Ao assistirmos ontem o programa Bola da Vez, da Espn, com o convidado Eurico Miranda, presidente do Vasco, ficamos convictos que o brasileiro ainda adora a cultura do salamaleque, oriunda do império.
Observamos tal fato nas entrevistas que são realizadas com personagens importantes, quando as perguntas efetuadas tem um único sentido, o de não desagradar.
Essa cultura é disseminada, e isso acontece no futebol e em outros esportes, nas entrevistas coletivas que são realizadas com dirigentes, profissionais dos clubes ou outras pessoas envolvidas no segmento.
Sem duvida o Brasil é o maior país ¨salamalequeiro¨ do mundo.
Nas coletivas, existe um certo receio de se questionar os personagens.
Quantas vezes sentimos o constrangimento quando uma pergunta mais profunda é realizada, levando aquele que está assim procedendo a fazer uma abertura cheia de salamaleques, quase pedindo desculpas pelo seu procedimento.
Na realidade, estamos citando um segmento que vive pressionado, desde que os dirigentes e profissionais detestam críticas, e quando uma pergunta sai do script preparado, a reação é imediata, chegando a intimidar quem ousou sair da linha programada. No final, quem ainda aguenta ouvir tais entrevistas, observa que foi uma festa de salamaleques.
Por conta disso, essas perdem o conteúdo. Esses só gostam de elogios e, do outro lado os torcedores recebem uma carga de fatos que não esclarecem os acontecimentos. Eles são divinos.
A vida de um jornalista esportivo não é fácil, inclusive com um mercado difícil com poucas opções, e além disso tem que contar com as pressões que são grandes, e ficam tolhidos de serem investigativos, e quando tentam são ameaçados.
Temos um caso pessoal sobre isso, embora não sejamos jornalista, fomos ameaçados de morte por conta de nossa participação em um programa esportivo. Essa é a triste realidade, imagine o que acontece com aqueles que vivem da profissão.
Dirigente esportivo tem suas raízes na Casa Grande, com o chicote nas mãos, destetando confrontos. O jornalismo politico e econômico é bem diferente do esportivo, desde que as criticas são formuladas, o sistema investigativo funciona, trazendo uma maior audiência por conta das verdades.
O futebol brasileiro vive na Ilha da Fantasia.
Estagnado, apequenado em relação aos grandes centros, e todos continuam felizes, e não conseguem ousar criticar os cartolas, pois poderão encontrar pela frente alguém que baixará um ato proibindo as suas presenças no clube, ou então um outro que tentará coopta-los, trazendo-os para o seu lado.
Falta ao futebol brasileiro um jornalismo que busque nas suas entranhas, que denuncie as suas mazelas, posto que somente assim esse esporte poderá sair do atoleiro em que se encontra.
Quando abordamos o tema nos lembramos de alguns personagens do jornalismo esportivo de outras épocas, que tiravam as noticias debaixo do tapete, como Geraldo Freyre, José Menezes, Amaury Velozo, Paulo Morais, Claudemir Gomes (esse último ainda na ativa no setor), e tantos outros cujos nomes fugiram da memoria, que nos seus trabalhos enfrentavam a todos com perguntas duras, éticas e pertinentes, e que deixavam os torcedores com o conhecimento de tudo que acontecia na realidade.
Existiam também como nos dias de hoje, os cartolas que se sentiam ofendidos, mas em uma outra mesa de trabalho tinham editorias que lhes davam o suporte necessário.
Os muçulmanos tão perseguido hoje por Trump, foram aqueles que deram origem a esse termo há centenas de anos, quando saudavam um visitante com ¨As Saalamu Aleikum¨, ou seja ¨Que a paz esteja contigo¨. O Brasil colônia mudou o sentido e a transformou em um beija-mão.
Bons tempos que não voltam mais.
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