Um anúncio que marcou época na década de 80, mostrava um homem bem vestido e penteado que olha para o espelho antes de sair de casa, à noite, e se vê com cara de ressaca, olheiras enormes, um trapo. Pergunta a imagem quem é, ele responde: ¨Eu sou você amanhã¨.
A propaganda era de uma marca bem conhecida de vodka, a Orloff, que pretendia convencer aquelas pessoas que se a tomassem hoje, evitariam aquela triste figura para o amanhã.
Tornou-se o conhecido ¨Efeito Orloff¨.
A tradicional Portuguesa de Desportos de hoje, poderá ser o seu clube de amanhã por conta de sua total decadência.
Uma entidade com um bom patrimônio, estádio para 20 mil pessoas, uma sede social que abrigava nos finais de semanas milhares de sócios, transformou-se numa ¨Feirinha da Madrugada¨.
A Lusa era o quarto time da capital de São Paulo, participou por muitos anos na divisão maior do futebol brasileiro, projetando bons jogadores, e por conta de gestões atabalhoadas contraiu um débito de R$ 350 milhões, sem fundos para quita-los.
A sua debacle foi acelerada por conta do estranho caso do jogador Héverton, em 2013, quando foi rebaixada para a Série B Nacional, e foi caindo ano a ano, e hoje sequer faz parte da Série D.
Desde 2017 é gerida por uma administração judicial à pedido do presidente Alexandre Barros, e que conseguiu ser o seu administrador, inclusive com salários pagos pelos combalidos cofres do clube.
Tinha que convocar eleições e não o fez, e continua até hoje nesse cargo.
Aos poucos o patrimônio está sendo destruído .
O Parque Aquático foi derrubado para que sejam construídas as lojas comerciais sob os cuidados de terceiros. O Ginásio está alugado a Igreja Renascer, por R$ 60 mil.
No dia 1º de novembro será inaugurada a ¨Feirinha da Madrugada¨, com três mil boxes, no antigo Areião, com o clube recebendo 50% do valor dos aluguéis, mas com a obrigação de bancar todas as despesas de manutenção. Uma aventura.
Na verdade o seu fim está bem próximo, e o patrimônio que resta deverá ser leiloado pela Justiça. Hoje quando se passa pela frente do Canindé sente uma dor no coração quando observa a situação de um clube que marcou uma época na vida paulistana, entregue às moscas no lugar dos sócios.
Como a Lusa diversos clubes já desapareceram, alguns por falta de demanda, outros como é esse caso por conta de gestões desastradas que os levaram ao fundo do poço.
No Brasil de hoje existem diversas entidades que poderão ser a Portuguesa do amanhã, e os seus dirigentes que fingem que nada está acontecendo deveriam se olhar nos espelhos da vida.