No dia 16 de agosto de 2014 escrevemos esse artigo sobre o Clube Náutico, mostrando as suas dificuldades na ocasião, e vamos republica-lo para mostrarmos que o alerta de nada serviu e depois de três anos tudo continua como dantes.
¨Um dos maiores pecados dos gestores do futebol brasileiro é o de acreditarem em projetos de curto prazo, que não levam a nada, que terminam sem retorno positivo.
Um clube hoje faz parte de um grande negócio que é a indústria de entretenimento, mas no Brasil do futebol poucos entenderam esse fato, e continuam com o trabalho açodado na busca de sucesso imediato.
A rotatividade dos cargos que são eletivos prejudica um trabalho à longo prazo. O entra e sai de dois em dois anos, ou pouco mais, de presidentes, carrega consigo mudanças de conceitos, de pessoas adeptas aos que estão assumindo, e o recomeço é procedido.
Falta uma espinha dorsal profissional, contemplada no próprio Estatuto da agremiação, ou então a separação do futebol do clube social, que poderia transformar-se em empresa. Os problemas seriam resolvidos.
Nos lembramos muito da situação do Clube Náutico Capibaribe, que tornou-se um produto do imediatismo de longos anos.
Sempre os que o assumem desejam a conquista de um campeonato, e os números estatísticos mostram que isso não acontece e nem irá acontecer.
Sem um projeto de longo prazo, pelo menos de 10 anos não existe a menor possibilidade de recuperação do clube, e ano após ano esse continuará caminhando em um túnel sem luz, e com um final bem previsível.
O que custa conversar com seus sócios, torcedores, patrocinadores, mostrando que esse irá proceder com uma reestruturação, e que títulos poderão demorar?
Simples, o torcedor irá entender, e a sua participação será bem maior, desde que sabendo do que está sendo realizado no clube visando a sua recuperação, esse dará o seu retorno.
Tivemos uma boa experiência pessoal no Sport Recife no ano de 1991, ao participarmos de um projeto de recuperação do clube, que estava tecnicamente falido. Deu certo, e apesar de alguns percalços na década de 2000, o sistema continua não tão bem como poderia ser, mas longe das dificuldades da época. Tudo feito com ampla transparência.
O Náutico pena há 49 anos, quase cinco décadas, sem grandes conquistas, com apenas sete estaduais. De 1968 a 1974 foram seis anos, e apenas uma conquista, de 1975 a 1984, foram 10 anos e mais um título, de 1985 a 1989 mais dois. A década de 90 foi a mais trágica, sem nada a comemorar, enquanto a de 2000 somou três campeonatos (2001, 2002 e 2004).
O que fizeram os seus dirigentes nesses longos anos?
Quais as análises que foram procedidas? Quais os projetos apresentados?
Os números eram bem claros, e mostravam que algo estava acontecendo, mas na verdade deixaram o barco navegar sem um destino certo.
Os ciclos bem espaçados nas conquistas de títulos influenciam na redução da demanda, na captação de novos torcedores e de sócios, menos receitas, menos visibilidade, menos patrocínios, e mais endividamentos para a sobrevivência.
Cada década que foi perdida representa uma linha na curva descendente, e isso aconteceu com clareza no Clube Náutico Capibaribe¨.
Que os alvirrubros reflitam sobre o tema.
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