* A história poderá se repetir para o Santa Cruz dez anos após.
O tricolor do Arruda no ano de 2006 foi rebaixado com a pior campanha, somando apenas 28 pontos. Foram 7 vitórias, 7 empates e 24 derrotas.
Na presente temporada, faltando ainda 6 jogos a serem disputados, a equipe pernambucana está na 19ª colocação, com 23 pontos, 6 vitórias, 5 empates e 21 derrotas.
Na verdade outra campanha desastrosa.
O público tricolor sumiu, e na última segunda-feira apenas 3.480 apaixonados estiveram no Arruda para assistirem mais uma derrota do seu clube no jogo contra o Botafogo.
Tratam-se de torcedores que acompanham o clube em todos os seus momentos, e não por conta dos resultados. Tiveram uma postura digna, inclusive aplaudindo o time no final da partida.
O Santa Cruz merece uma ampla reflexão. Os Deuses do Futebol o abandonaram, e resolveram proibir que consiga uma vitória no Brasileirão.
O time não tem a devida qualidade, mas por uma questão de justiça, luta como estivesse na busca de um título, e com salários em dia. O desespero motiva a falta de gols.
Tem realizado boas partidas, inclusive essa contra o time da Estrela Solitária, mas as mãos do destino impedem que a bola balance as redes adversárias, e ainda o castigam quando a derrota surge nos minutos finais, com mais uma falha do goleiro.
Pelo que jogou nas últimas rodadas, os resultados deveriam ser melhores, mas contra os Deuses é impossível lutar, e que ainda recebe a ajuda de uma gestão equivocada e com raízes amadoras e de paixão.
Dez anos após, mais um recado para que seja pensada a sua refundação, e assim possa iniciar uma nova vida.
A péssima gestão levou o clube ao fundo do poço.
Além da queda o coice. O técnico Doriva pediu demissão, e para completar a situação, os funcionários do clube entraram em greve, por conta de cinco meses de salários atrasados.
Se continuar como está, voltará para a Série D.
NOTA 2- UM MODELO ULTRAPASSADO
* O futebol brasileiro está longe da modernização.
Em pleno século XXI, as bilheterias dos estádios brasileiros ainda continuam funcionando com longas filas e torcedores dormindo no local.
O Maracanã é a alma do futebol carioca, e o torcedor do Flamengo tem uma empatia total com esse estádio.
O clube da Gávea colocou 54 mil ingressos à venda pela Internet, que esgotou-se numa velocidade da luz. Por conta disso resolveu disponibilizar mais uma carga, mas dessa vez no próprio estádio, e o que se viu mais uma vez foi o sofrimento dos rubro-negros na tentativa de comprar o seu ingresso para o jogo contra o Corinthians.
Algo grotesco.
Por outro lado o time carioca elitizou os preços dos bilhetes na sua volta ao Maracanã. O menor preço foi de R$ 80, o que é alto para a atual situação do brasileiro, deixando o espaço apenas para aqueles de maior poder aquisitivo.
Trata-se de um equívoco, desde que esse estádio tem a capacidade de ser dividido em locais cobrando valores diversificados, para atender o torcedor que sempre esteve ao lado do clube, e que irá assistir o jogo pela televisão.
São cartolas elitistas, e isso faz mal ao nosso futebol, que pode e deve receber os consumidores de todos os segmentos sociais.
NOTA 3- TODO O CASTIGO É POUCO
* A República de São Paulo que comanda o futebol brasileiro mudou as regras da Copa do Brasil, que era a competição mais democrática entre as demais do país, quando um clube de menor porte conseguia chegar ao seu final. A transformaram em um campeonato plutocrata.
O modelo adotado foi para que as semi-finais tivessem clubes paulistas e cariocas. Criaram uma grande cobra para engolir os outros estados, e terminaram sendo engolidos, desde que as semi-finais terão dois clubes de Minas Gerais e dois do Rio Grande do Sul. Uma Copa Sul-Minas.
Há um quarto de século que a Copa do Brasil não chegava a essa fase sem pelo menos um time de São Paulo ou do Rio de Janeiro.
Dessa vez os mineiros e gaúchos dominaram, sendo que esses últimos só não tiveram um terceiro representante, o Juventude de Caxias, que era um intruso no baile, por conta do apito amigo, que deu uma ajudinha ao Atlético-MG.
A única vez que esses estados ficaram sem representantes foi no ano de 1991, com o Criciúma conquistando o título, e o Grêmio como vice-campeão.
O modelo democrático levou para as semi-finas, além desses dois clubes, Coritiba e o Remo, que por conta da República de São Paulo, jamais terão uma nova oportunidade como essa.
A Rio-São Paulo, deu lugar a Sul-Minas. Todo castigo é pouco para esses cartolas.
São coisas do futebol brasileiro.
NOTA 4- UM GRAND CANYON NOS SEPARA
* O Barcelona colocou na última quarta-feira no seu estádio Camp Nou no jogo contra o Manchester City, 98.290 pagantes.
Nas duas partidas realizadas pela fase de grupo dessa competição, o total é de 169.580 torcedores, com uma média por jogo de 84.780. Até agora a Liga dos Campeões da Europa, tem uma média de 40.981 pagantes.
Tais números mostram o Grand Canyon que separa o futebol europeu do brasileiro, que não consegue uma média de 15 mil torcedores por jogo.
Na realidade o Barcelona superou com apenas dois jogos, 115 clubes que disputaram mais de uma dezena de partidas como mandantes em todas as Séries Nacionais, sendo nove desses da maior Divisão.
Para que se tenha uma ideia do tamanho do fosso, o Botafogo que faz parte do sistema dos grandes clubes, em 16 jogos somou 103.659 em suas arquibancadas.
Um outro fato interessante é que 82% dos clubes brasileiros nas quatro divisões tem um público total inferior a 96.290 pagantes, menor do que recebeu o estádio do Barcelona em seu último jogo.
Somos pequenos com relação ao futebol europeu, e vamos continuar no mesmo ritmo com os gestores que dirigem esse esporte no país.
O que os ufanistas irão dizer?
NOTA 5- SEM ASTERISCO
* Sandro Meira Ricci melou o campeonato no campo de jogo, com sua desastrada atuação no Fla-Flu, que originou um recurso patético do Fluminense ao STJD solicitando a anulação da partida.
Mais grotesco foi o acolhimento desse pleito pelo presidente do órgão maior da Justiça Desportiva Brasileira, que causou indignação dos que fazem o nosso futebol.
Como afirmamos na ocasião não existiam provas de que tenha acontecido interferência estranha no jogo, desde que a súmula do árbitro foi bem clara quanto a isso.
Finalmente o procurador assim entendeu e solicitou da presidência que arquivasse o pedido por falta de consistência. Esse atendeu e o asterisco irá desaparecer da tabela de classificação da competição.
Enfim de volta a realidade, e uma derrota para o açodamento de Ronaldo Piacente, presidente do STJD, que pertence a República de São Paulo.