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Escrito por José Joaquim

A pobreza do futebol brasileiro é retratada na euforia pela conquista do título da Libertadores pelo Grêmio, que para as mídias tornou-se o salvador desse esporte no Brasil.

O time gaúcho fez por merecer, posto que é aquele que consegue jogar o melhor futebol do país no meio de tanta mediocridade.

Alternou a temporada com bons e péssimos jogos, inclusive na Copa Continental que não apresentou grandes times, e sim medianos.

Ontem ouvimos e lemos muitas coisas sobre a terceira conquista do tricolor dos pampas.

Estátua para Renato Portaluppi, que vai conquistar o título mundial de clubes, heróis, e que não perderá do Real Madrid, são os rescaldos do pós jogo.

Aliás a palavra herói é banal no futebol, e essa foi dita e repetida por várias vezes com respeito aos atletas do Grêmio, que na verdade são pagos para jogar.

O verdadeiro herói no Brasil é o cidadão que consegue sair de casa e voltar com vida.

O time gaúcho não será aquele que irá tirar o futebol brasileiro da UTI, desde que o conjunto da obra é bem negativo, com a queda de qualidade. Foi um fato isolado e com um treinador obcecado, um craque chamado Luan, que sem duvida é o melhor jogador do Brasil.

Na década de 60 existia um clássico mundial, que ganhava as manchetes do mundo, envolvendo Santos e Benfica, e o confronto de Pelé e Euzébio. Era o verdadeiro futebol. O Brasil era cantado em prosa e verso como o futebol arte.

Conquistou cinco Copas do Mundo, os jogadores eram idolatrados, e com um bom mercado no futebol europeu.

De repente, tudo isso foi jogado pelas laterais do campo, dando o lugar a um novo futebol que passou a vir da Espanha, Alemanha e Inglaterra.

A nova tática da valorização da bola adotada no Velho Continente, que vem desde as suas categorias menores até profissionais, não foram acompanhadas pelo futebol brasileiro.

Deixaram de lado a era da bola aérea e de defensores brucutus, modelo esse que foi importado por nosso país, onde os chutões e a ligação direta são peças fundamentais.

Os treinadores utilizam a tática INFRAERO. 

Não temos mais um meia armador de categoria para pensar o jogo. Hoje criaram um tal de 4.2.3.1, que proíbe as equipes de terem um jogo de qualidade.

Pelo menos o Grêmio não vestiu essa roupagem, e procurou inovar.

Em nosso país, a parte física derrota a técnica. Existe uma inversão tática, quem corre é o jogador e não a bola como deveria ser.

O que mais se reclama é o formato do seu Calendário. As carpideiras choram, mas nada é feito de concreto para modifica-lo.

Hoje o trabalho de nosso futebol é de curto prazo. O longo é uma palavra retirada do dicionário dos cartolas. No Europeu o treinador é mais longevo, no Brasil sempre é descartável a cada derrota, e tudo é reiniciado com a contratação de um novo.

O trabalho de formação é precário, e nos grandes clubes,  visa apenas preparar jogadores para o mercado europeu. São gados de engorda.

Existe uma regressão que acontece em todos os setores, quando profissionais não aceitam por empáfia as novas tecnologias, sempre com a filosofia de botequim de bar na beira de uma estrada, de que o Brasil não tem nada a aprender. 

Na verdade a regressão é latente.

Não temos técnicos diferenciados, poucos craques, dirigentes no modelo de Eurico Miranda, e uma imprensa que trata o futebol com humor.

O time gremista tem uma virtude, quando optou por uma competição, e acertou o alvo.

Renato Portaluppi poderia ser o ponto de ebulição na sua profissão, mas não tem o perfil para tal, posto que quando fica cansado com o sistema, pega sua bola de futevôlei e vai para as praias cariocas. 

Escrito por José Joaquim

NOTA 1- AVE CÉSAR!

* A segunda partida da semifinal da Copa Sul-Americana, foi igual ao desenho animado Tom & Jerry, com o Junior Barranquilla dominando, tomando conta do campo, e o Flamengo com um ônibus bem à frente de sua defesa se defendendo.

Apesar do domínio do time colombiano foi o rubro-negro que no seu único primeiro ataque abriu o marcador com um bonito gol de Felipe Vizeu que está aos poucos tomando o lugar de Paolo Guerrero.

Um pênalti favorável ao Junior no primeiro tempo não foi marcado pelo árbitro nem pelo árbitro de vídeo.

No segundo tempo foi ataque do Junior contra a defesa do Flamengo, e então apareceu o goleiro César, substituto de Alex Muralha que não jogava uma partida há quase dois anos, realizando várias defesas milagrosas, inclusive a de um pênalti que iria empatar a partida.

No final do jogo, nos acréscimos em um contra ataque saiu mais um gol do time da Gávea, mais uma vez de Felipe Vizeu, fechando o placar em 2x0.

Foi injusto para a equipe de Barranquilla, mas o Flamengo soube aproveitar a suas duas únicas oportunidades em gols.

Com essa vitória o rubro-negro da Gávea irá disputar a final contra o Independiente da Argentina.

Após o jogo os flamenguistas fizeram a reverência ao seu goleiro com um AVE CÉSAR!

NOTA 2- INFLUÊNCIA DO G8 NA LUTA CONTRA O REBAIXAMENTO

* O blog foi o único veículo entre todas as mídias que mostrou um fato relevante que não estava sendo apreciado e avaliado pelos sites de probabilidades.

Uma variante que estava ligada a conquista do Grêmio na Copa Libertadores, fato esse que aconteceu, e aumentou para 8 o grupo de acesso à essa competição.

Os quatro primeiros da tabela do Brasileirão já estão com as vagas garantidas: Corinthians, Palmeiras, Grêmio e Santos.

Com exceção do time alvinegro, os três restantes poderão modificar as suas atuais posições para obterem uma maior premiação.

Após o encerramento do jogo do tricolor gaúcho, a tabela passou a mostrar que a equipe do Botafogo (8º) entrou no grupo dos clubes já garantidos.

O Flamengo na 6ª colocação (53 pontos), e o Vasco na 7º (53), completam o grupo.

Encostados estão Chapecoense (51) e Atlético-MG (51).

Vitória e Coritiba só dependem dos seus resultados, enquanto Sport e Avaí necessitam de vitórias em seus jogos, e de derrota ou empate dos rivais.

O peso que atinge os cálculos matemáticos está nos encontros: O Vitória enfrenta em casa o Flamengo, que precisa dos três pontos para garantir a sua vaga na Copa, enquanto o Chapecoense irá receber o time do Coritiba na sua Arena, com uma necessidade de somar três pontos para superar o rubro-negro da Gávea da sua posição.

O grau de dificuldade desses jogos é muito maior do que o do Sport, que irá enfrentar o time misto do campeão Corinthians.

Embora com uma boa vantagem a de depender apenas dos seus resultados, o clube baiano e o catarinense jogarão com clubes que ainda almejam um algo mais na competição.

Por conta disso a situação ficou embolada, e os percentuais do Sport em relação aos do Coritiba e Vitória foram reduzidos, embora esse esteja na 17ª colocação, mas com um percentual não tão longe do Coxa e do rubro-negro da Bahia.

Uma embolada como essa deixou a lei das probabilidades sem uma garantia de 100% nessa luta contra a degola.

De uma coisa temos a certeza, a de que não existe vidente no Brasil ou no mundo, que possa ter uma definição sobre o assunto.

Até o Avaí com remotas chances, poderá fugir do carrasco da degola, dependendo da vitória e combinações de resultados.

Para o Sport só existe uma palavra: ganhar, e esperar os acontecimentos, mas na certeza de que ainda conta com chances de continuar na Série A de 2018.  

Quem viver verá.

NOTA 3- SÓ TITE NÃO ENXERGA

* O mais importante jornal esportivo da Argentina colocou na sua capa uma foto de Luan, atacante do Grêmio, comparando-o com um dos mais importantes jogadores do futebol portenho, Riquelme.

Foi só elogios, inclusive pela feitura do segundo gol gremista.

Luan foi escolhido como o craque do jogo da equipe tricolor e Lanús.

Apesar de ser reconhecido por todos que assistem os jogos do futebol brasileiro como o único craque em nossos gramados, só teve uma oportunidade de ser convocado por Tite para a seleção do Circo, que convocou por várias vezes Diego Souza, Tayson, Geuvânio, e outros menos cotados, deixando de lado esse jogador.

O título olímpico conquistado em 2016, só aconteceu quando Luan ingressou na equipe, e todo o país acompanhou.

O seu gol no jogo decisivo na Libertadores em Lanús, foi antológico, com a categoria de um verdadeiro craque. 

Até quando o técnico da seleção do Circo irá esquecer um jogador diferenciado, e uma raridade em nossos gramados? 

Só Freud poderia explicar.

NOTA 4- A ESCOLA DO PROFESSOR EURICO

* Modesto Roma Junior presidente do Santos deve ter frequentado a Escola do Professor Eurico, e aprendeu os ensinamentos sobre como ganhar uma eleição em um clube.

No final da próxima semana, o clube da Baixada Santista irá realizar o seu processo eleitoral, com três chapas na disputa, inclusive a do atual presidente que vai em busca de uma reeleição.

A lista dos votantes foi encerrada, e foi descoberto que nessas existiam 612 novos sócios que foram registrados no mesmo dia, muitos com endereços iguais, e e mails coletivos.

Algo bem estranho.

Somente de Piracicaba, foram colocados 350 novos associados.

Certamente o presidente santista aprendeu com o Professor Eurico as mumunhas de como ganhar uma eleição, e resolveu aplica-las no seu clube.

Esse é o retrato colorido do futebol de nosso país, quando eleições são forjadas para a manutenção do status quo dominante.

Já vimos muitas vezes em nosso estado.

Uma vergonha.

NOTA 5- PERGUNTAR NÃO OFENDE

* O Flamengo está cogitando em fazer um contrato de produtividade com Adriano, o Imperador.

Há anos que esse não joga, tem um sério problema no tendão, além das muitas noitadas e baladas. 

Vale a pena tentar algo com um profissional problemático, que já teve várias oportunidades e jogou-as fora?

Só a cartolagem rubro-negra poderá responder.

NOTA 6- ENFIM A TESTEMUNHA CITOU UM PAGAMENTO AO EX-EXECUTIVO DA GLOBO

* O advogado de Jose Maria Marin está jogando areia no ventilador na defesa do seu cliente.

A sua estratégia é a de jogar toda a culpa no recebimento de propinas em Marco Polo Del Nero.

Por conta disso solicitou de José Eladio Rodriguez, testemunha no processo, que decifrasse algumas planilhas de pagamentos, desde que existia uma com as letras MCP, que poderia ser de Del Nero.

Segundo Rodriguez, a sigla correspondia ao nome do ex-executivo da Globo Marcelo Campos Pinto, que segundo delação feita por esse, recebeu US$ 1 milhão de propina.

Finalmente algo apareceu com relação a esse cidadão, que de forma estranha foi afastado da emissora quando era o manda-chuva do setor de esportes, logo após estourar o escândalo da FIFA.

A Rede Globo não foi citada, mas o nome do atual presidente do Circo apareceu mais uma vez nas tratativas com Eladio Rodriguez.

Voltamos a afirmar que existe a necessidade de uma investigação em todos os contratos dos direitos de transmissão com os clubes do Brasil após o inicio das negociações individuais.

Temos a certeza de que irá aparecer um jabuti pendurado na arvore.

São coisas do futebol brasileiro.

Escrito por José Joaquim

NOTA 1- GRÊMIO CAMPEÃO

* Todos pensavam que o Grêmio vinha retrancado, inclusive o Lanús.

Foram enganados por Renato Portaluppi.

O time gaúcho colocou o seu esquadrão no campo do adversário, desnorteando-o, desde que não foi preparado para esse modelo.

No momento em que esse deu o seu espaço para a equipe portenha, foi para preparar o bote para os contra ataques.

O intento deu certo e o placar quando do encerramento da fase inicial marcava 2x0 para o Grêmio.

Obvio que no segundo tempo a equipe local iria partir para o ataque, e o fez, mas não conseguia chegar a meta gaúcha.

O Lanús teve um pênalti à seu favor, que aconteceu, foi convertido, e não conseguiu mais nada no restante do jogo.

Placar final de 2x1, justo para o tricolor gaúcho pelo que jogou na fase inicial.

A aposta do treinador gremista em priorizar a Libertadores, mesmo correndo o risco de ficar sem nada nas mãos, deu certo, e no final o troféu recompensou.

Um bom jogo, um excelente primeiro tempo, jogadores refugados que foram trazidos por Renato, deram  um retorno positivo.  

O clube gaúcho gastou R$ 10 milhões em contratações, menos do que o Sport.

São coisas do futebol.

NOTA 2- PÚBLICO ESTAGNADO 

* O futebol brasileiro na era dos pontos corridos nunca chegou aos 20 mil pagantes por jogo.

Por conta de tal fato, o Brasil não pode ser considerado como o país do futebol.

Nos 46 anos do Brasileirão, apenas em três anos a média de pagantes ultrapassou os 20 mil. 1980- 20.792, 1983- 22.853 e, 1897- 20.872.

De 2003 até 2017, a maior média foi em 2009, com 17.807 pagantes.

Esperávamos que a partir de 2014 com as novas arenas, o publico poderia aumentar, mas nesse período apenas em 2015, tivemos 17.961 pagantes, com uma queda em 2016 para 15.837 e 2017 que termina no próximo domingo com 15.902.

Na verdade, o publico está estagnado por um bom tempo, com um agravante de que os torcedores que frequentam os nossos estádios são os mesmos de sempre.

Poucas caras novas, e em especial de adolescentes.

Os que comandam o futebol brasileiro trabalham de forma passiva, sem um estudo aprofundado sobre o tema na busca de soluções.

Um fator que deve ser o que mais afeta é o exagero de jogos, que são motivadores para a opção dos torcedores que escolhem os melhores.

De uma coisa temos a certeza, perder para as Segundas Divisões da Inglaterra e Alemanha é vergonhoso.

NOTA 3- TESTEMUNHA APONTA O DEDO PARA MARIN E ENTREGA DEL NERO

* A testemunha chave do julgamento de José Maria Marin, colocou uma pá terra na defesa do cartola brasileiro.

Jose Eladio Rodriguez reconheceu o cartola brasileiro, e confirmou que lhe pagou propinas.

O argentino é apontado como o responsável pelos pagamentos realizados para os acusados pela Torneos Y Competencias. 

Durante o julgamento realizado na Suprema Corte de Brooklin, em Nova York (EUA), reconheceu os três réus do processo, entre eles Marin que se levantou para ser reconhecido pela testemunha.

O argentino perante os jurados, apontou o dedo para o ex-presidente do Circo como beneficiário de esquema de propinas.

Parecia a cena de um filme.

Segundo Rodriguez foi pago US& 600 mil (cerca de R$ 1,1 milhão) a Marin pelos direitos de transmissão da Copa América  e Libertadores.

Afirmou ainda que pagou a Marco Polo Del Nero, atual presidente do Circo, US$ 900 mil (R$ 2,9 milhões).

O interessante foi a declaração de que os dois andavam juntos, e não sabia quem comandava a entidade, pois Del Nero resolvia tudo.

E agora Del Nero?

NOTA 4- O CORINTHIANS TEVE A MAIOR MÉDIA DE PUBLICO

* O Corinthians bateu o recorde de média de público no Brasileirão, com 40.007 por jogo.

Rompeu a barreira de 40 mil, e colocou-se no atual ranking mundial na 41ª colocação.

O número de pagantes nos seus jogos totalizou 763.111.

Ficou acima da Juventus de Turim que lidera o ranking italiano, com 38.262 torcedores por jogo.

Em todas as partidas que foram realizadas na Arena de Itaquera, nenhum público foi abaixo de 30 mil.

Algo espetacular.

Por outro lado, a média corintiana ficou bem acima dos campeões do Brasileirão nos quatro últimos anos:

2013- CRUZEIRO- 28.876,

2014- CRUZEIRO- 29.676,

2015- CONTIHIANS- 34.150 e,

2016- PALMEIRAS -32.471.

Na verdade o alvinegro foi campeão de tudo.

NOTA 5- MUITO DINHEIRO E POUCO FUTEBOL

* O balancete trimestral do Flamengo mostrou uma Receita gigante, de R$ 529 milhões.

Os custos com o futebol chegaram a R$ 265 milhões, e um Lucro de R$ 156 milhões.

Tecnicamente um balanço perfeito, e que projeta uma despesa com o setor futebolístico no final do ano de R$ 340 milhões.

Apesar do volume de gastos é o clube mais equilibrado do Brasil, mas corre o risco de ter uma convulsão politica, desde que o único titulo que conseguiu foi o do estadual carioca, que na verdade não vale muita coisa.

Se não ganhar a Copa Sul-Americana e conseguir uma vaga para a Libertadores, tudo que foi feito pela sua administração irá correr pelo ralo.

O setor de futebol foi sem dúvida mal administrado.

NOTA 6- NINGUÉM SEGURA PEP GUARDIOLA?

* Pela segunda vez no final do jogo, o atacante Sterling dá a vitória ao Manchester City, com um bonito gol.

O adversário Southampton jogava bem e o placar era de 1x1.

O gol salvador do time comandado por Pep Guardiola chegou nos 50 minutos do segundo tempo.

Com esse resultado, o City completou 12 vitórias seguidas, 14 jogos de forma invicta, e com uma diferença para o Manchester United, 2º colocado, de oito pontos.

A pergunta continua: quem vai segurar Pep Guardiola. 

Escrito por José Joaquim

Os clubes nordestinos mais uma vez não fazem uma boa campanha no Brasileirão.

São apenas três participantes, Bahia, Vitória e Sport, com os dois últimos ameaçados de degola, e que pertencem a dois estados, numa região com nove unidades federativas.

O Bahia está na 11ª posição, livre da queda. É o máximo a ser alcançado.

Com a possibilidade de queda dos times do Sport ou Vitória, a região ficaria com um estado, mas o Ceará está de volta, ocupando o lugar de um dos degolados.

Muito pouco.

Somos meros figurantes, sem direito à fala durante o filme.

Os clubes jogam para a manutenção, sem nenhuma perspectiva de algo mais, e isso influência na captação dos investimentos, que os deixam na linha da pobreza, contemplados apenas com o programa tipo Bolsa Torcedor.

O prazer que o torcedor sente numa competição como o Brasileirão é de puro masoquismo, desde que vão aos jogos para torcerem contra a queda, nunca pela conquista de um resultado maior.

É impossível melhorarmos com pornográficas diferenças de receitas, e do tratamento que é dado as duas regiões que pertencem ao Brasil apenas no seu mapa geográfico.

Iremos permanecer nessa ilusão que temos futebol, quando na realidade somos figurantes que trabalham de graça em busca de uma pontinha, para serem descobertos pelos agentes.

Para que se tenha uma ideia exata do problema, no período dos pontos corridos, o Norte do Brasil participou com os clubes do Pará, nos anos de 2003, 2004 e 2005, que foi o último ano. São 12 anos sem a presença de um estado com imensa demanda.

Como os seus clubes poderão evoluir?

Se olharmos uma outra região que faz parte do Brasil, a Centro-Oeste, essa participou em média com apenas um clube em cada ano, e todos de Goiás. Brasília esteve apenas uma vez com o Brasiliense, que foi logo rebaixado.

No Nordeste, nenhum clube da Paraíba, Alagoas, Sergipe, Piauí e Maranhão. Do Rio Grande do Norte apenas em 2007, com o América-RN, rebaixado no mesmo ano, e hoje locado na Série D. Dai em diante o estado foi riscado do mapa do futebol nacional.

Na Bahia um revezamento entre o Vitória e Bahia, e poucas vezes os dois como nessa temporada. Nos anos de 2005 e 2006, o estado não teve representante.

A situação pernambucana á grave nesse século XXI.

Nos anos de 2003, 2004, 2005, 2010 e 2011 não contemplou nenhum representante. O Santa Cruz no período dos pontos corridos jogou apenas duas vezes, 2006 e 2016, e foi logo rebaixado). O Náutico esteve presente em 5 campeonatos (2007, 2008, 2009, 2012 e 2013). O Sport teve uma participação maior, com oito vezes (2007, 2008, 2009, 2012, 2014, 2015, 2016, e 2017.

O mais preocupante com relação ao tema, é que os dirigentes do futebol dessa região não acordaram, e continuam sendo submissos ao sistema medieval implantado pelo Circo, que não vislumbrou ainda o tamanho do país.

Na atual temporada ascenderam dois clubes do Sul (Internacional e Paraná), um do Sudeste (América-MG) e apenas um do Nordeste (Ceará). O Placar foi de 3x1.

Algo tem que ser feito através de um estudo mais aprofundado, para que se possa fazer algo por regiões que agonizam no futebol, e que tem demandas grandiosas de torcedores.

Qual a razão de não se repensar o número de clubes na divisão principal, e na Segunda?

O modelo europeu comporta bem com vinte clubes, desde que os seus países são dos tamanhos dos estados brasileiros, mas o Brasil é um continente, que no futebol insiste em viver no sistema autofágico que foi introduzido pela cartolagem.

Enquanto não houver uma revolução no setor, que possa afastar os donos do atual poder, iremos continuar assistindo cenas como a do último sábado, quando os torcedores do Sport vibraram com a vitória contra o Fluminense, que deu ao clube um alento para a fuga da degola.

Na verdade é muito pouco para o que merecemos.

Escrito por José Joaquim

* Por Amir Somoggi

Todos os anos se repete no Brasil: um ou mais times brasileiros começam a falhar nas competições e a torcida se revolta. O clima de paixão e amor é substituído por cobranças, agressões e até invasões aos Centros de Treinamentos.

Diferentes times, nas mais variadas cidades já passaram e vão passar por isso. Essa pressão dos torcedores pela falta de bons resultados em campo é a cara do futebol brasileiro.

É o que chamo da crise eterna dos times brasileiros.

Infelizmente no futebol brasileiro os clubes são apenas times com seus jogadores e comissão técnica. Muito diferente da Europa que são realmente clubes gigantes com os valores que vão muito além de títulos e gols.

Os mais desavisados ao lerem isso vão argumentar que a função de um time é ganhar pontos. Não os critico, já que não conhecem outra realidade.

A gestão dos clubes no Brasil é orientada para alimentar isso.

Nossos cartolas só sabem contratar e demitir, e somente pensam no jogo, ou na fuga do rebaixamento.

Os torcedores já se habituaram a isso e cobram com veemência bons resultados. Tratam os clubes como fossem obrigados a vencer, como se não houvesse outros tantos times tentando o mesmo. Frases como ¨acabou o amor¨, ¨vencer é obrigação¨, ¨jogadores mercenários¨ são as mais leves frases pichadas em muros de clubes pelo Brasil. Mesmo que recentemente tenham conquistados títulos importantes.

Os torcedores especialmente das torcidas organizadas tem essa mentalidade, de uma obrigação de conquistar títulos. E todos sabemos que isso não existe.

Esse cenário é um dos mais graves problemas. Os times precisam ganhar para lotar estádios, vender camisas, atrair patrocínios e ampliar o programa de sócio torcedor. E quando perdem ou tem um desempenho ruim, simplesmente não sabem o que fazer.

Todos os times do mundo passam por problemas em campo, mas nem por isso o negócio não prospera. E mais, há inúmeros exemplos de times pelo mundo que não conquistam títulos e seus estádios estão lotados, os patrocinadores despejam milhões todos os anos, os torcedores sempre compram produtos e o orçamento do time não é afetado pelos maus momentos em campo.

Isso ocorre, pois a gestão da marca e de todo o negócio não está associada diretamente aos resultados em campo. A ideia é fortalecer a conexão do torcedor, usando sua paixão pela marca do clube como combustível para que as receitas não caiam, mesmo com maus resultados em campo.

Os patrocinadores já demonstraram muito mais interesse em clubes que tem esse apoio incondicional do torcedor, do que simplesmente a conquista de títulos.

O caminho é trabalhar a paixão do torcedor sempre. Os projetos de marketing, comunicação devem ser constantes, criativos e antenados com outros valores, muito além do desempenho.

Essa é uma daquelas teses tão utilizadas no futebol europeu e que inexistem no futebol brasileiro. Infelizmente nossos cartolas e profissionais de marketing dos clubes não tem ideia do que estou falando.

Por isso sofrem a cada nova derrota e eliminação.

Obviamente que times campeões apresentam um crescimento de receitas. Por outro lado, simplesmente focar em bons resultados não cria essa conexão do torcedor com as marcas dos seus times.

O foco deve ser desvincular os projetos de marketing com os resultados em campo, exaltando a paixão do torcedor por seu clube.

Essa visão permite que caso haja títulos, os negócios sejam profundamente alavancados. É tão obvio que todos os clubes europeus o fazem, e por isso apresentam crescimento continuo.

Já aqui vivem essa montanha russa na gestão e na relação com seus torcedores.

* Amir Somoggi é administrador de empresas, formado na ESPM, especialista em gestão esportiva pela FGV, e pós-graduado em marketing pela Universidade de Barcelona.