Existe uma inversão de valores na relação dos segmentos que fazem o nosso futebol, quando os diversos clubes que formam a sua base são os menos contemplados com recursos no final da temporada.
Na verdade, como não tem fins lucrativos, os modelos de gestões não motivam a apresentação dos lucros nos seus balanços. Em linhas gerais, gastam mais do que arrecadam por lazer.
Trata-se de uma linha equivocada, posto que os lucros serviriam para a aplicação em seus patrimônios, criando melhores condições para o atendimento dos seus associados.
Uma questão de racionalidade.
A emissora de televisão compra os direitos de transmissão, muitas vezes com preços elevados do que o mercado comporta, levando em consideração que o futebol gera audiência e alavanca a sua grade de programação.
Vende as cotas com preços também elevados, e tem a sua disposição centenas de jogos, com um retorno do investimento muito acima do esperado. Os clubes recebem as suas parcelas, umas bem polpudas, outras miseráveis, que motivam um grande desequilíbrio.
Os patrocinadores pagam os valores do mercado para colocarem as suas marcas nos clubes, fato esse que vem caído e com um setor mais seletivo, deixando algumas agremiações sem patrocínios em suas camisas. Também tem lucros com o futebol.
Por outro lado, um outro setor desse processo está relacionado às entidades promotoras das diversas competições, que obtém recursos significativos, e que não são distribuídos entre aqueles que fazem o esporte, ou seja, os clubes.
No final, os mais contemplados nessa pirâmide esportiva são alguns jogadores, treinadores com salários estratosféricos fora dos padrões do país, sempre crescentes, muito mais altos que os de qualquer outra atividade profissional, e no meio desses temos os agentes do futebol, que são os seus novos proprietários e as entidades.
Entendemos, então, que a única vantagem de quem participa desse segmento é pertencer ao quadro desses setores.
São dados reais e que representam o atual futebol brasileiro, em que os clubes gastam mais de 80% de suas receitas com salários, quando deveriam para ter equilíbrio financeiro dispender no máximo 60%. Por conta disso uma boa parcela atrasa sempre o pagamento dos salários.
Esses gostam de endividar-se, nessa cultura nefasta e trágica, que tomou conta do nosso futebol, e no final dos mandatos os dirigentes vão embora, deixando buracos em suas contas e nada acontece.