No último sábado tivemos uma conversa proveitosa com um técnico de futebol que milita há um bom tempo em nosso estado, sempre no comando de times menores, que nos deu o mote para uma postagem.
Ele sempre tem feito bons trabalhos e com pouco reconhecimento.
Como convivemos com muitos desses treinadores, alguns com bons currículos, nos lembramos do fosso que os separam daqueles que atuam em grandes agremiações, com contratos vultosos, carteiras assinadas, direitos de imagem e multas contratuais de milhões.
Na maioria dos clubes menores do futebol brasileiro, não existe contrato assinado entre treinadores e clubes. Os acordos não são respeitados, e no final são demitidos sem receberem salários.
A grande maioria termina na Justiça do Trabalho na busca dos seus direitos, e embora ganhem as causas não os recebem por conta das situações financeiras das agremiações.
As condições de trabalho são precárias, e esses profissionais atuam em diversos setores, e na primeira derrota tornam-se os culpados e já começam a ser preparados para a degola.
São contemplados com salários que variam de conformidade com a situação de cada clube, e que vão de R$ 10 mil a um mínimo, mas na maioria são virtuais, existem apenas nas promessas e não chegam aos seus bolsos.
Noventa por cento desses profissionais não possuem direito aos benefícios trabalhistas, e vivem muito diferente dos treinadores das Séries principais, que contam com tais direitos, muito embora os clubes quando os demitem fazem acordo e muitos deles atrasam ou não pagam nos seus cumprimentos.
Todos tem um sonho grande de ascenderem na profissão, mas vivem submetidos a um cartel que pouco permite que esses possam chegar a uma equipe de maior porte, desde que no Brasil existe uma reserva de mercado nesse segmento.
Os profissionais de clubes menores são os heróis de nosso futebol, e por incrível que pareça protegidos por uma Lei, a 8560 de 1993, do governo Itamar Franco, que determina que todos os contratos dos treinadores com os clubes sejam registrados nas federações, fato esse que não é respeitado. Os que disputam as divisões maiores os registram no Circo do Futebol. Trata-se de uma lei daquelas que não são acatadas. Estão no sistema virtual.
Esse é um Brasil que poucos conhecem e que tivemos a oportunidade de vivenciarmos, onde o abismo entre os grandes e pequenos é profundo nas carreiras dos treinadores do futebol.