NOTA 1- COPA DO NORDESTE
* O primeiro chute da Copa do Nordeste aconteceu na noite de ontem com o jogo Náutico x Uniclinic-CE. A competição perdeu muito do seu encanto com um inchaço de clubes, alguns sem demanda.
Para que se tenha uma ideia, dos vinte clubes disputantes, oito não disputam as três maiores divisões do país, reduzindo em muito a sua qualidade.
O alvirrubro derrotou a fraca equipe cearense pelo placar de 4x0. Aliás, o time visitante não teve nada parecido com o que chamamos de futebol.
A Arena Pernambuco estava vazia, com um pouco mais de dois mil pagantes. Na realidade, pela qualidade do jogo foi de bom tamanho, já que o Náutico jogou sozinho. Foi um samba de uma nota só.
Na verdade é o que temos, e uma chance de um clube da região de ganhar um título, desde que em competições mais fortes isso é impossível.
Pelo menos tem o apoio da televisão, através do EI que mandará as imagens para o Brasil, mostrando que o futebol Nordestino ainda existe, mas com qualidade duvidosa.
NOTA 2- O PROBLEMA DO NOSSO FUTEBOL É A BOLA SINTÉTICA
* O técnico Gentil Cardoso, já falecido, trabalhou nos três clubes de nossa capital, e era conhecido por ser um bom frasista. Uma dessas faz parte da antologia do nosso futebol, quando numa orientação a um atleta afirmou:
A BOLA É DE COURO,
O COURO VEM DA VACA,
A VACA GOSTA DE GRAMA,
ENTÃO JOGA RASTEIRO.
Ao assistirmos a overdose de jogos do futebol inglês, vimos apenas um clube que não atendia essa orientação, o Stoke City, que tem como arma as bolas aéreas, inclusive com os laterais para dentro da área, que estimulou o nosso Cucabol. Os demais faziam a bola correr no gramado.
Por conta disso chegamos a uma simples conclusão, ou seja, o futebol brasileiro só era bom, tinha craques, quando a bola era de couro.
Depois que a modernidade assumiu com a bola sintética esse minguou, e tornou-se no que temos, uma mediocridade geral, onde os chutões e a bola pelo alto predominam.
Que volte a bola de couro.
NOTA 3- UM ALFABETO DEFORMADO
* O alfabeto que está sendo ensinado na formação de atletas no Brasil é totalmente deformado.
Assistimos diversos jogos da Copa São Paulo-SUB-20, com milhares de atletas participando, com diversos bichanos, e pouca qualidade. Destaques de verdade que vislumbrem um futuro melhor, bem raros, que não somam a um time de futebol.
O Brasil precisa entender que a salvação do esporte de chuteira está nas bases. Necessita forjar jogadores nos clubes do interior e no que resta dos campos de peladas.
Esses jogadores só são aproveitados nos períodos de vacas magras, como irá acontecer nessa temporada. Na hora em que a situação melhorar, tudo será esquecido.
Já não tínhamos condições de competição com a Europa, e agora com a China que transformou-se no novo eldorado, onde os dólares correm pelos rios, a situação ficou mais grave.
Há anos que pregamos no deserto, ao afirmarmos que a vida futura do futebol brasileiro está no trabalho de formação, mas que esse seja bem elaborado, entregue a profissionais do mesmo nível das equipes titulares, fato esse que não acontece na maioria dos clubes brasileiros.
Hoje um atleta da base torna-se um clone dos profissionais. Corte do cabelo, tatuagens, maneira de comemorar, e no final com relação ao trato da bola, muito pouco tem apresentado.
O investimento tem que ser feito nos fundamentos básicos. O que presenciamos são jogadores marcando a bola, cabeceando de olhos fechados, tratando-a com maldade.
Títulos nessas categorias menores nada valem, e sim o retorno que essas podem dar para o futuro das entidades.
Educação é fundamental, desde que abre os caminhos para a absorção dos ensinamentos. A diferença entre um jogador europeu e um brasileiro nas entrevistas, é de água para o vinho.
O atleta de hoje já anda com um agente à tiracolo. As arquibancadas desses jogos da Copa São Paulo ficaram abarrotadas desses personagens. Esses substituem os clubes que deveriam ter empresas de agenciamento dos seus próprios jogadores, com toda a orientação possível e comandada por profissionais sérios e competentes.
Na verdade o futebol brasileiro não tem uma previsão de um bom futuro por conta dos erros na formação, e na persistência de contratações equivocadas, que oneram os seus cofres, sem o devido retorno.
Formação no Brasil tem um único objetivo, o de fazer festa para os empresários.
NOTA 4- OS ESPORTES E O SURREAL
* O Rio de Janeiro continua lindo em sua geografia, e quebrado nas estruturas graças a uma politicalha da pior qualidade.
Os esportes não poderiam ficar de fora do contexto geral, e também sofrem por conta da falta de organização do setor.
O estado abrigou uma Copa do Mundo e uma Olímpiada, sendo essa última de forma recente, e apesar disso não tem equipamentos esportivos que possam abrigar as diversas competições.
Totalmente surreal.
No futebol o Fluminense jogou ontem a sua partida inicial da Primeira Liga na cidade mineira de Juiz de Fora. Sem contar com o Maracanã, que está abandonado, e por conta da queda da cobertura do campo que vinha utilizando, o Giulite Coutinho, teve que atuar longe dos seus torcedores. O Engenhão está entregue ao Circo para o jogo do seu time no dia de hoje.
No caso do Flamengo a situação é mais grotesca, com uma dose alta de um surrealismo tupiniquim, quando poderá enfrentar o Boa Vista pelo estadual Carioca na Arena das Dunas em Natal-RN, desde que o Botafogo não cede o seu estádio para o rubro-negro carioca. Coisas de uma briga de vizinhos por conta de uma manga.
Por outro lado os esportes olímpicos vem sofrendo com a falta de equipamentos, embora tenham dois palcos da maior qualidade, que foram ocupados pelo basquete e voleibol durante os Jogos Olímpicos. Há pouco um jogo do NBB foi adiado.
Que tipo de gestores públicos temos nos esportes do país? Certamente até uma criança não conseguirá entender esses desmandos.
Quando afirmamos que o Brasil tem que ser passado à limpo, certamente não estamos exagerando, e sim cobrando da sociedade uma posição que possa começar um processo de varredura, que deverá consolidar-se em 2018.
Lamentável.
NOTA 5- O ESPORTE INTERATIVO
* O Nordeste tem que agradecer ao canal de TV fechada Esporte Interativo, desde que pela primeira vez os seus clubes estão sendo apresentados para todo o país, através das transmissões de alguns campeonatos.
No último domingo assistimos dois jogos pelos estaduais do Rio Grande do Norte e Ceará, que por coincidência foram clássicos locais, entre América-RN e ABC, e Fortaleza e Ceará.
Os torcedores desses clubes em diversas regiões do país tiveram a oportunidade de assistirem os jogos dos seus times, que sempre passaram ao largo com transmissões apenas locais.
O futebol brasileiro precisa abrir as suas portas para outros canais de televisão, para que possa mostrar a sua cara nacionalmente, e projetar clubes que passam despercebidos durante a temporada, ajudando-os na divulgação de suas marcas.
Pelo menos uma coisa boa no reino da Dinamarca.