O amigo Guilardo Pedrosa, visitante assíduo do nosso blog, em um dos seus comentários nos solicitou uma análise sobre a situação do Santa Cruz, em especial qual a perspectiva de futuro do clube.
Entendemos a sua preocupação desde que trata-se de um torcedor tricolor, mas a resposta para tal pergunta não é muito fácil de responder.
Os problemas do clube do Arruda são idênticos aos do Clube Náutico. Ambos sofreram por conta de gestões amadoras, com dirigentes apaixonados, com a emoção no lugar da razão.
No futebol, ou em qualquer gerenciamento esportivo, deve-se usar a razão. Usar a lógica, o bom senso. Os dirigentes chegam à beira da loucura, numa forma de amadorismo puro, gastam sem cobertura.
Não precisa ser um gênio para entender que uma parte maior do problema está situada na fonte de captação de receitas, que é representada pelo Brasileirão, com maiores recursos da televisão, dos patrocinadores e das bilheterias, e um maior número de sócios.
O Santa Cruz no período de 10 anos jogou apenas uma vez na Série A (2016). Passou por 3 anos na C, 3 na última divisão (D) e 3 na Série B.
Quanto ao Náutico, a situação é um pouco melhor, já que nesse período ainda atuou por 4 vezes na A, e 6 na B, sendo 2017, o quarto ano seguido nessa divisão.
Os prejuízos de tais performances foram exacerbados, os recursos captados por esses tornaram-se pequenos para as necessidades, e finalmente foi criada uma bolha que cedo ou tarde iria estourar, e tal fato é o que estamos presenciando no momento atual dos dois clubes.
Há 14 anos atrás demos uma entrevista ao jornal Folha de Pernambuco, em que afirmávamos que se não houvesse uma mudança radical no modelo de nosso futebol, no futuro só haveria espaço para dois clubes no estado, levando-se em consideração a demanda que estagnou durante esse tempo.
Os torcedores alvirrubros e tricolores não entenderam o recado, e acharam que estávamos diminuindo os seus clubes, fato esse que não era verdade, e o momento em que ambos atravessam sem um projeto para recuperação, tal fato poderá acontecer em um curto espaço de tempo.
Ou mudam o sistema, ou não irão escapar de uma fusão cedo ou tarde, a não ser que queiram viver com momentos de agonia para sempre.
O futebol é um negócio como outro qualquer. Tem na demanda o seu sustentáculo, e essa pode diminuir ou aumentar. A área metropolitana do Recife que passou por uma evolução econômica, hoje estagnou, e a sua economia poderá não atingir os três clubes.
Um ponto importante está explicado nas pesquisas sobre o futebol brasileiro, quando mostraram que Santa Cruz e Náutico captaram poucos torcedores jovens, fato esse que não é alentador para o futuro.
Na lógica do futebol, os mais jovens buscam aqueles com maior densidade nacional, e sem dúvida foi isso que aconteceu com essas duas agremiações.
Pernambuco tem um pouco mais de 4 milhões de torcedores distribuídos entres os seus três clubes maiores. Para efeito econômico é uma marca boa, mas pouco aproveitada, e com a gravidade sendo reduzida ano a ano.
No meio desses existem os simpatizantes que não participam de suas vidas, e que deveriam ser os alvos para que os destinos dos clubes sejam alterados.
Santa Cruz e Clube Náutico necessitam de gestores profissionais, competentes que possam projetar o futuro, com pés no chão, e sobretudo tendo o trabalho de formação como a base de tudo.
Trata-se de um projeto de longo prazo, mas com uma boa divulgação junto aos seus torcedores. poderá trazer bons frutos.
É preciso ter coragem para a sua implantação, e não ouvir os clamores de torcedores que não tem a visão real do que seja uma entidade esportiva.
Na verdade vivendo com atrasos salariais, com seus patrimônios sendo leiloados, e pouco público nos estádios, é uma demonstração de que o fundo do poço chegou, e só com um trabalho sério, e com a ajuda dos Deuses do Futebol a situação poderá ser revertida.
Como já afirmamos o futebol é um negócio como outro qualquer, e tem que ser tratado como tal, e não por torcedores apaixonados que deveriam ficar sentados nas arquibancadas.
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