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Escrito por José Joaquim

* Esse artigo foi escrito pelo administrador de empresas e gestor esportivo Amir Somoggi.

O futebol brasileiro vive uma profunda crise, tanto financeira como mercadológica e não é de hoje. Os motivos não são novos, mas vem se intensificando de forma rápida.

Basta uma comparação com a realidade da Europa para perceber que estamos cavando um abismo, resultado de uma década de ostracismo e falta de inovação na gestão dos clubes. Enquanto os times europeus aproveitaram as mudanças no ambiente politico e legal na década de 1980 com efeitos extremamente positivos para seus negócios, nosso mercado parou no tempo.

Os clubes brasileiros, deitados em berço esplêndido, como diz a letra do nosso hino, simplesmente não fizeram nada para mudar esse cenário. A gestão dos clubes permanece similar ao que faziam na década de 1970.

Dirigentes amadores, modelo de negócio antiquado, administrações arcaicas, marketing de terceira categoria, falta de modernização de suas estruturas administrativas são alguns fatores.

No Brasil gestão de futebol é sinônimo de investimentos em salários, contratações e em centros de treinamento. Traçando um paralelo com o mundo das empresas, é como se as industrias se preocupassem apenas em investimentos em plantas industriais, sem uma visão moderna de gestão de marcas, plataformas eficientes de comercialização de produtos e dedicação constante na busca da lealdade do consumidor.

O mundo empresarial evoluiu, pois sabia que sem investimentos maciços na gestão do seu negócio, de nada adiantaria produzir produtos. Essa mudança foi vital para crescerem. No futebol brasileiro quanto mais os clubes investem na área técnica, menos desenvolvem seu negócio. É um paradoxo, mas é nossa realidade.

Os maiores clubes brasileiros em 2007, por exemplo gastaram R$ 934 milhões com seus departamentos de futebol. Em 2015, os valores atingiram R$ 2,7 bilhões. E quanto mais gastaram, menos qualidade apresentaram.

Os investimentos no futebol, bem diferentes da Europa não impulsionaram novas receitas. Não há uma visão de retorno sobre o investimento.

Isso gerou um aumento substancial dos déficits e crescimento das dividas, muitas delas resultado dessa irresponsabilidade no aumento dos gastos. Para financiar suas atividades, sem grandes receitas, sempre contraem empréstimos, sonegam impostos e empurram com a barriga suas dividas para futuras gestões.

Temos vários exemplos de clubes que gastam mais em juros bancários do que em investimento na categoria de base, por exemplo.

E essas despesas financeiras estrangularam sua gestão, criando um ciclo vicioso sem fim. Que resulta no baixo desenvolvimento de toda a cadeia produtiva do futebol nacional.

Os clubes não investem fora do âmbito das quatro linhas, pois consideram ser esse seu principal foco. E esse é o maior erro. Enquanto acharem que isso está correto, não sairemos desse buraco que nos encontramos. Somado a isso, temos uma deterioração do produto futebol no Brasil, mesmo depois da Copa do Mundo e quase R$ 9 bilhões de investimentos em novas arenas.

Isso demonstra que embora tenhamos um mercado gigantesco, somente mudanças radicais nesses conceitos desgastados e antiquados é que sairemos dessa crise, que parece sem fim.

Se o mercado brasileiro de futebol quiser evoluir terá que mudar muita coisa e o mais rápido possível. Atualmente o modelo político empregado por praticamente 100% dos cubes, é o maior obstáculo ao nosso crescimento.

A gestão dos clubes precisa estar alinhada com modernas praticas de governança e gestão corporativa.

E para que as receitas cresçam, teremos que mudar muita coisa no departamento de marketing dos clubes, com a implantação de um marketing esportivo muito mais eficiente, criativo e comercialmente atrativo.

Comentários   

0 #2 Prisoneiros do AbsurdoBeto Castro 24-03-2017 10:46
Para este artigo sobre a escravidão proposta, me reservo apenas a alguns versos que compus para homenagear os senhores de escravos - "Prisioneiros do Absurdo".
Gigantesca multidão de humanos,
Para o lucro que se quer eterno,
Psicopatas subjugam neuróticos,
Transformando a vida num inferno.
Trabalhar, se alimentar, defecar e dormir,
Triste repetição entediante,
Massacre de instintos reprimidos,
Em rotineira tensão estafante.

Uma vida restrita sem sentido,
De corpos e almas encarcerados,
Para acumular bens materiais,
Nas mãos de uns poucos aquinhoados.
Exploração do homem pelo homem,
Inutilidade, vazio e tédio,
Máquinas, ruídos e sofrimentos,
Tristeza infinita sem remédio.

Viciosa neurose coletiva,
Dissimular para não enlouquecer,
Fadiga, incerteza e angústia,
Para o povo de Deus não esquecer.
Que o pão se ganha com o suor do rosto,
Pois somos ovelhas de bom rebanho,
Pois em breve, a recompensa virá do céu,
Em sepultura de bom tamanho.

Com o fim da aposentadoria e a terceirização do trabalho intermitente pelos Capitães do Mato do Califa Alucinado, este sistema está superado e em fase de reciclagem das carniças. Em vez de carnes fracas de bois, porcos e aves, o Brasil se especializará em exportação de chouriço e molho pardo de sangue de seus escravos.
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0 #1 O golpe na CBFAndre Angelo 24-03-2017 09:53
JJ, não adianta falarmos em gestão de marketing nos clubes enquanto mantivermos um sistema feudal na CBF e federações.
Essa semana ocorreu um novo golpe nesse país; desta vez na CBF.
Mudaram o sistema eleitoral a fim de permitir que Del Nero possa permanecer no cargo até 2028.
Para tanto, concederam peso 3 às 27 federações; peso 2 aos 20 clubes da Série A e peso 1 aos 20 clubes da Séria B, ou seja, os clubes jamais elegerão o presidente da CBF, pois só podem alcançar 60 pontos, ao passo que as federações sozinhas têm 81 pontos.
Enquanto isso, o nível do futebol brasileiro despenca de uma 2ª para uma 3ª divisão mundial em termos de qualidade.
Quanto à Rede Globo, enquanto estiver com o "seu" garantido, isto é, a transmissão exclusiva dos jogos da seleção brasileira e o quase monopólio dos estaduais e do Campeonato Brasileiro, ela não estará nem aí para pilantragens ou corrupção dentro da CBF. Afinal, ela só gosta de cobrar ética e moral dos adversários.
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