Ao lermos as declarações feitas pelo empresário J.Hawila durante o julgamento de José Maria Marin na Justiça Federal do Distrito de Brooklin, New Jersey, sobre as propinas pagas a Ricardo Teixeira, ex-presidente do Circo do Futebol Brasileiro, e com citações sobre o réu, e também ao atual Marco Polo Del Nero, nos recordamos da rica história da Grécia, e de que Teixeira tem o perfil de um dos membros da mitologia grega, Sísifo, que era mestre da malicia e dos truques.
Por muitos anos o cartola dirigiu o Circo dos Foragidos com todos os poderes, um ditador. Pintou, bordou, de tudo fez um pouco.
Todos sabiam que aconteciam várias mutretas na entidade que dirige o futebol nacional, mas calavam-se por medo de represálias, ou através das benesses que não eram poucas.
O futebol brasileiro começou a sua queda ainda na gestão do nosso Sísifo, foi coroada mundialmente com os seus sucessores, que fazem parte das páginas policiais no lugar das esportivas.
Todos nós sabemos que não existe nada mais importante para um segmento, inclusive para o ser humano, do que a credibilidade.
Quando se perde esse atributo, o fundo do poço se aproxima. Foi isso que aconteceu com o apodrecido futebol brasileiro. O esporte da chuteira no Brasil encalhou nas prateleiras por falta de crédito.
Quem pode acreditar no que é feito na sua entidade maior? Nada mais parecido com o que acontece no país, que é negativado pelas agencias de risco, e com dirigentes sem credibilidade.
Todos os poderes são afetados.
Como podemos acreditar em cartolas que trabalham para os seus próprios interesses, e tem no clube uma escada para suas promoções pessoais?
Como podemos acreditar no setor de arbitragem que a cada rodada, com seus erros grotescos modificaram os resultados dos jogos?
Como podemos acreditar nas diversas competições em que os seus regulamentos são alterados ao bel prazer dos cartolas, ferindo os interesses dos torcedores?
Como podemos acreditar nas entidades do futebol do pais dirigidas pelos mesmos cartolas há décadas, como verdadeiros feudos, sem transparência, e com muitas caixas pretas a serem abertas?
Como podemos acreditar em um esporte onde a Confederação é milionária, as Federações ricas e os clubes pobres, alguns jogando com prejuízos, e com altos passivos.
Como podemos acreditar em um futebol, com clubes tendo prejuízos, devedores de milhões, com salários atrasados, e que vivem em outro planeta, como se nada estivesse acontecendo?
Como podemos acreditar em um segmento da imprensa esportiva, que é passiva perante as mazelas que acontecem, sem cobranças, como tudo estivesse correndo as mil maravilhas?
Vivem na Ilha da Fantasia.
Paparicavam o Sísifo Teixeira, continuaram com José Marin, e hoje fingem que Marco Polo Del Nero é o homem mais honesto do mundo.
Como podemos acreditar nesse esporte onde mais de 400 clubes são sazonais, que tem mais de 12 mil atletas desempregados no terceiro mês do ano?
Poderíamos fazer um tratado sobre esses fatos que consumiram a credibilidade do futebol brasileiro, e gostaríamos de citar mais uma: as negociatas com venda de jogadores, que conta muitas vezes com o apoio de alguns dirigentes, aliados aos agentes do futebol, que representam também o lado ruim desse esporte.
Os nossos Sífisos modernos, com as suas maldades e truques foram os responsáveis pela perda da credibilidade de um esporte que tinha uma forte demanda, e que hoje por conta dessa turma do mal foi sendo perdida.
As punições para essa cartolagem, obvio que uma delas é a cadeia, e outra como aconteceu com o nosso personagem mitológico, que foi a de empurrar cem vezes uma rocha até o alto da montanha, de onde retornava por conta do seu próprio peso.
Os Deuses quando o puniram foi com o sentido de mostrar que não há castigo mais terrível de que um trabalho inútil e sem esperança, e que rendeu muitos milhões aos seus bolsos e que estão sendo desovados no pagamento de advogados.
Pessoas com crédito conseguem até o impossível, e isso é o que falta em nosso futebol.
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