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Escrito por José Joaquim

Os estaduais estão chegando, e junto com esses o atraso do futebol brasileiro que ainda vive no tempo dos bondes elétricos.

Temos uma opinião firmada há muito tempo sobre o assunto, mas por outro lado existe um consenso de que as mudanças nesse esporte são necessárias, mas falta um debate sério que possa abrir as portas para que um novo caminho seja traçado.

O calendário do futebol nacional é insano, com excesso de jogos, com clubes passando da casa dos oitenta numa temporada de 10 meses, mas nada se faz para modifica-lo.

Acabar simplesmente os estaduais como medida salvadora é irreal, desde que necessita-se de um projeto para substitui-lo, e como esse não é formatado vão continuando como bêbados em um arame, posto que os clubes menores precisam de algo para as suas sobrevivências.

O futebol nacional necessita de um choque de realidade. Vive na era das ilusões, com a maioria de clubes no sistema sazonal, e que hoje pouco produzem na revelação de novos talentos.

Em alguns estados, o estadual serve de alicerce financeiro, como é o caso de São Paulo, com os clubes recebendo boas cotas da televisão.

Como poderão abandonar essas receitas sem um grande projeto mais consistente e renovador?

Esse é um debate bem importante que tem que ser promovido, mas o Circo está mais preocupado com coisas não institucionais que todos nós sabemos.

Criou-se um paradigma falso de que uma equipe pequena sobrevive por conta dos estaduais, o que não é a realidade, porque a maioria absoluta fecha as suas portas após os torneios e volta apenas no ano seguinte. 

São os ursos polares do futebol em seu processo de hibernação.

Quando se discute o calendário nacional observa-se uma miopia com relação aos menores clubes e só olham para os maiores. Existe uma sinergia entre esses, e que poderia sofrer uma ruptura com a simples extinção dos eventos locais, sem uma novo modelo para atende-los.

Na realidade precisa-se de coragem, seriedade para atacar o assunto, e não é apenas mexendo no calendário e retirar através de uma canetada os estaduais, que o problema será resolvido.

Uma analise profunda sobre o tema é importante, que tem que ser feita de região a região, clube a clube, para se separar aqueles que tem condições de sobreviverem ao capitalismo do futebol e os demais possam tomar um novo caminho.

Existem no país equipes sem estrutura ideal para o profissionalismo, e entendemos que deverão partir para o municipalismo a fim de se fortalecerem para o futuro, e sobretudo conseguirem agregar valores à sua demanda.

Os clubes aprovados deveriam participar de uma nova Série Nacional regionalizada, com acesso e descenso.

Trata-se de uma discussão que não pode ser feita de forma açodada, sobre o risco de quebra de uma importante cadeia produtiva, que é composta de grandes e pequenos, mas que contribuem para o esporte.

Não podemos ficar com a atual situação, fingindo que se faz futebol no Brasil, e por conta disso torna-se necessário que os caminhos sejam tomados com um único objetivo, o da perenização daqueles clubes que tem condições estruturais para o profissionalismo, e que esses joguem ao menos 10 meses ao ano.

Sendo assim, os novos talentos que hoje estão fazendo falta ao nosso futebol irão surgir, e a cara desse esporte irá mudar.

Enquanto a cartolagem não tomar uma atitude sobre o tema, que garanta as mudanças, os estaduais irão continuar chegando por  uma necessidade. e sobretudo pelo vazio que existe no processo.

Comentários   

0 #1 Artigo bom e ponderadoBeto Castro 07-10-2017 12:23
Gostei demais do equilíbrio e da ponderação deste artigo que chama os dirigentes estaduais e regionais à responsabilidade, sem o radicalismo do fechamento das Federações e o fim sumário dos certames estaduais. Não apenas São Paulo recebe boas cotas da TV, mas muitos outros estados. Exatamente por esses recursos que os campeonatos estaduais ainda resistem sem reflexão por parte dos dirigentes dos clubes e federações. Já o vi defendendo a implantação de uma série B dos certames regionais que seria a saída ideal para a manutenção dos certames estaduais. Esta divisão serviria como qualificador para as finais dos certames estaduais na primeira quinzena de dezembro, apenas com os clubes âncoras das copas regionais (Nordestão com 32 clubes) por exemplo, e mais o campeão e o vice da Série B regional num torneio de tiro rápido e provavelmente de grande sucesso. Assim, poder-se-ia manter a secular tradição dos títulos estaduais que também poderiam servir como classificadores para os torneios regionais, inclusive. Já seria um grande avanço na melhoria do calendário, já que os dirigentes maiores não pensam no desenvolvimento de todos os clubes, mas apenas nas suas doze tribos sírias apaniguadas ilegais, anti-federativos, sanguessugas, cínicas e contra-isonômicas. A maior realização das entidades estaduais e nacional seria a realização de Fóruns Nacionais e regionais de debates para se discutir temas importantes como o Fundebol, a Brascopa, as Copas Subcontinentais, o banimento do sistema suicida de acesso e descenso, a paridade percentual continental e o aumento dos participantes das séries nacionais confinadas no segundo semestre com no mínimo 40 clubes cada uma das cinco. Como exemplo possa citar a fusão dos quarenta clubes das séries A e B em quatro grupos semi-regionais e incluindo todos os 20 maiores clubes âncoras do Brasil do ranqueamento nacional que não seriam mais rebaixados. Todos os demais viriam dos certames regionais "A". Classificar-se-iam quatro de cada grupo para um mata-mata matador no sentido de sucesso, com dezesseis em novembro (16-8-4-2). No primeiro ano logo a seguir participariam os já classificados atualizados distribuídos nos quatro grupos. Os contratos individuais seriam cancelados com os clubes recebendo todos os recursos do fundebol com base no ranqueamento das federações estaduais, conforme já delineei várias vezes neste Blog.
Todos seriam clubes ricos e desenvolvidos com a geração de milhares de empregos e revelações nos duzentos clubes participantes das séries A à E. Francamente, nunca jamais entenderei como três dúzias de dirigentes ineptos impedem o crescimento econômico de seus clubes e federações com a manutenção desta corrupção sistêmica, sem qualquer reação dos clubes, técnicos e da imprensa. Excelente o levantamento do tema para que o debate e o contraditório se instale e se expanda. Pense num Fórum Nacional com doze câmaras discutindo cada tema dos citados e outros importantes, com especialistas convidados de todo o país, independente de sua postura crítica construtiva, sem peias e sem autoritarismo doentio. O Fórum de São Paulo em 1998 foi sensacional e resultou em importantes aprimoramentos no futebol brasileiro, apesar dos cochichos corrompedores de alguns dinossauros pré-históricos da corrupção síria sob o comando de Zé das Vacas (o Procurado) com a coordenação do Pai de Santo condenado por muitas mortes.
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