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Escrito por José Joaquim

Por Augusto Mafuz

Se não ocorrer mais episódios relevantes para a virada da Bélgica sobre o Japão, essa Copa do Mundo não vai conseguir desviar-se do caminho que tomou: o de ser uma Copa que fez o futebol como jogo de variações táticas e do talento individual, retroceder 10 anos.

As únicas que tem uma ideia que poderiam, em definitivo torna-se universal já foram embora: a Espanha, levou o mesmo sentido de jogo que só foi possível com aquele time que Casillas, Puyol, Xavi e Xabi Alonso, a Alemanha, porque está renovando o grande time de 2014, foram a Rússia mantendo o jogo que toma conta dos espaços com o passe em sentido vertical.

De resto, se há alguma ideia que marque, até agora não foi exposta.

O Brasil continua caminhando sobre águas. Embora não tenha padronizado em definitivo o seu jogo, não se pode afirmar que tenha alguma nova proposta, ou pelo menos uma ideia.

Matéria cansativa é essa, eu sei. Não gosto, mas o que fazer?

Dizem que a adoção de ex-jogadores como comentaristas, as transmissões dos jogos tornaram-se chatas. Concordo por que aprendi há muito tempo, lendo Nelson Rodrigues, que futebol se analisa com a alma e não com números.

Mas ainda é consolo. Leiam parte do que o notável jornalista Fábio Altman, do site e da revista Veja, escreveu depois de ver o quadro ¨A Volta do Filho Pródigo¨de Rembrandt, no Museu Hermitage.

¨Dói ver o filho de joelhos, de costas, arrependido por ter dilapidado o dinheiro da família tendo as mãos do pai como único consolo. É uma das coisas mais bonitas que o ser humano já fez, algo assim como o drible de Pelé no goleiro uruguaio Mazurkievski, ou o chute de Pelé do meio de campo contra o tcheco Viktor, ou a cabeçada de Pelé para a defesa de Banks, todos os três na Copa de 1970.

Mas o que tem a ver o Rembrandt do Hermitage com a Copa do Mundo da Rússia?

Tudo porque não dá para viver só de gols de pênaltis, de cabelo a miojo ou de VAR. A Volta do Filho Pródigo é necessária.

É uma dessas telas pelas quais, como os gols de Pelé o ¨difícil¨, o extraordinário, não é fazer mil gols, como Pelé; e fazer um gol como Pelé¨, escreveu Carlos Drummond de Andrade, não há outra igual¨. 

Quando pensamos, que em um dado momento da vida, nossos sentimentos já cansados, estão em repouso, volta Fábio Altman com uma sensibilidade de Rembrandt, Pelé e Carlos Drummond de Andrade, para provocar nossas emoções.

Sobre o autor: Augusto Mafuz é colunista do jornal Tribuna do Paraná, advogado e jornalista há mais de trinta anos conhece o futebol para muito além das quatro linhas. Faz um jornalismo independente. Na verdade é um poeta à serviço do esporte.

Comentários   

0 #5 RE: A VOLTA DAS ILUSÕESPEDRO CORDEIRO 05-07-2018 14:18
JJ: Depois que me deparei com os comentários não vou postar o meu pensamento, e sim assinar embaixo desses. O amigo tem a capacidade de escolher certo, e esse artigo do Mafuz é a prova disso.
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0 #4 RE: A VOLTA DAS ILUSÕESCLOVIS ARRUDA 05-07-2018 12:30
JJ: Um artigo primoroso. Parabéns por trazê-lo para os seus visitantes. O blogueiro sabe escolher artigos que se coadunam com a linha do blog que é feito para quem pensa.
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0 #3 RE: A VOLTA DAS ILUSÕESRUBRO-NEGRO 05-07-2018 11:17
JJ: Um bonito artigo, escrito com inspiração que parece cansado de mostrar os caminhos para melhorar o futebol. Beto em seu comentário oi definiu. O amigo sabe escolher os artigos de terceiros que se enquadrem na linha adotada pelo blog.
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0 #2 RE: A VOLTA DAS ILUSÕESANTONIO CORREIA 05-07-2018 11:06
JJ: É importante a publicação de alguns artigos como esse de Augusto Mafuz que dificilmente chegariam ao nosso conhecimento. Uma página bem elaborada, e transmitindo um belo recado, dentro do espirito do blog.
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0 #1 Obras PrimasBeto Castro 05-07-2018 10:04
Esta comparação das três sensacionais jogadas de Pelé na Copa de 70 com a pintura de Rembrandt e as observações de Drummond provam as observações de Nelson Rodrigues - um simples artigo num jornal ou num blog pode vir de uma alma já cansada, mas que pode se reinventar a qualquer hora. Felizmente, esta Copa do Mundo não retrocedeu dez anos, pois os gols do Japão e da Bélgica foram verdadeiras obras primas. Discordo sobre os comentários dos atletas - eles comentam como almas que já estiveram nas quatro linhas e os árbitros também. Analisam os jogos e as táticas aprendidas pelos técnicos como verdadeiros gênios da bola, com a alma e a experiência de muitas batalhas já vencidas. Crônica belíssima do Mafuz e ponto para o Blog do JJ que também esteve lá na organização do melhor esporte do mundo. Afinal, todos trabalhadores precisam ganhar a vida com o suor da sua labuta.
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