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Escrito por José Joaquim

O título desse artigo deve-se a uma pergunta que ouvimos ontem em uma pequena reunião, quando um dos presentes questionou como os clubes viviam e como cresceram antes da era dos patrocínios e dos investidores. 

Na realidade uma pergunta pertinente e que merece uma análise bem formatada, para que seja devidamente explicada.

O futebol profissional no Brasil começou realmente a solidificar-se na década de 1950, após a Copa do Mundo que foi realizada no país, quando a relação entre clubes e jogadores começou a ser tratada de modo diferente.

Os clubes nessa época tinham os seus patronos, os homens do dinheiro que investiam no futebol, não para lucrarem e sim por prazer de colaborar com as camisas de paixões, e muitos somavam votos para as suas campanhas eleitorais. Foi o período do mecenas que perdurou até o final da década de 1970.

Nas duas décadas posteriores, os investidores dos clubes passaram a ser os associados, com o pagamento de suas mensalidades, e com uma presença forte em suas vidas. Não havia patrocinadores, fato esse que começou a aparecer nos anos 90, como a aquisição de alguns jogos pela televisão e patrocínios nas camisas, solidificando-se nos anos 2000.

Não havia um pacote, e sim a compra de um jogo pontual, com os clubes vendendo as publicidades estáticas, os chamados prismas, que se tornaram uma boa fonte de renda. As bilheterias deixavam bons resultados, já que os descontos não eram indecentes como os de hoje. A renda de um clássico dava para pagar a folha salarial do elenco. 

Para que se tenha uma ideia, a Federação local cobrava uma taxa de 2% sobre as receitas brutas, hoje cobra 8%, o que demonstra uma avidez patológica.

Os sócios passaram a ser a mola mestra para as suas evoluções. Esses construíram ou reformaram as suas sedes e estádios, com recursos próprios provenientes dos seus gastos nos clubes. Somente na década de 1980 que o Bandepe, banco oficial de Pernambuco, injetou recursos nas reformas dos estádios, que nunca foram pagos e depois perdoados, como sempre acontece nesse país tropical.

Os clubes eram pujantes, movimentados, os sócios e seus familiares os frequentavam e recebiam uma boa prestação de serviços. O modelo adotado era aquele de uma maior participação do associado, frequentando as sedes para atividades sociais, a sua área esportiva e de lazer, comprando seus produtos em lojas improvisadas, e outros frequentando os seus jogos.

Eram consumidores que davam uma forte garantia para que muitos pudessem chegar aos cem anos de vida, sobrevivendo dentro da sua normalidade.

O mundo global modificou o sistema, e os cubes do Nordeste não atentaram para as mudanças. A era do marketing, da televisão e suas cotas, dos patrocinadores, investidores, mudaram o foco, e o associado do clube foi trocado pelo sócio-torcedor que em nossa região não conseguiu firmar-se.

O dinheiro das cotas da televisão teve a sua maior parte distribuída para os clubes do Sul/Sudeste, enquanto os nossos recebiam as suas migalhas, e para as suas sobrevivências começaram a gastar mais do que podiam, e deu no que deu, todos com problemas graves e muitos sem uma saída.

O tempo das vacas magras chegou, a bonança tornou-se miséria, e com a falta de recursos penam como fantasmas na busca de espaços, e por incrível que pareça poderão ter os sócios como a pedra de toque para as suas salvações.

Hoje alguns clubes contam com o sócio-torcedor para o pagamento dos salários, em especial os do Rio Grande do Sul.

Infelizmente os nossos dirigentes não entenderam que a roda estava girando, e ficaram esperando a Carolina nas suas janelas.

Essa é a resposta para a pergunta efetuada.

Nos éramos felizes e não sabíamos.

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