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Escrito por José Joaquim

* Artigo dedicado ao radialista Edinaldo Santos, o último dos moicanos na defesa do frevo de Pernambuco.

Na noite de ontem tivemos a abertura do Carnaval Recifense, com uma multidão no Marco Zero, contando com a presença de vários artistas locais. Uma festa bonita, tranquila e com a participação popular.

Hoje teremos o Desfile do Bloco da Madrugada, com os arautos do caos fazendo de tudo para que aconteçam atos de violência, a fim de que sejam utilizados na política partidária. Trata-se de um modelo terrorista.

O Carnaval de pés no chão, onde os clubes, blocos, maracatus, ursos e outros componentes dessa cultura popular desfilavam pelas ruas dos bairros, e cujos moradores patrocinavam nas listas que eram feitas durante o ano, morreu quando os espigões tomaram o lugar das residências, e esses procedimentos tiveram que desaparecer.

Os grandes blocos que participavam do Carnaval de Pernambuco desapareceram, ou apequenaram-se.

Cadê Toureiros, Bola de Ouro, Lenhadores, Batuta de São José, Clube das Pás, cobrados na música Voltei Recife, do saudoso Capiba, que poucos tem lembrança nessa memoria seletiva da sociedade brasileira.

O Galo é o produto maior do novo período de Momo, que foi tragado pelo mercantilismo e entregue as cervejeiras com um novo formato.

Por outro lado a Era da Imbecilidade falou bem alto, com a proibição de um dos seus símbolos, a marchinha ¨O teu cabelo não nega¨, de autoria dos pernambucanos Irmãos Valença, que conhecemos de perto da Madalena, que foi considerada como racista.

Uma idiotice patológica para quem conheceu a dupla, que jamais iria proceder com tal sentimento.

O Carnaval dos corsos, dos confetes e serpentinas, dos banhos de água, dos grandes bailes dos clubes morreu em suas raízes, quando negociaram a sua alma a grandes produtoras de bebidas, que por sua vez, o transformaram em multicultural, onde até opera é tocada.

Em nosso curso universitário, estudamos Antropologia Cultural, e  Carnaval fazia parte do currículo.

Aprendemos que a multicultura carnavalesca deveria ser feita no seu próprio contexto, através dos seus segmentos, com o frevo sendo o carro-chefe, e não com ritmos estranhos, que estão bem distantes do sentimento cultural de uma festa centenária.

O Carnaval de hoje é dominado pelos palcos, com cantores de outros estados, tudo por conta do dinheiro público e dos patrocinadores.

O frevo agoniza, há anos e nenhum compositor produz algo de novo. Não são ouvidas. As sertanejas com seus jabás dominam o mercado. Às musicas são as mesmas de anos atrás.

Embora seja Patrimônio Cultural da Humanidade, na realidade vive hoje apenas de sua história que sequer é contada para a nova geração.

Tínhamos Carnavais, e hoje temos ¨carnavais¨.

* Imagem do Galo de João Alberto.com

Comentários   

0 #3 Tendências ConjunturaisBeto Castro 25-02-2017 11:47
Sou tão adepto deste blog que fiz o meu comentário quando o escriba ainda digitava o segundo período e apareceu ontem à tarde por acaso na telinha. Gostaria de acrescentar que a frustração cultural pela invasão do Axértanejo e do Sertãofrevo é apenas conjuntural, porquanto baseada na corrupção dos pixulecos e na saciedade dos bebuns. O Frevo e a cultura pernambucana são eternos e já se espalharam por todo o Nordeste e não serão superado jamais. O frevo, as quadrilhas de São João, o maracatu, a ciranda, o côco de roda e o forró pé de serra, podem ser modernizados, mas jamais superados. Assim, como os nossos clubes centenários da Copa Nordeste e das tradições estaduais não serão abolidos pelos mascates do Camelódromo Monopolista e pelos bostejadores das mesas quadradas e adeptos dos Murdochs, Abramovichs e Al-Khelaïfis e baba-ovos dos gigolôs do passe preso. As entidades e instituições federativas seculares não serão extintas pelos sírio-libaneses, pois aqui não é a Síria Assada. O Brasil não será um Califado dos Coiotes de botes infláveis, mesmo com esta Ala Grande da Padilha Golpista em expansão.
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0 #2 RE: CARNAVAIS E ¨carnavais¨ANONIO CORREIA 25-02-2017 10:52
JJ: O bom desse blog é que o editor vai muito além do futebol. Esse artigo está perfeito, e mostra como o progresso mudou a vida das pessoas, inclusive no Carnaval, que tinha nos seus blocos as suas maiores atrações. A lembrança de Ednaldo foi louvável, desde que esse é um dos poucos que lutam pelo frevo.
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0 #1 365 dias dos Arautos do CaosBeto Castro 24-02-2017 12:52
Esses arautos do caos são realmente muito poderosos. Imagine que eles são capazes de provocar o assassinato em massa de jovens pobres e negros aos milhares há décadas nas periferias da Pedra-Furada, além da armar dezenas de milhares de facções criminosas nos campos de extermínio nazistas com celulares, facões, cocaína e espetos de todos os churrasqueiros. Já os vendedores de loló, maconha, água que passarinho não bebe, pó de mico entorpecente e alienação midiática são, coitados, as vítimas desses arautos. Tá na hora desses bólidos encapuzados que não tem em quem mirar voltarem com as suas cadeiras do dragão, pau de araras e choque nos cunhões. Até que o loteamento das capitanias hereditárias das neo-sesmarias dos capitães mor oferecidas aos gringos esteja concluído. Onde já se viu as senzalas desafiarem os senhores de engenho do fogo morto com a escassez de viagra nas casas grandes. Show de eficiência mesmo estão dando os arautos de Vitória e da Baia dos Porcos, após as rebeliões dos arautos das sardinhas enlatadas de Manaus, Boa Vista e Natal.
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