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Escrito por José Joaquim

Por Paulo Cezar Caju- O Globo

A variedade de origens é uma das belezas da seleção francesa. Isso faz bem ao futebol! 

França campeã, impossível não me emocionar. Fui o primeiro brasileiro campeão mundial a jogar naquele país. Tinha algumas opções, mas escolhi o Olympique de Marseille por ter um clima parecido com o do Rio da Janeiro.

Quando jogava pelo Flamengo e fazia um excursão na Alemanha, Daniel Stern, fundador do Paris Saint Germain, e o lendário Just Fontaine, me visitaram na concentração, e me convidaram para o PSG, que acabara de subir para a primeira divisão. Neguei porque o frio parisiense me assustava. Depois acabei indo para o Olympique.

Não imaginei que pudesse voltar ao Brasil, porque era tratado com muito carinho pelo torcedor, na verdade pelo povo francês. Mas Francisco Horta me convenceu a voltar para o Flu. De qualquer forma, me sinto um dos responsáveis por abrir essa porta ao mercado brasileiro. Indiquei Jairzinho, o Furacão, e jogamos juntos. O sucesso foi tanto que o estádio do Olympique precisou ser ampliado para receber mais torcedores. Apredi a língua , fiz amigos, como os atores Jean-Paul Belmondo e Alain Delon, o tenista Yannick Noah, e o príncipe Albert, do Mônaco.

Colecionei gravuras e Picasso, Monet, Salvador Dalí e uma revista de arte fez uma capa com o título ¨De Paul Cézane a Paulo César¨, exaltando a poesia do futebol brasileiro. Era convidado para os grandes eventos e recentemente, fui consagrado com a Legião de Honra, importante comenda do governo francês.

Vi muitos imigrantes correndo nas ruas da França. Fugiam da polícia que os impedia de vender suas bolsas ¨Louis Vitton¨ nas áreas turísticas. Nessa época apenas dois jogadores negros atuavam na seleção: Marius Trésor e Jean Pierre Adams, apelidados pela imprensa de ¨La garde noir¨, a guarda negra. Muita coisa mudou de lá para cá, ocorreram avanços na política e a França, com certeza deve ser a seleção mais miscigenada.

Sobre essa grande variedade de origens, Matuidi, descendente de angolanos e congoleses, disse que a diversidade é uma das belezas da seleção francesa e, por isso sentia orgulho em representa-la. Matuidi e outros 17 jogadores são filhos de imigrantes ou nasceram em outros países e se naturalizaram. As raízes são as mais diversas: Filipinas, Haiti, Congo, Senegal, Mali, Angola, Guiné, Togo, Mauritânia, Argélia, Camarões, llha de Guadalupe, Martinica, Alemanha, Espanha e Portugal.

Isso faz bem ao futebol? Para a França fez! E muito. Não sou historiador, e a Croácia também tinha seus motivos extra futebol para ganhar o titulo, mas falo da França por minhas ligações sentimentais.

Se pudesse escolher a campeã da Copa, seria a Bélgica, que apresentou o futebol mais bonito, técnico e veloz, Entre França e Croácia, a França. Tem muito mais jogadores técnicos e Didier Deschamps se deu ao luxo de não precisar usar todos os seus reservas, alguns muito bons de bola., como Thomaz Lemar e Dembelé. Esta Copa foi a vitória do futebol, porque as três primeiras mereciam o título, e mesmo Didier Deschamps, uma espécie de Dunga francês, curvou-se ao futebol ofensivo.

Claro que não surgiu um novo Michel Platini, um novo Zinedini Zidane, mas podemos dar vivas a esta escola maravilhosa, que encanta o mundo não é de hoje.

Viva, Just Fontaine, Lilian Thuram, Thierry Henry, Marcel Desailly, Cantona, Mbappé, Griezmann e Pogba! Viva o futebol! Viva a diversidade! 

Comentários   

0 #3 RE: VIVA A DIVERSIDADE! VIVA A FRANÇA!RUBRO-NEGRO 17-07-2018 14:12
JJ: Beto tem razão. Além de ser um craque no futebol é um poeta no texto. Parabéns pela publicação desse bonito artigo.
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0 #2 Um caju poetaBeto Castro 17-07-2018 11:40
Paulo César Caju, além de ter sido um craque extraordinário, é também um excelente jornalista e poeta. Numa cajadada só de poucas linhas, fez uma justa homenagem aos francos-africanos e descreveu fases importantes de suas memórias. Ainda tem muito para escrever com a sua pena leve neste mundo do futebol de empáfia, arrogância e narcisismo. Obrigado por nos trazer esta pérola.
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0 #1 RE: VIVA A DIVERSIDADE! VIVA A FRANÇA!ANTONIO CORREIA 17-07-2018 11:24
JJ: Caju tem uma boa pena. Esse artigo reflete muito bem a realidade francesa e sua miscigenação, a qual esse teve a oportunidade de conhecer o seu principio. Você escolhe muito bem os convidados para o seu blog.
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