A globalização com o apoio da internet e televisão mudou o perfil de nossas crianças. Os novos desenhos animados mudaram totalmente de foco. Poucos são os livros destinados a nova geração infantil. Os contos da carochinha desapareceram de nossas livrarias.
Apesar disso, todos os anos os pernambucanos tem o prazer de ler um desses contos, com o seguinte título- ¨Clubes fazem campanhas de sócios¨-. Uma nova vem por aí, produzida na Ilha do Retiro. Trata-se certamente de um tema bem interessante e sobre o qual postamos alguns artigos anteriormente.
Todos nós sabemos desde a época da bola de pito, que a participação dos sócios, tanto no pagamento das mensalidades, como no consumo dos seus produtos, representa uma boa parcela de suas receitas.
O perfil da sociedade brasileira mudou, o mundo tornou-se global, e a indústria de entretenimento expandiu-se, substituindo aquilo que encontrávamos em nossos clubes, quando esses acolhiam os seus associados e familiares nas festas, áreas de lazer e nas dependências esportivas.
Várias campanhas já foram deflagradas e nenhuma obteve sucesso, desde que não atentaram para a nova realidade em que vivemos.
O sócio apaixonado, que pagava a sua mensalidade com orgulho, e andava com a sua carteira para mostrar aos amigos foi sumindo, dando lugar ao modelo de um consumista pragmático, que cobra o retorno do seu investimento quando se associa e começa a pagar a taxa da mensalidade.
A modalidade do sócio-torcedor é como a maré, que vai e vem. A sua permanência depende de resultados, como de jogos com adversários de alto nível. Os estádios locais não oferecem conforto como os do Sul e Sudeste, na maioria sem cadeiras, sem bons sanitários, entre outras coisas. Na verdade não vale a pena.
Antes do lançamento de um projeto de novos associados, os clubes deveriam fazer uma pesquisa entre os seus seguidores para tomarem conhecimento de seus desejos e, o que gostariam de usufruir na condição de sócios.
Além do futebol, que possui uma grande concorrência de outros segmentos, tem que ser oferecido um clube fechado, exclusivo dos sócios, com o oferecimento de atividades esportivas, de lazer, e sobretudo com restaurantes e lanchonetes com preços convidativos, mais baixos do que os oferecidos no mercado local.
Descontos em lojas é um dos itens que lhes são oferecidos, mas isso enfrenta obstáculos naturais de promoções mensais, e que concorrem com esses. Hoje as lojas tem seus cartões e consumidores fidelizados.
O sócio precisa na realidade voltar a ter a alegria de ser o dono do seu clube, e para que isso aconteça deverá ser tratado como tal.
Quantas famílias procuram o lazer para os seus filhos através de escolinhas das mais diversas modalidades, e esse terá que oferece-las de forma gratuita, constituindo assim uma excelente demanda e, consequentemente o seu povoamento, compensando esses serviços com o consumo em suas dependências.
Com relação ao Sport, esse necessita na realidade de uma campanha de recuperação de associados e não de novos, por ter um estoque de mais de 40 mil sócios nos seus arquivos.
A busca à esses que estão sem dar o retorno devido, seria a grande campanha do clube.
O associado é uma das razões da sobrevivência das entidades, em especial para as suas manutenções. Como ainda não chegamos ao clube empresa, o sócio é um dos pontos de equilíbrio para a sua manutenção, daí ser por demais importante tê-lo junto para que esse possa voltar a ter vida.
Não é impossível, depende apenas de boas gestões.
O maior clube sócio-esportivo do Brasil é o Minas Tênis Clube, que não tem futebol, mas gasta mais com as suas equipes de competição de que todas as nossas agremiações com o esporte da chuteira.
Hoje para se comprar um título do clube mineiro tem que entrar na fila de espera, e quando consegue tem que desembolsar um valor bem alto.