A situação do Clube Náutico com jogadores em greve por conta dos salários atrasados, mudanças na diretoria do futebol e graves problemas financeiros é o reflexo de gestores que acreditam em projetos de curto prazo, que na verdade não levam a nada, e que terminam sem retorno positivo.
Um clube hoje faz parte de um grande negócio que é a indústria de entretenimento, mas no Brasil poucos entenderam esse fato, e continuaram com o trabalho açodado na busca de sucesso imediato. Falta-lhe uma espinha dorsal profissional que possa conduzi-lo por longo período, independente da rotatividade dos cargos diretivos.
O alvirrubro de Pernambuco é produto do imediatismo há longos anos. Sempre os que o assumem desejam a conquista de um título, e os números estatísticos mostram que isso não acontece e não irá acontecer.
Sem um projeto de longo prazo não existe a menor possibilidade de sua recuperação, e ano após ano esse continuará caminhando em um túnel sem luz, e com um final previsível. A situação atual é um aviso prévio do que irá acontecer.
O que custa conversar com os seus sócios, torcedores, patrocinadores, mostrando que esse irá proceder com uma restruturação, e que as conquistas irão demorar, e só chegarão quando a casa estiver arrumada?
Simples. Todos irão entender, e a sua participação será bem maior, desde que sabendo do que está sendo realizado no clube visa a sua recuperação, esse dará o seu retorno. Não existe sobrevivência para quem gasta mais do que arrecada. Essa é a regra número um no projeto de recuperação.
Temos duas experiências vitoriosas no Sport. No ano de 1973, o rubro-negro era um clube falido, com débitos vultosos, e de acordo com então presidente Silvio Pessoa, resolvemos colocar uma equipe juvenil para disputar o campeonato, e trazendo poucos jogadores de fora, com salários que pudessem ser quitados.
Divulgamos o trabalho para todos os seguidores do clube. Contratamos o treinador Cilinho, mostrando que não estávamos pensando em títulos, e sim na formação de um elenco para o futuro.
Deu certo, os Deuses do Futebol nos ajudaram e com um time simples, novo, chegamos a disputar o título estadual contra o Santa Cruz que tinha um grupo forte, um dos melhores de sua história.
Dois anos após o clube conquistava o campeonato.
Em 1991, participamos de um projeto de longo prazo para uma nova recuperação do clube, que estava também tecnicamente falido. Deu certo e apesar dos pesares, o sistema continua não bem como poderia ser, mas longe das dificuldades da época.
O Clube Náutico pena há quase cinco décadas, sem conquistas de grandes títulos, e com apenas sete campeonatos estaduais. De 1968 a 1974 foram seis anos, e apenas uma conquista, de 1975 a 1984, foram 10 anos e mais um título, de 1985 a 1989 mais dois. A década de 90 foi mais trágica, sem nenhum título conquistado, enquanto a de 2000, somou apenas três campeonatos (2001, 2002 e 2004).
O que fizeram os seus dirigentes nesses longos anos? Quais as analises procedidas? Quais os projetos apresentados? Os números eram bem claros de que algo de errado estava existindo, mas na verdade deixaram o barco navegar sem destino certo.
Os ciclos bem espaçados nas conquistas de títulos influenciam na redução da demanda, na captação de novos torcedores, com a redução de suas receitas, aumentando o endividamento que é feito na tentativa de sucesso, que não pode dar certo sem um projeto que possa criar uma curva ascendente.
Se permanecer como está não temos a menor duvida que em pouco tempo os alvirrubros estarão chorando sobre o leite derramado.
Nada acontece por acaso.
3 comentários Acessos: 704