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Escrito por José Joaquim

Por Rodrigo R. Monteiro de Castro do site Migalhas

A insistência com que se trata nesta coluna, da crise estrutural do futebol brasileiro é motivada pelos evidentes e recorrentes sinais internos e externos de deterioração do ambiente. Não bastasse o desperdício de atividade econômica única, pujante e universal, ainda se joga pelo ralo a possibilidade de sua utilização como instrumento de desenvolvimento social.

No plano interno, algumas pessoas ganham, eventualmente muito, com essa situação, oferecem toda sorte de obstáculos para evitar o surgimento de um novo marco regulatório do futebol.

Aliás, o modelo vigente, construído por pilares que deixaram de cumprir função de sustentação serve, paradoxalmente, para manutenção do status quo.

O dogma maior é o sistema tributário. Não que seja algo simples, pois não é. A passagem do modelo associativo para o de mercado tem consequências relevantes que somente se compensam enquanto o Projeto do SAF não se tornar lei, pela organização de uma empresa econômica futebolística eficiente e competitiva.

Esses requisitos, porém, deveriam estimular e não obstaculizar o processo. A potencialidade, aliás, é comprovada pelo sucesso organizacional do futebol europeu, que superou o mesmo dilema, e se posicionou como o principal- e talvez único- mercado realmente relevante do planeta.

No plano externo, as evidências de que a nova ordem empurra o Brasil para a mais distantes periferia são inequívocas.

O Movimento se iniciou com a ruptura de um modelo clientelista e a compreensão de que além do jogo, o futebol é um negócio global.

Daí a concepção e a adoção de mecanismos de financiamento da empresa, que viabilizam inicialmente a importação de jogadores formados e, na sequência a importação em massa de jogadores de formação.

Esse modelo reforça a desigualdade que se revela nos confrontos entre clubes ou seleções. Esta solução, no entanto, decorre menos da localização geográfica e da instabilidade das moedas ou governos locais, do que da ineficiência mantida e defendida pelos donos ocultos do futebol.

O propósito, nos dias atuais, está muito claro: países como o Brasil devem fornecer matérias primas para o desenvolvimento europeu.

Nada muito diferente do que se passa desde as invasões e conquistas ibéricas, como ensina Eduardo Galeano: ¨Os metais arrebatados nos domínios coloniais estimularam o desenvolvimento europeu e até se pode dizer que o tornaram possível¨.

Não bastasse a redução dos times brasileiros a exportadores de matéria-prima, pretende-se ademais, aniquilar o símbolo cambaleante de resistência, uma espécie de Palmares, abalada pelas interferências dos mesmos donos ocultos do futebol: a seleção.

O instrumento é a Liga das Nações da UEFA, que servirá para isolar ainda mais a periferia do centro mundial do futebol, e reduzir as seleções sul-americanas apenas a indesejadas, porém necessárias coadjuvantes.

Portanto, o problema passou a ser também da CBF, e não apenas dos clubes. Seus dirigentes tem a oportunidade de impor um novo modelo e reconquistar o prestigio perdido, ou ficarão marcados na história com os algozes do futebol brasileiro.

O autor é presidente do MDA. Professor de Direito Comercial da Mackenzie. Doutor em Direito Comercial pela PUC

NOTA DO BLOG-

Fizemos questão de publicar esse excelente artigo, para o debate entre nossos visitantes, por conta da qualidade do seu conteúdo e que nos obriga a pensar, em um país com raros pensadores.

Comentários   

0 #1 RE: ABREM-SE NOVAS VEIAS DO FUTEBOL BRASILEIROANTONIO CORREIA 15-09-2018 13:52
JJ: O amigo escolhe bem os artigos de terceiros que são publicados em seu blog. Aliás tinha que ser assim por conta do nível que esse nos transmite. A analise feita por Rodrigo Monteiro é primorosa.
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