Somamos muitos anos de experiência em esportes no Brasil, e isso facilita em muito as análises que procedemos sobre diversos temas relacionados ao segmento.
Um setor que tem despertado as nossas atenções é o jornalismo esportivo, que sem dúvida é importante, mas a cada dia tem pouca repercussão quando publica um fato.
Sempre citamos uma frase do jornalista Alberto Dines, que traduz essa realidade, quando afirma ¨que os escândalos que envolvem o futebol em nosso país mesmo sendo destacados na primeira página, acabam sepultados nas páginas esportivas¨.
Nada mais correto que tal interpretação, desde que políticos e empresários raramente mergulham nos cadernos esportivos a não ser que sejam torcedores, e por conta disso a notícia morre pois a sua repercussão vem desses segmentos.
Criou-se uma editoria nacional para o jornalismo esportivo, com uma linguagem que só atende aos torcedores mais apaixonados. No lugar do comprometimento essa passou a se preocupar com o varejo, deixando de lado o atacado, e que tem tem mais influência na televisão.
Nada melhor do que as notícias sobre Del Nero, e pouco vemos em nossas mídias, a não ser nas sociais que não são lidas pelos torcedores. Poucos brasileiros sabem do processo que corre na Justiça americana contra o cartola, pelo contrário esse continua sendo paparicado por muitos.
A TV aberta é resultante de um monopólio devastador, e tem um editorial esportivo comprometido com os direitos de transmissão. Não existe opinião e sim um padrão. Na Globo a opinião segue o rumo ditado pela empresa, tolhe em muito as análises que são procedidas. Não existe opinião, e sim uma defesa de interesses. O duro é sabermos que a empresa tem excelentes profissionais, que poderiam dar uma grande contribuição para mudarmos o sistema.
Não se debate a decadência do futebol brasileiro, não é permitido falar sobre o pernicioso calendário, e os resultados estão bem patentes, estádios vazios, futebol medíocre, mas que é enaltecido como o melhor do mundo. Dunga que foi, já era. Hoje a bola da vez é o ¨professor¨ Tite. Quanto tempo irá durar essa lua de mel? Quando os interesses não forem afetados.
Os programas esportivos tanto na TV aberta, como alguns na fechada, tornaram-se peças de um humorismo barato de botequim. As coberturas do dia a dia dos clubes tornaram-se repetidoras do que os cartolas falam. Fatos acontecem e passam despercebidos. Não investigam, apenas repetem.
O torcedor brasileiro é alienado e faz parte de um processo colonialista que aconteceu no Brasil com a sua população, onde os donos do poder evitaram dar uma melhor educação, inclusive alfabetização , para que essa ficasse a mercê dos ¨coronéis rurais¨e depois do asfalto, e com isso permanecem no poder.
Não temos a menor dúvida que o futebol brasileiro hoje seria outro, se o jornalismo esportivo pudesse realizar um trabalho investigativo, como fazem Lucio de Castro e Gabriela Moreira, andorinhas raras em nosso verão, ou mesmo analítico, independente, buscando os fatos nas próprias fontes, dando assim a contribuição para que o esporte fosse transparente e de conhecimento de todos.
Temos bons jornalistas, mas que lutam pela sobrevivência em um mercado restrito, e por conta disso as notícias reais muitas vezes são escondidas, fato esse que é ruim para a democracia, desde que temos que continuar convivendo com os Del Neros e Nuzmans da vida, e outros personagens menores do esporte brasileiro.
Falar a verdade sobre os esportes, em especial em nosso estado é sinônimo de ameças de morte.