Não se pode separar o futebol da economia. A sua evolução depende da situação econômica de cada país.
O Brasil é o maior exemplo, com 12 milhões de desempregados, com um PIB ridículo para o seu tamanho, e obvio que isso iria arrastar o futebol para o fundo do poço.
O maior exemplo que temos é da Alemanha, que no inicio da década de 2000 atravessava uma grande crise e o seu futebol era incipiente em relação ao do resto da Europa.
As reformas procedidas entre 2003 e 2005 deram um novo alento ao país. O desemprego foi reduzido, o crescimento da competitividade da indústria foi gigantesco. Hoje a Alemanha é dona de uma saúde financeira inigualável.
Pelos estudos que fizemos sobre o tema, o futebol também começou a ser repensado após o desastre na Eurocopa de 2000, e por conta da Copa de 2006, os seus dirigentes resolveram tratar do problema de forma radical, criando um programa nacional inédito no mundo, de formação de jovens craques.
A economia alemã já permitia investimentos nesse processo. Os centros de formação foram implantados, milhões de euros foram investidos, e hoje existem cerca de 300 centros ligados aos clubes, supervisionados pela Federação Alemã de Futebol, e distribuídos em diversas cidades.
Os 36 times que formavam as duas divisões maiores foram obrigados à construírem esses equipamentos. Obvio que os resultados não foram imediatos, mas dez anos após a primeira fornada de talentos foi colocada nos gramados.
A Bundesliga é aquela que tem a maior média de público do mundo, e é o campeonato mais rentável entre os demais.
Os seus 18 participantes apresentam lucros no final da temporada.
Os clubes são sociedades anônimas, mas a legislação obriga que esses tenham pelo menos 51% de participação dos sócios no capital, com direito a voto.
Um capitulo à parte é a distribuição dos direitos televisivos, que ocorre de forma muito mais equitativa na Alemanha que em algumas grandes ligas europeias.
A Bundesliga administra os direitos de forma central, repartindo os rendimentos entre os clubes profissionais, possibilitando que os times medianos também participem de forma justa. Na Alemanha a diferença entre ricos e pobres não é tão escandalosa.
Enquanto no Brasil, os maiores recebem quatro vezes mais do que os menores, no futebol alemão essa diferença não passa de duas.
O problema nosso é que temos uma imprensa que não analisa as raízes do futebol, e que finge que tudo está bem nesse mundo da fantasia, mas a realidade é bem outra e só vai melhorar com o crescimento econômico do país, e sobretudo com dirigentes sérios e não corruptos.