A pobreza do futebol brasileiro é retratada na euforia pela conquista do título da Libertadores pelo Grêmio, que para as mídias tornou-se o salvador desse esporte no Brasil.
O time gaúcho fez por merecer, posto que é aquele que consegue jogar o melhor futebol do país no meio de tanta mediocridade.
Alternou a temporada com bons e péssimos jogos, inclusive na Copa Continental que não apresentou grandes times, e sim medianos.
Ontem ouvimos e lemos muitas coisas sobre a terceira conquista do tricolor dos pampas.
Estátua para Renato Portaluppi, que vai conquistar o título mundial de clubes, heróis, e que não perderá do Real Madrid, são os rescaldos do pós jogo.
Aliás a palavra herói é banal no futebol, e essa foi dita e repetida por várias vezes com respeito aos atletas do Grêmio, que na verdade são pagos para jogar.
O verdadeiro herói no Brasil é o cidadão que consegue sair de casa e voltar com vida.
O time gaúcho não será aquele que irá tirar o futebol brasileiro da UTI, desde que o conjunto da obra é bem negativo, com a queda de qualidade. Foi um fato isolado e com um treinador obcecado, um craque chamado Luan, que sem duvida é o melhor jogador do Brasil.
Na década de 60 existia um clássico mundial, que ganhava as manchetes do mundo, envolvendo Santos e Benfica, e o confronto de Pelé e Euzébio. Era o verdadeiro futebol. O Brasil era cantado em prosa e verso como o futebol arte.
Conquistou cinco Copas do Mundo, os jogadores eram idolatrados, e com um bom mercado no futebol europeu.
De repente, tudo isso foi jogado pelas laterais do campo, dando o lugar a um novo futebol que passou a vir da Espanha, Alemanha e Inglaterra.
A nova tática da valorização da bola adotada no Velho Continente, que vem desde as suas categorias menores até profissionais, não foram acompanhadas pelo futebol brasileiro.
Deixaram de lado a era da bola aérea e de defensores brucutus, modelo esse que foi importado por nosso país, onde os chutões e a ligação direta são peças fundamentais.
Os treinadores utilizam a tática INFRAERO.
Não temos mais um meia armador de categoria para pensar o jogo. Hoje criaram um tal de 4.2.3.1, que proíbe as equipes de terem um jogo de qualidade.
Pelo menos o Grêmio não vestiu essa roupagem, e procurou inovar.
Em nosso país, a parte física derrota a técnica. Existe uma inversão tática, quem corre é o jogador e não a bola como deveria ser.
O que mais se reclama é o formato do seu Calendário. As carpideiras choram, mas nada é feito de concreto para modifica-lo.
Hoje o trabalho de nosso futebol é de curto prazo. O longo é uma palavra retirada do dicionário dos cartolas. No Europeu o treinador é mais longevo, no Brasil sempre é descartável a cada derrota, e tudo é reiniciado com a contratação de um novo.
O trabalho de formação é precário, e nos grandes clubes, visa apenas preparar jogadores para o mercado europeu. São gados de engorda.
Existe uma regressão que acontece em todos os setores, quando profissionais não aceitam por empáfia as novas tecnologias, sempre com a filosofia de botequim de bar na beira de uma estrada, de que o Brasil não tem nada a aprender.
Na verdade a regressão é latente.
Não temos técnicos diferenciados, poucos craques, dirigentes no modelo de Eurico Miranda, e uma imprensa que trata o futebol com humor.
O time gremista tem uma virtude, quando optou por uma competição, e acertou o alvo.
Renato Portaluppi poderia ser o ponto de ebulição na sua profissão, mas não tem o perfil para tal, posto que quando fica cansado com o sistema, pega sua bola de futevôlei e vai para as praias cariocas.
Comentários
0#1RE: UM CLIMA DE EUFORIA —
PLINIO ANDRADE01-12-2017 13:15
JJ: O artigo está perfeito, mas o amigo esqueceu da mediocridade da imprensa esportiva do Brasil.
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