O carnaval e o futebol são dois importantes segmentos de nossa cultura, e que apresentam uma identidade bem próxima no tocante as suas evoluções, especialmente em nosso estado.

Ambos perderam as suas bases.

O Carnaval pernambucano perdeu as suas raízes por conta de uma multiculturalidade que foi criada para ser vendida às diversas cervejeiras, distanciando-o do povo.

O esforço dos gestores para a preservação das nossas raízes é uma luta ingênua.

Na semana anterior um bloco local desfilou na Avenida Beira Rio, com trios elétricos, e o que ouvíamos eram músicas dos carnavais mais antigos, misturadas com o frevo baiano, além de outros ritmos que nada tinham a ver com o segmento.

Trata-se de uma mistura que afronta a dignidade dos foliões, que conseguiram dar ao frevo uma dimensão além das fronteiras, e hoje vem minguando em nome do progresso.

Os jovens dos celulares, dos zaps não conhecem o Carnaval do povo, com blocos nas ruas, desfilando nos bairros com as suas tradições e rivalidades. A cada passagem arrastavam os foliões que o seguiam.

Onde andam Toureiros, Bola de Ouro, Pás, Lenhadores, Batuta de São José, entre tantos outros? Onde andam os maracatus com suas roupagens vistosas. Onde andam as troças dos bairros, os ursos de porta em porta, solicitando a colaboração da população?

Hoje as ruas estão vazias, criaram-se polos de animação em alguns setores, onde tem de tudo, menos o frevo, mas fazem a alegria de alguns segmentos.

O Carnaval atual é o das cervejarias e do marketing. É uma festa do palanque. Uma aparência total com o futebol.

Esse também sofreu a influencia de um progresso equivocado e perdeu o contato com suas raízes.

Onde estão as grandes equipes? Onde estão os craques?

Onde está o Náutico Capibaribe de Ivan Brondi, Bita, Nado, Salomão, Lula Monstrinho, Nino, entre outros? Onde está o Santa Cruz, de Lanzoninho, Adelmar, Zequinha, Fernando Santana, Luciano, Givanildo e tantos outros? E o Sport de Bria, Pedro Matos, Zé Maria, Carlinhos, Djalma, Juninho Pernambucano, Sandro, e tantos outros.

Onde está o América de Cido, Geroldo, Neca, Macaquinho, Decadela, Mourão, e tantos outros? E o Ferroviário de Pitoco, Baiaco, Renato e companhia?

Esse futebol de raízes, com a maioria de atletas locais, mesclado com alguns profissionais de bom nível que aqui chegavam, foi substituído por um novo, que sequer conseguimos gravar os seus nomes.

Esses chegam e vão embora sem deixar saudades. Jogam, recebem bons salários e dão adeus em busca de novos caminhos.

São os novos protagonistas do moderno futebol, das faltas, da linha direta, e sem a habilidade do verdadeiro craque. Uma boa parcela é produzida pelos marqueteiros.

Na realidade esses dois produtos sofreram com a influencia de uma globalização mal programada, e não tiveram o suporte para uma reação positiva, e ambos se entregaram ao mercantilismo que rende dinheiro para as empresas e pouca cultura para os consumidores.