NOTA 1- LAMBANÇAS
* O futebol de Pernambuco teve uma segunda-feira de lambanças, o que aliás não é novidade, desde que isso faz parte de sua vida diária.
O Central que continua sendo de Caruaru, desde que não tomamos conhecimento de sua saída para outra cidade, jogou o classificatório no seu estádio, cujo gramado tinha sido consumido pela seca, mas aprovado pela ¨vistoria¨ da Federação. Deixaram a bola rolar numa situação precária.
Sem consultar a Policia Militar do Estado, a entidade que administra o futebol local marcou a partida entre o time patativa e Náutico para a Ilha do Retiro, deixando a sua torcida com 138 km de distância. Uma pauleira no sistema de interiorização.
Mudaram o local mas não conversaram com quem de direito, que garante a segurança dos jogos. Quando o Batalhão de Choque tomou conhecimento, de imediato comunicou que não teria efetivo suficiente para dois jogos na capital, já que no Arruda o Santa Cruz iria enfrentar o Belo Jardim.
Um corre, corre, nos corredores da rua Dom Bosco, e no final da noite entenderam o que deveria ter sido feito muito antes, ou seja levar a partida para o Antônio Inácio, que fica na capital do Agreste, que é acanhado, mas o gramado conseguiu sobreviver.
O mais interessante de tudo, é que o evento será de torcida única, com a do alvirrubro de Pernambuco sendo barrada no baile.
Já não bastasse a fórmula Mandrake do estadual, com um clássico abrindo o campeonato, apareceram mais lambanças, que deverão persistir até o final dessa competição.
São coisas do futebol pernambucano, cuja federação deseja acabar com a Copa do Nordeste, que na realidade também marcha para a inanição por ter perdido o seu conteúdo.
Incharam -na tanto que vai acabar explodindo.
NOTA 2- SEGURANÇA PRIVADA
* Recebemos no dia de ontem um email que nos questiona sobre a presença de policiamento do estado no interior dos estádios.
Trata-se de um debate que existe há alguns anos e até hoje não se chegou ao consenso.
No futebol europeu a segurança é particular, cabendo a policia o patrulhamento fora do campo de jogo.
Na verdade a Série A Nacional, cujos participantes gastam fortunas em contratações e salários, já deveria ter adotado esse sistema, entregando a uma empresa particular a parte interna das arenas.
Isso aliviaria o estado brasileiro, que iria trabalhar apenas com a sua Policia nas ruas.
O futebol é privado, como uma casa de eventos, sendo que essas tem a sua segurança própria, recebendo o auxilio do policiamento nas próximidades.
Em competições menores, as finanças dos clubes ainda não comportam um custo como esse, mas com a evolução financeira o modelo também poderá ser implantado.
Um dos projetos apresentados no relatório da CPI do Futebol, é o da obrigação de segurança privada nos estádios, quando altera o Estatuto do Torcedor para prever o uso desse segmento no interior dos locais de eventos esportivos, como a responsabilidade civil, administrativa e penal do proprietário do local quando o torcedor sofrer dano ou lesão em razão da não observância das normas relativas a higiene, alimentação, instalações físicas e monitoramento previstos no Estatuto.
O difícil será passar pela Bancada da Bola. Não sabemos o seu atual andamento, mas já está nas comissões do Senado.
Com isso futebol de Pernambuco não teria promovido uma lambança na última segunda-feira, por conta de dois jogos na mesma cidade.
NOTA 3- AS COMMODITIES E O FUTEBOL
* O futebol brasileiro tornou-se um fornecedor de matérias-primas, para que sejam transformadas em produtos de qualidade. Os atletas jovens estão se transformando em commodities.
A situação financeira de nossos clubes impede que esses segurem as suas revelações, e assim obrigando a negocia-las. Tem a matéria prima nas mãos, mas não a utilizam por um tempo maior.
O futebol europeu vem descartando jogadores brasileiros com maior rodagem, dando preferência aos novos talentos, e mesmo assim clubes que não estão no seu nível maior.
Na janela de transferência do inverno foram realizadas transações de atletas jovens, mas que trouxeram bons resultados aos cofres de seus clubes, servindo para o equilíbrio de suas combalidas finanças.
A maior foi de David Neres, do São Paulo, que foi negociado por 15 milhões de euros, ficando o clube ainda com 20% dos seus direitos. Vai jogar no Ajax, time tradicional da Holanda, fora do TOP 10 europeu.
O tricolor tinha a previsão de arrecadar com vendas de jogadores em 2017, R$ 60 milhões, e somente com um recebeu R$ 51 milhões.
Um outro jovem atleta que foi negociado para o exterior foi Wallace, do Grêmio, para o Hamburgo, da Alemanha que está com as chuteiras no rebaixamento. O time gaúcho teve direito a 60% da transação.
O Flamengo também consguiu um bom negócio com a sua matéria prima, Jorge, que foi negociado para o Mônaco, da França, por 9 milhões de euros.
Toda história tem a sua moral, e essa é bem simples, países emergentes não tem condições de bancar os bons atletas formados em suas bases, faltam recursos para tal, e a única solução são as negociações.
Por outro lado a formação de atletas produz um bom retorno financeiro, quando é bem feita. Os cartolas não aprenderam essa lição.
Enquanto isso o futebol do Brasil vive na contramão da história, quando exporta matéria prima de qualidade, e importa produtos já depreciados, e se apequena cada vez mais.
NOTA 4- O EXEMPLO DO MOREIRENSE
* O Moreirense é um clube sediado na Vila Moreira do Conego, que faz parte do Conselho de Guimarães, uma das cidades mais importante de Portugal.
A Vila é um dos locais mais aprazíveis das terras lusas, com uma população de 5 mil habitantes, com um bom índice no seu padrão de vida.
Possui um estádio moderno, com excelente gramado boas instalações, que comporta 9 mil torcedores, quase duas vezes a população local, que é utilizado pelo Moreirense, que disputa a Primeira Divisão Nacional.
No final da semana o clube registrou o seu nome na história do futebol português, ao conquistar a ¨Taça da Liga Portuguesa¨, que é disputada entre os clubes das Primeira e Segunda Divisões.
Durante a competição superou equipes tradicionais, como Braga, o gigante Futebol Clube do Porto, e na final derrotou outro grande, o Benfica.
Um bom exemplo para times do interior do Brasil, que tem populações muitas vezes maiores do que a Vila lusa, mas não conseguem nada com o futebol. Em Pernambuco, Caruaru é um exemplo da inercia.
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