O Novo Hamburgo campeão do estadual gaúcho ainda não confirmou a sua presença na Série D Nacional, e só irá resolver no decorrer desta semana. Motivo: Os débitos que foram acumulados durante a competição, inclusive com atrasos salariais. Sem duvida tal fato é a cara do futebol brasileiro.

Um dos maiores problemas do esporte da chuteira no país, continua sendo a falta de perenização, fato esse que repetimos com exaustão, mas as palavras escritas voam com o soprar dos ventos. Sem uma temporada completa durante todo o ano, foi criada uma nova classe de trabalhadores: ¨Os Sem Futuro¨.

Por outro lado o futebol brasileiro continua com uma estatística cruel, que mostra o seu universo, quando 82% dos jogadores registrados no Circo, recebem até 2 salários mínimos, R$ 1.974,00, que é sem dúvida um dado alarmante, e que mostra de forma clara o mundo de ilusão que está localizado nesse esporte.

Um grupo restante de 15% recebe acima de 20 salários (acima de R$ 18,740), e 3% acima de R$ 150 mil, muito embora a maioria desse grupo recebe pelo direito de imagem e atuam nos chamados grandes clubes.

Obviamente que no mundo capitalista, nem todos os salários são iguais. Existem os que ganham mais e outros menos, mas na vida do futebol, que é o sonho de muitos jovens, os contrastes são mais gritantes de que acontece nas outras categorias. A grande maioria só trabalha por quatro meses ao ano, enquanto as demais tem a garantia de empregos mais perenes.

O atleta do futebol no Brasil mesmo nesses quatro meses de vida na profissão sofre com a ausência de uma fiscalização, e de uma entidade que não tem credibilidade para apoia-lo. Muitas vezes não recebem salários de forma correta, que é determinado pela legislação, e pelo menos 30% dos clubes atrasam os seus pagamentos, e em muitos casos, a filosofia de Vampeta é aplicada, em que se finge que se paga, e os profissionais fingem que jogam.

Quantas vezes uma competição encerra-se e os atletas não recebem o acordado? As Varas da Justiça do Trabalho ficam lotadas de processos, e muitos não terminam em nada, desde que os devedores não tem recursos para a quitação do débito. Tais atrasos também existem em clubes maiores, que inflam as suas folhas salariais, e não contemplam em seus orçamentos valores para quita-las.

A maioria dos profissionais do futebol brasileiro é nomande, assinando contratos para as competições locais, e depois ficam procurando outras alternativas, muitas vezes no próprio estado, nas divisões menores, mas nos últimos anos vem enfrentando dificuldades desde que essas estão exigindo jogadores sub-23 em seus regulamentos.

Pelo que analisamos existe uma verdade no futebol brasileiro abafada por uma mídia que só observa as grandes contratações, os clubes maiores, e deixam de lado o que é mais importante, o futuro de uma massa de trabalhadores que vive sem rumo por uma parte do ano.

Uma fórmula simples poderia ser aplicada, com um calendário anual que possa criar condições para um clube disputar uma competição pelo espaço de dez meses, deixando de ser sazonal.

Tal fato iria melhorar a estrutura financeira do futebol, inclusive no sistema salarial. Uma coisa arrasta a outra.

O resto é chover no molhado, e todos continuando nessa Ilha da Fantasia, com uma bela roupagem e o interior apodrecido.