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Escrito por José Joaquim

O futebol que os ufanistas chamam de moderno conseguiu eliminar o antigo meia esquerda. Era aquele que pensava o jogo com uma visão privilegiada.

Vimos jogar um dos maiores de todos até hoje no Brasil, Didi, com a elegância e o trato da bola com requinte fazia o seu time andar. Era sensacional.

Não tivemos a oportunidade de assistir um jogo com a presença de Jair da Rosa Pinto, que também foi um dos maiores meias do futebol brasileiro. O chamado meia-esquerda foi eliminado nas novas táticas aplicadas pelos técnicos.

Com as mudanças que foram efetuadas, os jogadores mais refinados desapareceram.

A camisa 10 hoje é utilizada pelo jogador com maior qualidade do elenco, mas não tem nada a ver com aquele pensador, um maestro no gramado regendo uma sinfonia.

No Brasil o último dos moicanos foi Paulo Henrique Ganso, que tinha uma visão de jogo acima do limite, e os seus lançamentos sempre achavam alguém pronto para fazer o gol. Hoje está no ostracismo. Ademir da Guia brilhou na famosa Academia do Palmeiras.

Gerson era o canhotinha de ouro, lançava uma bola numa distância de 50 metros. Roberto Rivelino era um maestro nessa posição.

Infelizmente hoje no Brasil não existe um meia-esquerda que se destaque.

Zico foi um camisa 10, mas enquadrado como um meia atacante, e por conta disso sempre foi o artilheiro do seu time. Se aproximava dos antigos meias.

Em Pernambuco tivemos bons exemplos de meias esquerdas. Raul Bentacor, Sport, Ivan Brondi, Náutico, Vadinho, do Central, eram os articuladores dos seus clubes. Tratavam bem a bola. 

O maior exemplo desse abandono está no trabalho de formação, que troca o talento pela força. Os brucutus ganharam espaço.

O talento foi trocado pelos combatentes, dentro do esquema quanto mais dureza melhor.

O meia esquerda de alto nível desapareceu.

Os campos foram tomados por jogadores como Felipe Melo, Casemiro e Paulinho, esses dois últimos titulares da seleção do Circo.

Criaram um espaço para o segundo volante, que na verdade é um semi-brucutu, com um pouco mais de pensamento.

Na Copa da Russia, a melhor seleção até o momento é a Bélgica, que tem dois meio-campistas com os mesmos estilos dos antigos. Hazard e De Bruyne desequilibram.

A bola fica feliz por ser bem tratada.

Outro meia-esquerda que enche os olhos é o colombiano James Rodrigues. O seu passe no terceiro gol no jogo contra a seleção da Polônia foi uma obra prima.

A típica jogada que desmonta qualquer retranca.

Na seleção uruguaia, o meia Bentacur é um dos que sobraram dessa escola que foi atropelada pelo sistema.

O futebol ficou torto, o jogo sempre fica de um lado, quando o outro torna-se ocioso e vazio.

O jogador que pensa preenche esses espaços com as suas jogadas e o sucesso da equipe belga é o maior exemplo.

A seleção do Circo é insossa, não tem graça, sem um meio de campo de bom nível, nem qualquer esquema. É a tática capenga.

O seu sofrimento é o retrato dessa realidade.

Que voltem os meias esquerdas ao nosso futebol.

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