NOTA 1- O BRASIL ESTÁ 30 ANOS ATRÁS NA INDÚSTRIA DO FUTEBOL
* O título desta Nota é da autoria de Mario Celso Petraglia numa ótima entrevista ao jornal o Lance.
Como essa é muito extensa, tivemos que escolher algumas respostas que vem ao encontro do que pensamos sobre os temas abordados.
Uma dessas foi sobre o atual momento financeiro do Atlético-PR em comparação a outras grandes equipes do cenário nacional. Segundo Petraglia, o histórico do futebol brasileiro mostra o predomínio há décadas, no caso a TV Globo e a CBF.
Existe esse hábito da Globo em transmitir todos os jogos realizados no Brasil, com os horários que ela estabelece, e que nem sempre os clubes estão de acordo. E A CBF por sua vez, privilegiando a Seleção para vender a sua marca e sua imagem, ao invés de ajudar os clubes nessa internacionalização.
Além disso, existe esse abismo na divisão de cotas de tv. Clubes como o Flamengo e Corinthians possuem um valor infinitamente maior em relação aos clubes emergentes, que é onde o Atlético se encontra nesse momento. Então montamos o projeto dentro das nossas possibilidades de caixa. Quem tem mais caixa, possui maiores possibilidades de alcançar os títulos, desde que contrata os melhores jogadores.
A situação financeira de grande parte dos clubes do cenário brasileiro é de dependência de receitas, como as cotas de tv. Diante deste fato, falta coragem para bater de frente com os desejos da CBF e da própria Globo.
Uma verdade que vai além do verdadeiro, e a comprovação de que os maiores problemas de nosso futebol estão no seu Circo e na Rede Globo.
NOTA 2- ORÇAMENTO DO NÁUTICO
* Recebemos uma mensagem sobre o orçamento do Náutico para a temporada de 2019, por conta do valor de R$ 14,97 milhões que foi projetado para as suas receitas.
Na verdade causa um impacto de imediato ao se receber a noticia de que um clube que já esteve bem situado no futebol brasileiro, hoje só terá pela frente tal valor orçamentado, e com uma previsão de uma folha salarial para o futebol de R$ 250 mil.
Na realidade trata-se de um planejamento orçamentário dentro das perspectivas do clube, e errado seria que esse estivesse contando com o ovo dentro da galinha.
O alvirrubro tem problemas graves com relação aos seus débitos, que muitas vezes aparecem através de uma decisão judicial. O clube da Rosa e Silva está em um trabalho de recuperação, e sobretudo no retorno da credibilidade.
Quanto as despesas com o futebol, estão dentro de sua realidade. O que adiantaria contratar jogadores com altos salários, sem caixa para paga-los.
Salários em dia representam um grande motivo para o elenco, que joga sabendo que no final do mês os seus proventos estarão garantidos.
A diretoria do clube acertou em adotar o famoso binômio Receitas x Despesas, que é sem duvida primordial para a sua evolução, que deverá acontecer, embora um pouco lenta.
Orçamento não é uma peça de ficção e o Náutico o fez com os pés no chão, ou seja alocando os recursos que são reais e que entrarão em seus cofres. No meio do caminho esse poderá até ser incrementado, dependendo do rendimento no gramado.
Realmente o valor assusta, mas a diretoria do clube está agindo de forma lúcida e competente ao não sonhar com o cavalo de São Jorge.
NOTA 3- AS MUDANÇAS NA LEI PELÉ
* A Lei Pelé precisa ser revigorada, desde que se passaram 20 anos e os esportes evoluíram com a globalização, e essa caducou em alguns dos seus artigos.
O projeto está em andamento no Congresso Nacional, e torna-se necessário que os novos legisladores possam dar andamento para a sua aprovação.
A Lei em alguns setores está defasada, e em especial com relação ao capitulo da sociedade empresariais dos clubes, que não tornou-se obrigatória e isso desestabilizou o sistema, desde que as entidades que optassem por uma sociedade anônima iriam pagar PIS e Cofins, e com a obrigação de emissão de uma nota fiscal, enquanto aquelas que ficassem com o modelo atual estariam isentas por não terem fins lucrativos. Seria uma brutal desigualdade.
Na realidade se não houver uma mudança no modelo de gestão dos clubes, ou seja, o de se tornarem sociedades com fins lucrativos, o futebol brasileiro continuará capengando.
A visão amadorista ¨dos sem fins lucrativos¨ faz parte da história antiga do futebol, que não permite a sua evolução.
Como a bancada da bola está fragilizada, certamente no próximo ano as modificações dessa Lei serão aprovadas e com isso a obrigação de todos se tornarem em sociedades empresariais.
Estivemos relendo alguns trabalhos nossos que foram remetidos ao CND na década de 80, e já nessa ocasião já citávamos a necessidade de acabar com o futebol amador e transforma-lo em profissional.
NOTA 4- AUDITORIAS
* Sempre defendemos que as empresas que fazem auditorias nos clubes de futebol deveriam ser contratadas pelos sócios e pagas por esses com uma pequena taxa nas mensalidades.
A mesma coisa para as Federações estaduais e Confederação quando os filiados teriam os mesmos procedimentos.
Não existe desconfiança na seriedade dessas empresas, e de seus auditores, mas torna-se necessário as suas liberações daqueles que os pagam.
Um exemplo aconteceu com uma empresa que auditou os balanços do Internacional em março de 2017, quando entregou o seu parecer sobre as contas de 2016 com uma pequena ressalva.
Por uma questão de ética não vamos publicar o seu nome.
No mesmo mês o Conselho Fiscal do clube, encomendou parecer a uma outra que apontou falhas gerando a reprovação das contas de Vitorio Piffero.
Segundo o blog do jornalista Hiltor Mombach, do jornal Correio do Povo de Porto Alegre, foi uma terceira empresa de auditoria, que detectou, inconsistência em vários contratos não realizados com cinco empresas no ramo de construção civil, apontando ¨risco alto de fraude¨, deflagrando o processo que culminou com a operação do Ministério Público na última quarta-feira.
Se fosse seguida as poucas ressalvas citadas na primeira auditoria, possivelmente as contas seriam aprovadas. Na realidade fatos como esses mostram a necessidade de outros mecanismos de controles.
Sempre analisamos os pareceres dos auditores nos balanços que são publicados pelos clubes, e muitas vezes ficamos na certeza de que as contas não deveriam ter sido aprovadas sem explicações das suas diretorias sobre alguns gastos.
São coisas do futebol brasileiro.
NOTA 5- OS PROBLEMAS DO FUTEBOL CARIOCA
* Dois exemplos bem claros que mostraram a trágica situação do futebol do Rio de Janeiro.
Dois fatos aconteceram ao mesmo tempo.
O Botafogo que contava com o recebimento de R$ 6,4 milhões pela venda de Matheus Fernandes ao Palmeiras, esse foi bloqueado por uma decisão judicial, para pagamento de um processo trabalhista movido pelo técnico Oswaldo Oliveira. Tal medida afetou o caixa do clube para os pagamentos dos atletas.
No mesmo período, o Fluminense que está locado no fundo do poço, também foi apanhado com uma liminar da 4ª Vara Cível de Belo Horizonte, atendendo a um pleito do América-MG que pediu o bloqueio dos valores das transferências do lateral Leo Pelé para o São Paulo e do volante Richard do Corinthians, além de uma parte da cota da TV para a transmissão do Campeonato Carioca e do Brasileirinho.
O valor do débito do tricolor das Laranjeiras para o Coelho, é de R$ 7,2 milhões que é referente a segunda parcela da transferência do atacante Richarlison para o Watford da Inglaterra. Essa venceu em 18 de agosto de 2018.
Na realidade isso é a verdadeira cara do futebol carioca, assim como do brasileiro, com clubes endividados, vendendo os seus ativos, e sem poder receber as importância de suas negociações.