Um consultor que faz análises dos balanços e balancetes dos clubes brasileiros nos solicitou informações sobre as nossas agremiações, desde que não conseguiu achar nada na internet e nos seus sites.
Tal fato coincidiu com uma entrevista do presidente do Santa Cruz, Alírio Moraes, em que esse coloca todos os problemas do seu clube, que nunca tinha sido explicitado nos seus balancetes mensais pela falta de publicação.
Infelizmente os dirigentes de nosso futebol odeiam a palavra transparência, pouco informam sobre o que acontece em seus intramuros, daí as dificuldades que esse estava encontrando para conhecer a vida financeira dos clubes locais.
Trata-se de algo parecido com cabelo de freira em tempos antigos, que ninguém conseguia ver.
O futebol do Nordeste, em especial o de Pernambuco, aplica o sistema adotado nas antigas mercearias de bairros, que representavam na época os nossos atuais supermercados. Os consumidores compravam os produtos durante a semana e mandavam colocar na caderneta, quando no seu final compareciam para acertar as contas.
Era um momento bem diferente do que acontece hoje, quando a palavra valia muito, e a relação entre as partes era totalmente correta. O mundo mudou, para melhor em alguns determinados segmentos, mas hoje os espertos tomaram o lugar daqueles que tinham a palavra como fiadora de suas compras.
Nos retratamos ao passado para compararmos a grande maioria dos clubes de nosso futebol, que vivem na época da caderneta, onde anotam os seus movimentos, que ficam apenas para o consumo interno. Ninguém tem conhecimento.
Falta o profissionalismo, sobretudo organização. Tornaram-se clubes de bairros, cuja contabilidade é anotada numa folha de papel.
Falta a transparência. A internet nos propiciou uma democratização e conhecimento, mas os clubes ainda insistem em esconder as suas atividades financeiras, mesmo contando com um site para tal.
Em nosso estado nenhum divulga mensalmente os seus balanços financeiros. Quando o fazem é apenas numa sala fechada, com a presença de meia duzia de Conselheiros que recebem duas folhas de papel sem explicações.
Os sócios e torcedores gostariam de saber os gastos com contratações, as folhas salariais, os custos do futebol, a antecipação de receitas, os endividamentos, mas não são atendidos. São alguns pontos que demonstram a falta de transparência.
Vivemos numa era da mais alta tecnologia, e obvio que não concordamos com esse tempo da caderneta, quando só duas pessoas sabiam do que acontecia, o dono da mercearia e o cliente.
Se houvesse a devida informação, casos como esse do Santa Cruz seriam detectados, e como consequência uma cobrança mais efetiva daqueles que se preocupam com o clube.
A única informação aparece no final de abril de cada ano, com a publicação do Balanço Geral, em uma página de classificados, e em alguns casos no site do clube, sem explicações, sobretudo quando os problemas já aconteceram.
Isso que escrevemos foi o teor de nossa resposta ao amigo consultor, o que lamentamos.
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