A geração belga que tanto falamos não é um produto do acaso, ou da sorte pela coincidência de vários jogadores terem nascidos mais ou menos ao mesmo tempo.

Infelizmente os nossos analistas nunca foram buscar as raízes desse trabalho, que foi iniciado na década passada e que transformou o futebol de base da Bélgica, e que serviu como exemplo para a Alemanha, que em 2014 trouxe ao Brasil uma geração promissora.

Segundo Bob Browayes um dos mentores do projeto, numa matéria publicada pelo jornal Tribuna do Paraná, essa iniciativa continua, e com a tendência da formação de outros bons jogadores nos próximos anos.

O sistema implantado pela empresa Double Pass, é sem duvida um dos protagonistas do que está acontecendo no futebol belga, assim como em outros países europeus. A base de todo o processo está em desenvolver jogadores, sem aquela preocupação com resultados nas categorias de base.

Aliás esse é um dos equívocos do Brasil, quando os times e o próprio Circo do Futebol promovem torneios de todas as idades, incentivando as conquistas que no final não valem nada.

O ponto de partida foi a Eurocopa do ano de 2000 quando a Bélgica foi a anfitriã com a Holanda e não passou da primeira fase. Logo após viria a Copa de 2002, com uma eliminação polêmica para o time do Circo. O projeto 2000 começou a ser desenhado. Foi elaborado um livro guia, com planejamento para três grupos, clubes, seleções nacionais e os treinadores nas escolas.

Foram de porta em porta dos clubes para que seus times sub-18 jogassem da mesma maneira, desde que o importante para esses era ganhar jogos nas categorias de base e isso não ajuda em nada na formação de atletas. Pediram para que todos jogassem no 4.3.3, com pontas, três meios campistas e linha de quatro atrás. Demorou cinco anos para esses comprasem essa ideia.

O intercambio foi fundamental, a Bélgica foi buscar informações e conhecimento nos centros de formação da Holanda e da França. O sistema tático único veio acompanhado de métodos de trabalho, e foi se transformando no decorrer dos anos.

Tudo isso auditado pela Double Pass, responsável por acompanhar se os clubes envolvidos estavam seguindo as diretrizes de forma correta.

O guia orienta desde os tamanhos dos vestiários, a qualidade dos equipamentos até a capacitação dos treinadores de todas as categorias, e com um detalhe importante, que os atletas não sejam reféns de resultados, mudanças de técnicos e influencia dos agentes.

Em 2006 a Double Pass chegou a Bundesliga. Desde então, todos os clubes alemães seguem a mesmas normas de treinamentos. A Premier League passou a adotar o mesmo sistema há cinco anos.

E o Brasil?

Engatinha, e o Flamengo é o único que recentemente fez um acordo com a empresa. O Atlético do Paraná deverá ser o segundo a ter tal contrato.

O acaso não levou três clubes europeus com projetos de formação  às semifinais da Copa do Mundo, e sim o trabalho correto e sério.