O futebol brasileiro nos primeiros meses de temporada foi palco de centenas de jogos referentes aos estaduais, e quando esses terminaram uma pergunta ficou no ar: Quantos jogadores foram revelados pelos clubes menores? Quantos estão nas prateleiras?
No mundo da agricultura, o celeiro (silo) guarda a sua produção, e esse termo sempre foi utilizado pelo futebol, quando se apresentava o trabalho de base.
No Brasil futebolístico de hoje os antigos celeiros e os modernos silos estão vazios, sem produtos a serem colocados no mercado consumidor.
Em outras épocas, os clubes de menor porte em especial os do interior, quando de suas participações nos estaduais, apresentavam alguns talentos, sempre aproveitados por agremiações de maior porte.
O fato produzia uma cadeia financeira, com aporte de recursos para esses clubes, por conta das negociações realizadas, e com um custo menor para aqueles que os contratavam.
O número de sul-americanos contratados pelo nosso futebol mostra que estão suprindo a ausência dos celeiros, vazios há muito tempo.
Praticamente os clubes menores repetem as mesmas caras todos os anos. Jogadores rodados, com idades avançadas, e que não despertam nenhum interesse para aqueles que sempre tiveram nesse mercado uma boa fonte para matar a sua sede.
Tal fato não é exclusivo de nosso estado, e sim de todo o país, quando o aproveitamento acontece de forma pontual, desde que esses clubes quando não são de empresários, insistem no abandono ao trabalho de formação, que seria produtivo para todos, e para o contexto geral do futebol nacional.
Um dos maiores problemas do esporte da chuteira no Brasil está centrado na ausência de produção do seu pé de obra.
Na realidade existem talentos, mas o ciclo mudou o seu sistema de rotação. Antes saiam das peladas das várzeas, hoje saem das escolinhas de empresários, que muitas vezes os conduzem de forma direta para o exterior, sem passagem por nenhum dos nossos clubes.
Esse é o maior buraco, e que não é observado pelos segmentos interessados, cujos dirigentes assistem com passividade a evasão de atletas, e formam seus elencos com jogadores medianos.
Na verdade o futebol brasileiro foi grande quando tinha os seus celeiros abastecidos. O pulgão apareceu, contaminou a todos, e os talentos sumiram, causando o empobrecimento técnico desse esporte no país.
Tudo isso acontece, mas estão preocupados com as baboseiras que são ditas no dia a dia.