No último sábado uma cena nos chamou a atenção, a da fuga de Raí de Oliveira, executivo do futebol do São Paulo, para não ser confrontado com os torcedores que estavam no Pacaembu.
O tricolor do Morumbi foi o padrão para todos os clubes brasileiros, com uma gestão adequada ao sistema do futebol, e que foi destruída nos últimos dez anos.
Estivemos analisando o futebol brasileiro e chegamos a conclusão de que a quase totalidade dos clubes não se libertaram do amadorismo. As exceções cabem nos dedos de uma mão, Flamengo, Palmeiras, o Internacional de hoje e o Grêmio, que adotaram o profissionalismo, embora na sua fase inicial.
Para que o amadorismo seja ceifado do nosso sistema futebolístico, teríamos que mudar os procedimentos das gestões, começando com a varredura na Confederação, nas suas Federações, que representam hoje as sinecuras do atraso, com a manutenção de um clientelismo barato e de péssima qualidade.
A nossa agencia de regulação não conseguiu se impor ao sistema, em especial na modificação da legislação eleitoral desses segmentos, ponto de partida para uma transformação total.
O planejamento a Longo Prazo é raro entre nossas agremiações, com um modelo que possa limitar o raio de ação dos dirigentes, mesmo que haja mudança no poder. Outro ponto fundamental é o da transparência financeira, quando se deixa de lado as caixas pretas e abre a realidade para todos, principalmente os associados.
O profissionalismo a ser adotado nas suas gestões, obviamente com pessoas competentes, na substituição dos amadores é um outro passo importante para modificarmos essa estrutura carcomida.
Embora o futebol português não esteja entre os cinco maiores da Europa, o sistema da SAD que é adotado pelos clubes é salutar, e um bom exemplo para o Brasil, desde que em Portugal a situação financeira das entidades está em um bom nível.
Obvio que a adoção dessas formulações com os dirigentes atuais seria algo impensável. Eles adoram entrevistas coletivas, fotos com jogadores contratados, e não desejam nunca entregar os clubes a gestores profissionais e sobretudo competentes.
Isso seria tirar a razão de viver dos cartolas, que na sua maioria, tem neles um espelho para as suas promoções pessoais.
Existem diversas barreiras a serem derrubadas, e a primeira delas será a queda do Muro de Berlim Nacional, que é representado pelas entidades de administração do esporte. Se isso não acontecer vamos continuar desfilando na ala dos rotos e esfarrapados do Bloco do Sanatório Geral.