O futebol brasileiro passa pelo mesmo processo de nossas educação, ambos na mesma sala de uma UTI hospitalar.
Somos de uma geração em que a base dos ensinamentos era nos chamados cursos primários. Ali aprendemos de tudo, e levávamos isso para o então ginásio, após sermos aprovados em um exame de admissão. Posteriormente, o científico ou o clássico, e finalmente para uma Universidade, cujo acesso era feito com provas escritas e orais.
Tínhamos uma base bem compactada, e que servia para o resto da vida.
Hoje a escola com algumas exceções está na merenda escolar. Os professores são mal remunerados. Não vivem, sobrevivem. Criaram um Enem, em que os estudantes escrevem "trousse", "chadrez" e uma alta nota quando colocam na redação o Hino do Flamengo.
O futebol tem sua similaridade, onde as suas bases deixaram de ser os primários de antigamente, e tornaram-se nos novos modelos mercantilistas, que só visam os lucros. Se produz muito pouco, e os talentos são raros por conta da falta de um bom aprendizado.
Acompanhamos no dia a dia as mais diversas notícias do futebol nacional, e verificamos um grande equívoco que vem acontecendo sob a responsabilidade das Federações quando da formação de suas Segundas Divisões.
Trata-se de uma divisão de acesso, e que deveria ser tratada com maior responsabilidade, mas isso na verdade não acontece, e a política ultrapassa o esporte e o pedido de uma autoridade vale muito mais do que as regras e legislações.
Clubes são colocados na disputa sem a menor condição, e quando acessam a divisão maior, nem estádios tem para que possam abrigar os seus jogos, e correm para as cidades vizinhas.
No caso de Pernambuco, a competição está parada por conta de um julgamento no STJD, e o mais grave é que a entidade local não se movimenta para que haja uma definição. Qual a razão disso?
Para que se pudesse jogar uma competição profissional, alguns pontos, deveriam ser seguidos, tais como, população da cidade, das áreas vizinhas, estádio para 10 mil torcedores, com condições de ampliação, demonstração de recursos para que possam cobrir os seus gastos, ter trabalho de formação entre outras coisas.
Nada disso acontece, e as competições são realizadas sem brilho e totalmente fora dos padrões de profissionalização.
Se não temos uma boa base, se não temos uma divisão de acesso respeitável, como poderemos ter uma principal que possa motivar os torcedores?
Uma resposta que deveria ser dada pelas entidades, que tem como único objetivo a arrecadação de suas taxas, e assim engordarem os seus cofres.
Na verdade, o momento ruim do futebol nacional é representado por uma cadeia, que começa no antigo primário, e que termina numa universidade com uma boa dose de analfabetos funcionais.