B, deixou muitas lacunas no seu trabalho.

Contratou em demasia jogadores que fizeram turismo em Recife, e implantou a famosa Gutempatite.

Óbvio que a necessidade de um bom planejamento é importante, com o objetivo de se firmar na primeira divisão e espantar o risco de mais uma degola. A Série B dessa temporada não tem a menor referência, desde que foi a pior dos últimos anos.

Com muitos débitos a serem ainda resolvidos, a capacidade de investimento do Sport ficou reduzida, e por conta disso não pode cair na tentação de gastar mais do que pode, e manter os salários em dia.

Mesclar o elenco é importante, sem contratar veteranos em fim de carreira que oneram a folha salarial. O mote do clube que vai entrar na fase de recuperação é sem duvida o binômio Receita x Despesas.

Com bons gestores, sem alucinações da diretoria, o time poderá ter sucesso na sua empreitada no ano do retorno. 

NOTA 2- O FUTURO DE JORGE JESUS

* O Flamengo goleou em casa o Avaí por 6-1, somando mais uma vitória num ano incrível para o clube do Rio de Janeiro. Com um vasto leque de recordes, Jorge de Jesus falou sobre o futuro e o que poderá levar a regressar ao futebol europeu.

O Jornal O JOGO de Lisboa publicou no dia de ontem essa entrevista.

"Os treinadores nunca sabem o dia de amanhã. Na minha vida tenho tido chicotadas psicológicas, como se diz em Portugal. Quando ganha é o técnico que decide se vai embora, se perde esse papel passa para o clube. Estamos sempre em cima do muro", afirmou o treinador português.

" Estou num dos maiores clubes do mundo. Vim à procura de títulos que na Europa não conseguia conquistar. Agora estamos no Mundial. O que me falta ganhar? Talvez uma Champions. Para isso tens que treinar na Europa. Vou dizer uma a mais: há cinco que ganham e as outras não", disse ainda.

Um recado?

NOTA 2- A ÚLTIMA BALA

* Nos filmes de faroeste sempre tem uma cena em que o mocinho tem a última bala para salvar a sua vida. Se errar morre.

As orações estão sendo feitas na Toca da Raposa para que o Cruzeiro consiga o único resultado dos 9 possíveis para escapar da foice da Caetana.

Fizemos os cálculos de probabilidades para o rebaixamento, com o time mineiro e o Ceará, e o primeiro tem 91,0% de chances de cair, enquanto o time cearense tem 9,0%, ou seja a salvação é pequena para a Raposa.

Só uma combinação de resultados de nove das possíveis salva o Cruzeiro, ou seja precisa vencer o Palmeiras e torcer pela derrota do Ceará, desde que o empate para o alvinegro cearense será a garantia de sua permanência na Série A de 2020, por conta dos critérios técnicos.

O atual futebol praticado pelo time celeste não apresenta nenhuma garantia que o leve a vencer o alviverde de São Paulo que no último jogo atropelou o Goiás por 5-1.

Só resta rezar por um milagre, que na realidade por tudo que aconteceu na temporada esse não irá acontecer.

NOTA 4-  RECORDE NA 37ª RODADA DO BRASILEIRO

* Mesmo com um campeão antecipado a média de público da 37ª rodada do Brasileiro bateu o recorde na era de pontos corridos.

Os 10 jogos que foram realizados somaram 303.562 pagantes, com uma média por jogo de 30.356 torcedores.

Como sempre o Flamengo foi o grande colaborador para o recorde, ao colocar no Maracanã 64.648 torcedores, mesmo jogando com o lanterna e rebaixado na competição, o Avaí.

Foi uma rodada dos donos da casa, com 7 vitórias, 2 empates e apenas uma conquista dos visitantes.

Outro recorde já foi batido, e não será alterado, está relacionado ao público geral do Brasileiro, com 7.838.515 pagantes, faltando ainda uma rodada, e uma média de público de 21.185 torcedores por jogo, o maior da era dos pontos corridos.

Em 2018 o público total nas 38 rodadas foi também um recorde, com 7.159.069 pagantes, e uma média de 18.840 por jogo.

Por outro lado, o time do Flamengo realizou sua última partida como mandante no Brasileiro na última quinta-feira, voltando a lotar o Maracanã, que o deixou na edição de 2019 com uma média de 55.025 pagantes por jogo, em um total de 1.045.477 torcedores.

Para se ter uma ideia, o rubro-negro com essa marca bate de frente com os gigantes europeus, ficando com a 12ª melhor média, levando em conta os seus principais campeonatos.

Um feito e tanto.

NOTA 5- UM FUTEBOL INSANO

* Um detalhe que mostra a insanidade do futebol brasileiro está no número de partidas que os clubes jogaram na atual temporada.

Tomamos por base o Atlético-MG que ao entrar no Beira Rio para o seu jogo contra o Colorado, estará completando 76 partidas oficiais no ano, número jamais alcançado em 111 anos de sua história.

A temporada foi atípica com menos datas por conta da Copa América que paralizou o campeonato por um mês, ou seja complicando mais ainda a situação dos disputantes.

Como a competição está terminando no dia 8 do corrente, os jogos foram disputados em 9,5 meses do calendário, o que corresponde a oito partidas por mês, com viagens, inclusive para o exterior.

Se um clube não tiver um elenco mais robusto, as contusões são incrementadas.

Na Europa a média é de 55 jogos e por conta disso os clubes repetem por várias vezes as suas formações. 

São coisas do futebol brasileiro.