Os casos de pedofilia no futebol estão se proliferando no Brasil, atingindo os jovens que estão tentando a carreira nesse esporte.
Há pouco vimos no Espirito Santo, um treinador de um time formador ser preso por conta de tal procedimento. Esse dirigia o 138 Unidos da Vila, time de futebol de Vila Velha, cidade desse estado.
Tal prisão nos motivou a uma análise sobre o tema, que na realidade está atrelado a base social do jovem que busca no futebol uma saída econômica para a sua família.
Hoje o esporte transformou-se não somente um sonho para aquele que o deseja praticar, e sim na própria e pura sobrevivência.
Com a experiência de anos acompanhando campeonatos de categorias inferiores, detectamos que aquele conceito de décadas atrás, em que os pais tinham pavor de ver o filho jogando bola, atualmente não é mais visto como um fator do descaminho, e sim como sobrevivência.
Nas observações feitas, constatamos que o jovem que procura um clube, ou as diversas escolinhas de futebol, traz dentro de si o sentimento e a esperança de toda a sua família, de muitos irmãos e pais pobres.
O esporte tornou-se um porto seguro, com um navio ancorado, em que o futuro atleta poderá dar uma melhor vida para os seus familiares.
Saem de casa cedo, acomodam-se em precários alojamentos, mas que para esses representam um avanço, posto que residem em lugares muitas vezes apertados e sem condições, e com a sua ausência é menos uma boca a alimentar-se e, quem sabe, no amanhã estará levando a comida aos seus entes.
Nesse momento ficam vulneráveis aos predadores.
Verificamos a ânsia que os pais acompanham os seus treinamentos, e muitas vezes promessas são feitas aos santos padroeiros, para que sejam aprovados no clube onde estão treinando.
Quantos bilhetes de recomendação chegam às entidades, encaminhando um futuro atleta, quantas mães levam seus filhos para os treinamentos, com o pensamento voltado para o futuro, que esses sejam profissionais e consigam dar-lhes uma melhor situação.
A escola é deixada de lado, para dar lugar ao esporte. A base social do nosso futebol motiva a falta de preparo intelectual dos atletas, que é notado nas entrevistas que são realizadas após os jogos, pois no anseio de se tornarem profissionais, abandonam tudo, casa, família e a escola, essa fundamental para a sua preparação.
No modelo americano, a educação é a base de tudo, a escola é que abre as portas para os atletas, mas no Brasil tudo corre de forma inversa.
Se tivéssemos uma educação com escolas públicas providas de praças de jogos, esses certamente teriam na base escolar o primeiro caminho, não a ilusão de uma escolinha, que de mil participantes aproveitam cinco, e os demais voltam para casa sob o manto da desilusão, assim como os seus familiares, que tinham a esperança de melhorar o padrão de suas vidas.
Falta uma orientação básica, inclusive nos próprios centros de formação, onde os jovens deverão ser orientados para a necessidade dos estudos, pois muitos não serão captados pelo futebol, e assim mesmo esse esporte é cruel, desde que a maioria de seus praticantes quando encerram suas carreiras ficam sem destino.
O São Paulo é um dos clubes brasileiros que une a escola ao futebol nas suas bases. Um bom exemplo.
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