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Escrito por José Joaquim

A sociedade brasileira é bem interessante. O Brasil é um país surrealista. Até o impeachment de uma presidente tem um jeitinho e transforma-se em meia boca, como aconteceu com uma decisão grotesca do Senado Federal ao votar pela continuidade dos direitos da afastada.
O surrealismo continua com diversos advogados defendendo no STF que a prisão de um condenado só poderá acontecer quando do último recurso, sob a alegação que os pobres irão sofrer. Nunca vimos tanta hipocrisia. Pobre não tem dinheiro para pagar a esses juristas e vai bater na cadeia de imediato. Os ricos corruptos tem como se defender, e mesmo condenados passam anos nas gavetas das diversas instâncias, vivendo como dantes, inclusive com o o mesmo modus operandi.
Apenas para avivar a mente dos Ministros do STF que estão analisando o assunto, existe um trabalho no Ministério da Justiça mostrando que a participação dos corruptos na população carcerária brasileira é de 0,2%, o que mostra de forma clara a impunidade reinante.
Mas vamos ao que nos interessa e o surrealismo no futebol é algo tão latente, com relação ao comportamento do torcedor, quando o comparamos com o eleitor. Não existe, na verdade, algo mais parecido entre essas duas vertentes, o que demonstra a falta de maturidade de nossa sociedade.
O torcedor é um apaixonado e não consegue vislumbrar o que acontece no entorno do seu clube. Basta uma contratação, uma vitória, tudo é esquecido, até mesmo os buracos encontrados na sua vida financeira.
Por sua vez, o eleitor não liga para a politica e para os políticos. Não pensam, nem comparam os candidatos. Os que recebem as benesses do setor marcham com esses, mesmo sabendo que esses muitas vezes embolsaram dinheiro público.
O torcedor se delicia com a conquista de um campeonato e não tem interesse em tomar conhecimento de que alguns dos envolvidos no processo não estão com interesses clubísticos e sim pessoais, que muitas vezes resultam no incremento de suas riquezas. Quando sócio, no processo eleitoral os apoiam fazendo que o ciclo vicioso continue.
O eleitor acredita no marketing promovido pelos profissionais que vendem um peixe podre, como um de alta qualidade, e fica satisfeito com qualquer benefício financeiro.
Trata-se de uma realidade social que acompanhamos há vários anos, e tais fatos tornam o torcedor e o eleitor como irmãos gêmeos do desligamento do processo politico já que são os seus principais participantes. O resultado da equação é a presença de um Del Nero e outros cartolas e de políticos corruptos nos diversos segmentos.
Por conta disso, tanto o futebol como a politica apodreceram no país.
Escrito por José Joaquim

Qual a razão da realização de um jogo entre dois clubes locais pela Copa Sul-Americana na Arena Pernambuco no horários das 22 horas?
Qual a razão de que tal jogo seja televisionado de forma direta para a praça local, motivando a presença dos torcedores em suas poltronas?
Qual a razão de que os cartolas aceitam essa imposição autofágica? A presença de apenas 6.570 torcedores no local demonstra claramente que algo de errado existe em tal processo.
Na realidade trata-se de uma autofagia programada. Jogar sem torcida é como um padre rezar uma missa sem fiéis. Afeta inclusive na qualidade do jogo. 
Óbvio que o horário das 20h seria o ideal, sem a presença da televisão que só olha para a sua grade de programação, e por uns pequenos trocados consegue trazer o acordo de clubes necessitados como os nossos.
Já temos um calendário suicida, já temos uma overdose de jogos nas telinhas, já temos um futebol de péssima qualidade, e pautar um evento no horário bacurau é certamente de uma maldade extrema, que é acobertada por todos os segmentos.
Sport e Santa Cruz em dois encontros por essa competição mequetrefe colocaram menos de 13 mil pessoas na Arena, o que mostra de forma clara o repúdio do torcedor ao sistema, ao horário programado, mesmo em um estádio de boa qualidade.
O futebol com exceção de alguns poucos clubes que motivam seus torcedores, que não chegam a cinco, está sendo trucidado por conta de uma falta de planejamento. O calendário é imbecil, feito por apedeutas. Luta contra as janelas de transferências, e somente nessa última 31 jogadores que atuavam no Brasileirão seguiram para o exterior, criando problemas para os clubes disputantes e reduzindo mais ainda a qualidade da competição que já é duvidosa.
Deixamos de analisar os esportes brasileiros por um bom período. Resolvemos por conta própria dar um tempo ao tempo e organizar um livro com vários artigos publicados. Voltamos e nada mudou no futebol nacional. A mediocridade reina, Del Nero ainda é presidente do Circo Brasileiro do Futebol, o sistema continua, poucos clubes se estruturaram para o futuro, os demais vivem em crise e no improviso o que não é novidade, desde que fazem parte de um sistema que reina em nosso país, corrompido, superado e que necessita em todos os seus setores de uma lavagem geral, que não será promovida com o tipo de gente que o comanda, pelo contrário farão de tudo para riscar do mapa o legado da Operação Lava-Jato que foi a única coisa boa que aconteceu nos últimos anos.
Somos todos culpados desde que permitimos que o sistema autofágico tomasse conta do país e em especial do futebol brasileiro. A reação do torcedor é unilateral e só acontece quando o seu clube vai mal, quando o problema maior é institucional. 
Chega de autofagia. Chega de cartolas superados e espertos. Precisamos mudar antes que a última pá de terra seja jogada no caixão com o cadáver do futebol.
Escrito por José Joaquim

Assistimos no final de semana o jogo entre Hull City vs Manchester United, times de portes bem diferenciados, mas que realizaram uma partida emocionante e decidida aos 48 minutos do segundo tempo de forma favorável ao time de José Mourinho.
Estádio lotado, bem disputado mesmo com a diferença de forças, o que demonstra de forma clara a papel da distribuição dos recursos dos direitos de transmissão que possibilita um clube menor a ter um elenco com condições de uma boa participação.
O problema brasileiro é que o seu futebol tem uma dona, a Rede Globo, que ao comprar os direitos de transmissão toma conta do pedaço e manda no calendário, muda datas e horários dos jogos, e mata os clubes menores com uma esmola se comparada com os recursos distribuídos para os maiores.
Sem um maior equilíbrio a tendência é que a competição seja invertida, quando a maior disputa se reflete na parte da luta contra a degola. O público reduz e hoje três clubes representam 60% do total de pagantes do atual campeonato.
Não existe nada mais perverso do que o monopólio, e o futebol decadente do nosso país é um reflexo de tal fato. No futebol inglês três grandes empresas de comunicação dividem os direitos de televisionamento. Sky Sports (canal pago), BT Sports (pago) e BBC (canal aberto). Os direitos diferem na veiculação dos eventos.
A partilha das receitas tem um modelo bem democrático. 50% é dividido igualmente, 25% por colocação e 25% por audiência. Bem diferente do que acontece no Brasil, todas as partidas transmitidas são efetuadas de forma nacional, ou seja para todo o país, enquanto a Globo veicula apenas as partidas dos times do Rio e São Paulo, colocando uma regional a cada rodada. Tal fato representa uma quebra de visibilidade dos demais clubes.
Na realidade a cartolagem brasileira por conta das dificuldades dos seus clubes aceitam de forma silenciosa um crime que é cometido contra o futebol. Antecipações de receitas tornaram-se importantes para a cobertura dos rombos financeiros, no sistema de se cobrir um santo e descobrir um outro.
Um dos fatores da decadência do futebol nacional, além das gestões amadoras e apaixonadas é sem dúvida o modelo adotado para a distribuição de receitas. Na verdade com maiores recursos os clubes poderiam se formatar com maior qualidade e motivar os seus torcedores, que hoje apenas são meros figurantes no processo autofágico instalado.
Para os que fazem o nosso esporte da chuteira, os ingleses não devem ter inteligência na sua formatação, e que nós somos espertos por mantermos um sistema apodrecido, inclusive no processo dos direitos de transmissão, mas a verdade é bem diferente, a Premier League faz o melhor campeonato do mundo, e o nosso é a própria representação do que chamamos de mequetrefe, embora o jornalismo Pokemon enalteça a pobreza técnica que reduz o público, por uma questão de sobrevivência.
Por conta disso o Equador é um adversário perigoso, quando em outras épocas teriamos uma goleada. Sinais de um novo tempo.
 
Escrito por José Joaquim

Publicamos vários artigos sobre a necessidade de planejamento nos esportes e em especial no futebol. Infelizmente embora tenha acontecido algumas melhoras, os clubes brasileiros ainda pecam pelo amadorismo ou com gestões apaixonadas que os tornam inviáveis.
Temos dois exemplos para comparação. De um lado o São Paulo que foi em épocas anteriores o clube padrão do Brasil, e que tornou-se decadente graças a gestões ditatoriais e concentradas em pessoas sem o devido preparo. Do outro o Flamengo, um clube com alto potencial que foi despedaçado muitos anos por dirigentes populistas que o levaram para a beira do abismo.
Hoje o clube carioca é o bom exemplo de uma boa gestão que trabalhou com um projeto estratégico, objetivando o equilíbrio financeiro inicialmente, reduzindo os seus débitos e criando receitas de todos os níveis. Um trabalho a longo prazo sem açodamentos, na certeza de que o futuro seria promissor.
Três anos após o clube carioca transformou-se, com as maiores receitas do país, com um passivo devidamente equacionado, e os resultados começaram a aparecer. Hoje é dono da maior receita do futebol brasileiro. O time ocupa a vice-liderança do Brasileirão, fato esse que não acontecia há alguns anos.
Planejar é fundamental, e isso foi realizado pelo Flamengo, através de um trabalho profissional, com dirigentes que conheciam do riscado, técnicos de reconhecidas capacidades, e como nada acontece por acaso, os reflexos aos poucos estão sendo sentidos, na certeza de um futuro promissor.
Não é difícil planejar. Basta gestores competentes e com uma visão macro do processo, com profissionais de bom nível nos principais setores. Amadores não tem lugar, muitos menos os gestores oriundos das arquibancadas.
A última conquista do rubro-negro carioca acabou de acontecer como um premio pelo trabalho implantado, quando após muitos anos o valor da sua marca conseguiu ultrapassar a do Corinthians, segundo o trabalho apresentado pela BDO.
Não precisa ser um clube do porte do Flamengo para atingir melhores objetivos. O planejamento estratégico pode ser aplicado em outras agremiações, que sem dúvidas o sucesso baterá em suas portas.
Um bom exemplo que deveria servir de espelho para quem deseja fazer um clube de futebol com um futuro positivo. Hoje o Flamengo que era um clube endividado, com sérios problemas navega em águas calmas, enquanto aquele padrão da década anterior como o São Paulo, encontra-se em turbulência prestes a afundar.
O futebol brasileiro tem que ser repensado, inclusive cortando muitas cabeças que estão à frente de seus destinos.
Escrito por José Joaquim

O Brasil é um país que sofreu um processo de decadência em todos os seus setores. Os esportes não estão numa ilha isolada livres da contaminação. Quando comparamos todos os segmentos que fazem parte da sociedade brasileira, ficamos na certeza de que rolamos uma ladeira e não conseguimos parar. 
A Copa do Mundo de 2014 poderia ter sido o ponto de partida para as mudanças do nosso futebol, inclusive com o afastamento daqueles que o comandavam. Nada aconteceu, tudo continuou como dantes, e a ladeira vai se transformando em um buraco sem fundo.
As Olimpíadas realizadas no Rio de Janeiro no aspecto de produtividade técnica foram um fracasso para o país. Os dias já estão se passando e não vimos nenhum debate para o futuro, pelo contrário a manutenção do status quo com mais um mandato para o presidente do COB, Carlos Nuzman. Virou um feudo.
As Confederações e Federações continuarão com seus decanos, apesar de tantas irregularidades, inclusive o Circo Brasileiro de Futebol, que é chamado de CBF, com um presidente enclausurado no país. A fuga dos torcedores é um reflexo da péssima gestão.
Os esportes brasileiros como a própria sociedade não acompanharam a evolução do mundo global, e continuam com procedimentos arcaicos e com modelos de gestões alienados e ultrapassados.
As gestões do clubes não acompanharam as inovações oferecidas pelo mundo, as novas tendências. O mercado esportivo em especial o do futebol tem uma demanda fiel, que é representada por seus torcedores, e que ainda dão uma sustentação hoje razoável, mas existe um esgotamento e aos poucos vão se distanciando, em busca de clubes europeus ou de outros eventos de lazer.
É preciso mudar, renovar os conceitos de gestão e investir nos recursos humanos, captando profissionais qualificados, sérios, para que possam dar o rumo necessário para que voltem aos bons momentos da história. 
O jornalismo esportivo necessita de pensadores como no passado, autênticos formadores de opinião, Vivemos numa seca com um modelo Pokemon, sem as análises e previsões para o futuro.
É preciso mudar, ou irá faltar um personagem para apagar a luz.